A MEDITAÇÃO REVELA E CURA

09/08/2010 21:34

O Grupo de Jovens da CACEF nos convida para a Meditação. E para tanto, traz um texto que procura distinguir meditação de relaxamento. As conseqüências dela podem (apenas pode, em pessoal)nos trazer um relaxamento, mas a sua prática deve ser pautada na atenção.

Afinal, a meditação se destina para o reconhecimento de nós mesmos, não sendo possível qualquer tipo de conhecimento sem a devida atenção. Mas o Ministério da CACEF J adverte: é só atenção pessoal, e não Stress, tensão, PREocupação.

Apenas encarem como um momento em que todos se ocupam de si mesmos.

 Que a prática continue e as qualidades despertem cada vez mais.

 

 

A MEDITAÇÃO REVELA E CURA 1

Thich Nhât Hanh 2

 

O estado de paz e relaxamento que alcançamos quando sentamos com a mente alerta difere fundamentalmente do estado de indolência e semiconsciência de quem descansa ou dormita. Sentar para meditar em tal estado de indolente semiconsciência, longe de estar alerta, é como estar sentado dentro de uma escura caverna. Quando sentamos com a mente alerta, não apenas nos sentimos descansados e contentes mas também superdespertos.

 

Meditação não é evasão; é um sereno conforto com a realidade. Para praticá-la a pessoa precisa estar alerta como o motorista de um carro: se não estiver desperta, ela será arrastada pela dispersão e esquecimento, exatamente como o motorista desatento pode ser levado a causar um grave desastre. Você deve estar alerta, como alguém caminhando desarmado por uma floresta de espadas. Você deve ser como o leão que avança com passo vagaroso, brando e firme. Somente com essa total vigilância é que você poderá alcançar o despertar.

 

Para os principiantes, recomenda-se o método de simples reconhecimento. Eu disse que esse reconhecimento deve ser feito sem julgamento: tanto a compaixão como a irritação devem ser recebidas, reconhecidas e tratadas com absoluta igualdade, pois elas são nós mesmos. A tangerina que estou comento sou eu mesmo. A mostarda que estou plantando sou eu mesmo, eu planto com todo o coração e toda alma. Eu limpo esta chaleira com a mesma atenção com que daria banho no bebê Buda. Nenhuma coisa deve ser tratada com menos cuidado do que outra. Para a mente alerta, compaixão, irritação, planta de mostarda, chaleira, todos são iguais, todos são Budas.

 

Quando estamos dominados por tristeza, ansiedade, ódio, paixão, ou seja o que for, podemos achar difícil praticar o método de simples observação e reconhecimento. Nesse caso é melhor se voltar para o método de meditar num objeto fixo, usando o próprio estado mental em que se encontra como objeto de meditação. Essa meditação revela e cura. A tristeza, ansiedade, o ódio ou a paixão, sob a mira da nossa concentração e meditação, revelam sua própria natureza. E a revelação leva naturalmente à cura e emancipação. Se foi tristeza a causa de sua dor, use-a como meio para libertar-se da tortura e do sofrimento. Chamamos isto: usar um espinho para remover um espinho. Devemos tratar da nossa ansiedade, dor, ódio e paixão, com brandura, não resistindo, mas vivendo com eles, fazendo as pazes com eles, penetrando em sua natureza através da meditação na interdependência. O praticante imaginoso sabe como selecionar o tema de meditação que tem o poder de revelar e curar.

 

Meditar nesses temas, no entanto, só poder ter resultado se tivermos um certo poder de concentração. E este poder, como já foi dito, é adquirido através da prática de alertar a mente na vida diária, observando e reconhecendo tudo o que está acontecendo conosco.

 

O objeto da meditação deve ser algo com raízes em você mesmo; não pode ser apenas um tema para especulação filosófica. Deve ser como certo tipo de comida que precisa ser cozida por longo tempo no fogo. Coloca-se o ingrediente na panela, que é coberta com uma tampa, e acende-se o fogo. A panela somos nós mesmos, e o calor usado para cozinhar é o poder de concentração. O combustível vem da contínua prática de alertar a mente. Sem o necessário calor, a comida não cozinhará nunca. Mas uma vez cozida, ela revela sua natureza e nos ajuda a chegar à libertação.

 

[1] Thich Nhât Hanh. Para Viver em Paz – O Milagre da Mente Alerta. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 1999. P.78-80.

 

[1] Monge budista nascido no Vietnã em 1926. Aos 16 anos iniciou sua vida religiosa no zen budismo. Poeta e ativista pela paz, durante a guerra no Vietnã renunciou ao isolamento para ajudar seu povo e, desde então, tem sempre dado a prática religiosa um empenho social e político pela paz.

 

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