CARINHO: PRA QUE ECONOMIZAR?

27/08/2010 09:13

O momento de luz desta sexta, continuando com o enfoque psicológico, volta sua atenção para o CARINHO.

O importante é pararmos um pouco as nossas atividades para refletirmos o porquê de nos termos feito assim. Aliado ao exercício diário da prática do carinho, nós podemos construir uma vida mais agradável, mais repleta de sentimento e mais solidária.

Que este texto ilumine a nossa atenção por carinho e a nossa vocação em sermos carinhosos, caridosos.

 

CARINHO: PRA QUE ECONOMIZAR?

 

Kátia Ricardi de Abreu

Psicóloga, Psicoterapeuta Analítica Transacional, Facilitadora e Escritora.

 

Ouve-se e observa-se tantas pessoas dizendo ou demonstrando estarem carentes. Muitos chegam a adoecer por falta de carinho.

Por que será que isto acontece? Se o carinho entre as pessoas fosse manifestado com mais freqüência e intensidade, será que haveria tanta gente carente? Haveria tantos problemas de relacionamento?

Roberto Shinyashiki, em seu livro "A carícia essencial" (Editora Gente, 1988) afirma que "se uma criança recebe estímulos positivos, ela se sentirá bem e os outros ao seu redor também assim se sentirão". Porém, se ela não recebe as carícias de que necessita, "começará a experimentar condutas até descobrir as que os pais valorizam. Poderá passar a ficar doente, a fim de receber carícias de lástima ou ser "boazinha" eternamente ou se tornará rebelde".

Algumas pessoas economizam carícias verbais como: "eu gosto de você", "eu te amo". Justificam dizendo que "isso é babaquice" ou "o importante é demonstrar".

Claro, mas por que não demonstrar e também verbalizar (falar)?

As carícias verbais são muito potentes e necessárias em qualquer relacionamento e muitas pessoas, sem perceberem, foram treinadas desde crianças a economizar carícias verbais, com justificativas para encobrir a dificuldade pessoal de verbalizar o que sentem: "se eu ficar falando, vai perder a graça, só falo em ocasiões muito especiais"; "ele(a) vai ficar convencido(a), não posso ficar dando muita moral";"ele(a) me conhece, sabe que eu gosto dele(a), não preciso ficar falando", são falsas crenças que levam as pessoas a economizar carinho, tornando o relacionamento cada vez mais escasso.

Certa vez, uma mãe procurou-me para orientá-la sobre seu filho, que estava lhe "dando muito trabalho". Entre outras coisas, perguntei se ela se lembrava qual foi a última vez que ela abraçou seu filho carinhosamente. Após refletir um pouco, esta mãe começou a chorar, dizendo que não se lembrava de ter abraçado seu filho nem mesmo no dia do aniversário dele. Conta ela, que fez uma festa linda, mas teve dificuldade de dizer: "eu te amo, que bom que você existe", ou qualquer manifestação direta de seu afeto.

Não economize carinho: dê os carinhos que você quer aos outros e a si mesmo(a); peça os carinhos que você necessita; aceite os carinhos que você gosta e recuse os que você não gosta.

Não receber carinho, dizia Eric Berne, psiquiatra canadense, "faz secar a espinha do indivíduo".

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