VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (3)

05/08/2010 10:44

Dando continuidade ao estudo da vivência mediúnica (2) apresentada na semana passada, o texto de hoje procura analisar a conjuntura social da época, bem como os reflexos dela na atitude do envolvidos.

O estudo da patologia psíquica envolvida nestes casos nos leva à reflexão da continuidade e interligação do mundo físico com o “mundo sutil”, o “mundo espiritual”.

Continuemos, portanto, aprendendo com a nossa vida e com experiências alheias, como as relatadas, para o desenvolvimento da NOSSA QUALIDADE.

 

 

VIVÊNCIAS  MEDIÚNICAS (3)

 

 

 

Na história do casal, que chamarei de Maria Helena e Guilherme,  podemos observar várias dimensões da natureza humana. 

Podemos significar a ambiência física,  a situação histórica-política da época e seus aspectos sociais, para nos auxiliar a contextualizar os fatos ocorridos.

Na idade média, também chamada de idade das trevas, na região da Europa, haviam muitas disputas por feudos: terras com os trabalhadores rurais, seus animais e sua colheita. 

 

Os trabalhadores da terra e os artesões que iam surgindo nas aldeias e cidadelas pagavam impostos pesadíssimos aos senhorios.

Aos nobres, cabia a proteção do seu feudo e os impostos.

Com a chegada do catolicismo reinados, muitas vezes imposto por disputas e guerras, foram se estabelecendo e, com eles, o clero também foi se organizando e politizando.

Apenas os nobres tinham acesso a uma educação como um sistema formal de ensino, majoritariamente ministrado por religiosos. 

Todos tinham antigas tradições religiosas que eram próprias da cultura local, formavam um conjunto de idéias, de normas e comportamentos,  cuja prática, com a mudança estamental da sociedade, foi proibida.

Em muitas poucas gerações, todo esse “conhecimento antigo” foi se perdendo e, do vazio da ignorância, nasceu o medo.

Se antes um grupo tinha um líder para se aproximar, se aconselhar e o defender, agora, passou a ter um líder cada vez mais distante, tanto material quanto espiritualmente.

Nesse ínterim, surgiam doenças infecto-contagiosas que se alastravam rapidamente devido à falta de higiene. Em vários episódios, a “peste” matava milhares de pessoas em pouco tempo.

Não havia conhecimento médico formal e muitas das práticas de uma medicina natural, com ervas e plantas, eram tidas como apócrifas, como magia.

Poucos séculos depois, essas práticas retornaram aos mosteiros, e os primeiros “remédios”  obtidos a partir de plantas então foram aceitos.

Sabemos hoje que muitas dessas infecções atingem, também, o sistema nervoso central, e podem provocar lesões como meningites e encefalites.

Os  sobreviventes das doenças citadas, muitos, tinham sequelas graves, com distúrbio de comportamento e psicoses orgânicas.

Caso de muitos “loucos” que vagueavam pelas cidades, mendigando; suas famílias tinham sido dizimadas ou simplesmente eram abandonados.

Possivelmente, Maria Helena teve uma psicose orgânica, e entrou para o mundo espiritual nesse estado: sem conexão com o divino, sofrida e solitária.

Seu cérebro perispiritual, carregado das impressões físicas, trabalhava com suas últimas memórias.

Dessas lembranças, a mais significativa era a de Guilherme,  representando para ela  carinho, cuidado, doçura, daí fixar seu pensamento, a mono idéia, de conservá-lo por perto, como uma relíquia (crânio) que plasmou no mundo espiritual.

Relacionava “felicidade” ao seu amado para justificar seu apego.

Para ela, a noção de tempo não existia, como se esperasse um “fim dos tempos”!

A postura de medo e agressividade de Maria Helena, na realidade, era defensiva, pois foi assim que sobreviveu encarnada por alguns anos.

Daí mantida a mesma postura no umbral: de fuga à aproximação e de desconfiança.

Esse encarceramento foi se diluindo ao longo de alguns séculos, permitindo a assistência dos bons espíritos, uma vez que já estava cansada e menos resistente.

Recomendo para os interessados no contexto histórico-social, a leitura do livro ou que vejam o filme “O nome da Rosa”.

Certamente os que o assistiram ou leram irão agradecer, como eu, aos bons espíritos que nos inspiram e apóiam nos processos evolutivos do planeta.

 

Os aspectos emocionais que permeiam essa história ultrapassam esse “onde e quando”, são maiores, um pouco mais complexos, além de completamente atuais.

 

Mas, falaremos disso na próxima semana, da promessa, do “para sempre”, do sentido da palavra compromisso.

 

No mais, MUITA PAZ, para todos nós.

 

 

Francesca Freitas

03-08-2010

 

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