"NÃO QUERO MAIS A CEGUEIRA E SIM A LUZ"
Sentada em seu banco de prata, rodeado por seu belo jardim, não pôde enxergar o que realmente acontecia ao seu redor. Somente após um longo período de dor e sofrimento, o espirito que compartilha conosco suas experiências abre-se amorosamente para si mesmo e, diante da misericórdia divina, encontra seu caminho.
Não quero mais a cegueira e sim a luz, mensagem que nos convida a refletir sobre as verdades que guiam nossas vidas, por acreditarmos ser o caminho certo a seguir.
Ensina-nos a reconhecer nossas faltas e corajosamente seguir um novo rumo. A não viver na culpa e sim assumir as responsabilidades de nossos atos. A aprender com nossos erros e fazer diferente.
Que aprendamos no dia de hoje.
Boa reflexão!
Andréa
"NÃO QUERO MAIS A CEGUEIRA E SIM A LUZ"
DEPOIMENTO DE UM ESPÍRITO
Que a paz de Nosso senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês.
Esperei muitos anos por estar junto a vocês neste momento. Fico feliz que este dia tenha chegado.
A misericórdia divina é sábia e dirige-nos acertadamente pelos caminhos que devemos seguir.
Por longos anos, estive aprisionada em meus pensamentos, em um mundo enlameado, coberto de trevas e sofrimentos. O mundo que eu achava merecer.
Coberta pela luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, hoje, posso abrir meu coração e compartilhar minhas experiências.
Bendito somos nós quando amigos (espirituais) iluminados ouvem nosso chamado e vêm ao nosso auxílio. Foi assim que ocorreu comigo.
Sentada, diante da escuridão, a espera dos meus, que acreditava virem me buscar, fiquei por longos anos. Esperava por um socorro que não tinha porque vir, pois eles, meus familiares (irmãos, filhos, marido), encontravam-se na carne.
Porém, desconhecendo a vida após a morte, debruçava-me sobre meus pensamentos, no pesar do abandono e da ingratidão.
Chorava por medo, por raiva, por solidão. Desacreditava no amor divino, que acreditava ter me abandonado.
Sofri as consequências dos meus próprios atos enquanto vivia na terra. Egoísta e materialista pensava somente nos meus. Acreditava que a família vivia debaixo de minhas asas e a ela precisava ser preservada perante qualquer outro, ou seja, o outro somente servia-me quando podia satisfazer-me e a minha família. Até os amigos eram descartáveis e sem importância, porque o que realmente importava eram os meus.
Vivia para eles e a vida corria ao redor de nós. O mundo só girava para nos fazer feliz. Ajudei primeiro, a meu pai e, depois, a meu marido a construir uma fortuna.
Vivia voltada para a riqueza, o bem estar e o prazer. Quando me vi ali, sentada, num banco de prata rodeado de flores provindas do meu gracioso e bem cuidado jardim que estava isolado, diante de uma multidão suja e fedorenta que teimava invadi-lo. Gritavam-me palavras de baixo calão. Revoltada, indignada, fechava meus olhos após gritar de fúria e pedia ao Vosso Deus justiça. Se é que Ele existia.
Envergonho-me destas palavras que saíam de minha boca e do meu coração. Um grito sufocado de ódio que questionava o poderoso Deus, somente de vocês, das dores que sofria.
Onde verdadeiramente estava? Confusa, não compreendia minha sorte. Meu lindo espaço estava descuidado. Colocada no meio de um espaço sujo e fedorento, com tantos diferentes de mim ao meu redor. Passei toda minha vida, protegendo-me de algo tão feio e deplorável quanto aquele momento.
O choro de raiva e de dor e o grito de ódio foram tornando-se desespero e súplica. Já não suportava mais tal situação de crueldade. Um dia, chegaram mais perto. Quase a me tocar. Então apavorada escondi-me debaixo do banco e supliquei ajuda. Lembrei-me de vozes e rostos de subordinados. Pedi perdão.
Um feixe de luz surgiu por cima de meus ombros, aquecendo-me o coração. Diante de mim, surgiu um homem com trajes simples e extremamente iluminado que me estendeu a mão, fazendo-me o convite de segui-lo.
Levantei-me e fui ao seu encontro, respondendo ao seu lindo e mágico sorriso, acompanhei-o. Levou-me para um lugar indescritível e senti-me como nunca havia me sentido antes. A paz daquele lugar invadiu o meu ser e renovou-me. Porém, os demais dias que se seguiram não foram fáceis.
Como é difícil compreender e aceitar a verdade. Mudar ideias e sentimentos. Por muito tempo desacreditei que havia mais na vida do que tudo que possuía através do meu esforço e dinheiro. Desconhecia o amor de Deus e sua Lei que nos leva ao infinito, a vida verdadeira após a morte. Diante de tantos novos e diferentes conhecimentos deprimi.
Passei alguns anos trancada dentro de mim. Primeiro, na cama desacordada, depois, tal qual um sonâmbulo, vivendo como desacordada.
Tempos difíceis, porém necessários. Pouco a pouco fui recobrando a consciência da verdadeira família e dos meus. A grande família que havia deixado há tempos remotos na vida estrelar. Ciente das dores da saudade, encontrei-me com eles. Alguns que, no primeiro momento, não conheci. Entreguei-me ao seu amor. Depois de lindos momentos adoeci. Lembrei-me da família que deixei, da culpa de não ter cumprido a missão de ter-lhes ensinado o que é certo e do medo que sofram da mesma forma que eu sofri.
Porém, desta vez, rodeada de amor e luz, não demorei a levantar-me. Somente alguns poucos anos se passaram quando resolvi entregar-me ao amor.
Voltei-me para os pequeninos e ofereci-lhes meus cuidados. Desta vez, lúcida e forte consegui enfrentar o passado e deslanchei rumo à felicidade.
Meu choro, agora, era de emoção, de alegria pela nova vida que conquistava e pela saudade saudável que envia luz que parte do coração.
Sempre disse aos meus filhos que o trabalho dignificava o homem. Aqui aprendi que o trabalho feito com amor e, principalmente, para o próximo é que verdadeiramente dignifica o homem, aproximando-nos da honra de poder receber o amor de Deus.
Ficai em paz.
Que a luz de nosso Senhor Jesus Cristo os ilumine.
Agradeço a escuta e a oportunidade de me fazer ouvir e falar sobre as vitorias que alegram meu coração e mantém-me no caminho certo.
Hoje não mais me envergonho de falar sobre quem fui e dos erros que cometi, pois confio e agradeço a misericórdia divina. E reconheço que estas lembranças me impedem de cometer novos erros.
Não quero mais a cegueira e sim a luz.
Que Deus vos abençoe.
Madame Ju.
15.11.11