A FLOR DO MARACUJÁ
Mais segunda de poesia. Boa semana a todos.
A FLOR DO MARACUJÁ
Catulo da Paixão Cearense
Encontrando-me com um sertanejo
Perto de um pé de maracujá
Eu lhe perguntei:
Diga-me caro sertanejo
Porque razão nasce roxa
A flor do maracujá?
Ah, pois então eu lhe conto
A estória que ouvi contar
A razão por que nasce roxa
A flor do maracujá.
Maracujá já foi branco
Eu posso até lhe jurar
Mais branco que caridade
Mais branco do que o luar
Quando a flor brotava nele
Lá prós confins do sertão
Maracujá parecia
Um ninho de algodão.
Mais um dia, há muito tempo
Num mês que até nem me lembro
Si foi maio, si foi junho
Si foi janeiro ou dezembro
Nosso senhor Jesus Cristo
Foi condenado a morrer
Numa cruz crucificado
Longe daqui como o quê
Pregarão cristo a martelo
E ao ver tamanha crueza
A natureza inteirinha
Pôs-se a chorar de tristeza
Chorava flores nos campos
As folhas e as ribeiras
O sabiá também chorava
Nos galhos da laranjeira
E havia junto da cruz
Um pé de maracujá
Carregadinho de flor
Aos pé de nosso senhor.
O sangue de Jesus Cristo
Sangue pisado de dor
Nos pé dum maracujá
Tingia todas as flor
Eis aqui seu nobre moço
A estória que eu vi contar
A razão porque nasce roxa
A flor do maracujá.
ACA