A LUZ DA AMIZADE
“É com grande alegria que retorno, esta semana, para conversarmos sobre meu amigo João. O menino homem ou homem menino que penetrou em minha vinha, transformando-me em um ser melhor”.
Assim, Gregório inicia o texto que compartilha conosco esta semana. Refere-se ao amigo apresentado na última terça, no Momento de Luz, e ressalta a luz que uma amizade verdadeira transmite em nossas vidas.
Caminha do individual ao coletivo, do ser a sua relação com o outro. E descreve, durante este percurso, os instrumentos que facilitarão esta caminhada.
Instrumentos fornecidos pelo Pai. Presentes em nós e no outro, compartilhando como acessá-los e utilizá-lo a favor de nosso crescimento individual e coletivo. Fala-nos da fé, da verdade de ser, fazer e relacionar-se consigo e com o outro.
Fala-nos de amor. Amor de Pai. Amor de amigo. Amor por si mesmo. Amor por uma busca que começa dentro de nós e se expande ao outro, permitindo que andemos juntos, em busca da casa do Pai.
Por fim, para amplificar a reflexão, indico o capitulo XIX, do Evangelho segundo o Espiritismo, A Fé Transporta Montanhas. E presenteio-os com dois pedacinhos deste capitulo.
“Entretanto, o Cristo, que operou milagres materiais, mostrou por estes milagres mesmos, o que pode o homem, quando tem fé, isto é, a vontade de querer e a certeza que essa vontade pode obter satisfação”.
“Repito: a fé é humana e divina. Se todos os encarnados se achassem bem persuadidos da força que em si trazem, e se quisessem pôr a vontade a serviço dessa força, seriam capazes de realizar o a que, até hoje, eles chamaram prodígios e que, no entanto, não passa de um desenvolvimento das faculdades humanas”.
A fé presente dente dentro de nós, no aproxima de quem a nos ofertou, o Pai. É preciso, somente libertá-la. Deixá-la ser, agir, vivenciá-la.
Boa reflexão!
Andréa
A LUZ DA AMIZADE
É com grande alegria que retorno, esta semana, para conversarmos sobre meu amigo João. O menino homem ou homem menino que penetrou em minha vinha, transformando-me em um ser melhor.
Ensinou-me a simplicidade do dizer. Ora pelo olhar, ora por uma pequenina imagem, conseguia transcender seu ser, suas ideias e sentimentos.
Ensinou-me, então, que no rebuscar da escrita poderia desaparecer o essencial. O conteúdo significante que atingiria o amago do ser, ao qual a mensagem se propunha a atingir.
Após sua presença, meus textos ficaram mais simples, porém, muito mais significantes. Agora tinha a capacidade de transpor de mim, o que havia captado e mobilizado minha alma a reflexão, de forma mais verdadeira, mais intensa e profunda, por, simplesmente, permiti-la viver e deixá-la partir.
Diferente de quando comecei. Quando necessitava encontrar todas as perguntas. Envolver a todas em reflexões. E encontrar, rapidamente, todas as respostas. Entre cólicas, surtos de ansiedade, a até mesmo chegar ao desequilíbrio energético.
Era descrito como curioso exagerado extremo. Passava horas a fio a buscar a história. Mais horas ainda a contemplá-la, digeri-la, captá-la. E mais outras horas a transpô-la de mim para meu querido leitor.
Impressões ainda trazidas da última permanência na Terra. As angustias do fazer bem feito, ao preço do meu equilíbrio energético, mental e físico. Quantas vezes adoeci, e de cama fiquei ao trabalhar numa matéria para o jornal!
E de quando, reunidas ao medo de abobrinhas escrever. Dos críticos as julgar. Dos remetentes a enraivar. Tudo isto me causava um impulso enorme de continuar, continuar exaustivamente e não parar de escrever. Diria hoje, uma louca obsessão.
Percebi, durante minha doce amizade com o pequenino grande, que mantinha todas estas “idiotices” ainda comigo. Sim idiotices! Se eu tinha o que informar, se eu fazia com afinco e com amor, se eu utilizava com responsabilidade os instrumentos que o Pai me enviou, por que o medo, por que a ansiedade, por que a dúvida?
Meu querido amigo ensinou-me a ter fé. Não a fé que eu praticava na vida terrena, em que, simplesmente, olhava para alto ou para o altar, e dizia: Pai eu confio em você.
Mas a fé que professo hoje. Que me faz acreditar em quem eu sou. Porque foi ele quem me fez assim. Que me faz entregar o meu sentir e fazer, na confiança que ao segui-lo, estarei fazendo o meu melhor.
Fé que posso chegar cada vez mais longe, degrau por degrau, ao objetivo maior de estar ao Seu lado, sem pressa, sem ansiedade, sem medo. Simplesmente, por acreditar que está sempre ao meu lado a contribuir, diretamente, com meu crescimento pessoal.
Acreditar que nossa comunicação é direta e infalível, e que poderei questionar, sempre que necessário. E que sempre receberei as respostas. Porém, terei que ser paciente e esperar o meu momento certo, para que elas me cheguem, e para que eu as perceba e compreenda.
João era assim: cheio de sabedoria, simplicidade e amor. Hoje, continua assim, porém ainda mais cheio de sabedoria, simplicidade e amor. Espírito que de tão simples, permaneceu criança. Apresentava-se pequenino, com gestos infantis.
Pairava em seus olhos uma tristeza discreta, porém profunda em não poder ser como deseja ser. Quando na vivência terrena, nascido em família rica e poderosa, fora proibido de viver a simplicidade que brotara em seu peito e fazia parte de sua essência.
Traduzia, através de seus desenhos, a vida simplória que planejara viver. Imenso desafio que escolhera viver na última encarnação. Tentara ensinar este jeito de viver aos seus, assim como me ensinou, mas somente conseguiu plantar uma semente pequenina, que poderá demorar anos, até que encontre condições de brotar.
Perseverança e fé o mantiveram vivo, nas muitas masmorras que o prenderam. Masmorras físicas e emocionais. Aprisionaram seu corpo e sua alma. Fechado apenas com o recurso do papel e do lápis, único benefício que o concediam. Não por bondade e compaixão, mas para mantê-lo quieto, sem gritar e fazer escândalos, que envolvesse tão importante família da sociedade.
Cresceu assim, menino, a desenhar. Isolado do convívio familiar e social, considerado inadequado, classificado como louco. E assim faleceu. E ao chegar aqui, escolheu, inconscientemente, o corpo de menino e os gestos infantis.
Por mais que tentassem acolhê-lo ou enturmá-lo, preferia a solidão que estava acostumado. Queria estar só, com o papel e o lápis, a comunicar-se com a vida. Não se lembrava de outro caminho.
Naquela manhã que nos encontramos, estava privado da companhia do papel e do lápis, para que pudesse experimentar novas formas de comunicação. Isolado em um banco a observar os outros pequeninos, ansiava ter a coragem de misturar-se.
Ao encontra-lo, quebrei o processo. Assim pensei. Mas por aqui, ou por ai nada foge ao conhecimento do Pai. Soube depois que nossos mentores acreditavam que nosso encontro seria útil ao nosso desenvolvimento. E o facilitaram.
Funcionou. Nós permitimos funcionar. Aceitamos o presente e o vivenciamos. Fizemos do nosso encontro um caminho de aprendizado. Descobrimos juntos o amor de uma amizade, a misericórdia divina e sua presença constante em nossa vida. A simplicidade do viver, o poder ser e crescer juntos. E juntos nos transformamos em homens melhores.
Descobrimos o conhecido, o que estava presente dentro de nós. O que avistamos, comtemplamos e, novamente, voltamos a esquecer. E que o Pai, em sua eterna paciência conosco, nos faz, amorosamente, lembrar.
A partir desde encontro, formamos uma dupla de peso leve. Mais leve a consciência. Mais leve o coração. Mais leve os sentimentos e ideias. Mais leve os sofrimentos, que insistimos, ainda, ter. Mais leves os textos e desenhos que, agora, caminhavam juntos, crescendo juntos, auxiliando-se mutuamente.
Disse-nos, nossos cuidadores. Agora sim são escritores e desenhistas de verdade. Como assim? Perguntei. Da curiosidade ainda não me tornei leve.
São escritor e desenhista que veem a verdade. Que sentem a verdade. Que inspiram a busca da verdade, porque se acolheram de verdade. Acolheram quem são, aceitando-se, amando-se e entregando-se ao outro sem máscaras. Sem medo do que realmente são. Sem medo se o outro vai ou não aceitar quem são.
Garanto-lhes que este encontro com a verdade que somos e com a verdade com qual podemos nos entregar ao outro, permite o encontro de almas preparadas para o amar, para o crescer, para o encontrar a si, ao outro e ao Pai.
Mergulhados nesta verdade não estaremos sozinho, abandonados, ou rejeitados. Encontraremos espíritos na mesma sintonia e com os quais poderemos conviver harmoniosamente.
Deixo-os para em breve voltar.
Abraço afetuoso de Gregório e João.
24.03.13