A RIQUEZA DA SABEDORIA ESPÍRITA

28/08/2016 18:33

Ser espírita é conscientizar-se da importância de conhecer os princípios da doutrina, acompanhar a evolução dos estudos produzidos, não só para aprofundá-los como também para ter a atenção voltada ao fato de que não são autoridades ou instituições que legitimam a escolha e as ações dos que optam por ela.

Fundamental é, entretanto, compreender os que ainda estão nesse estágio e, para concretizar tais cuidados, lembrar sempre que cada um é agente da criação divina e responsável pela construção da própria história.

Ana Maria Santana

 

 

A RIQUEZA DA SABEDORIA ESPÍRITA

 

     Quando nos aprofundamos nos estudos espíritas,  percebemos que estamos numa síntese cultural universalista,  inovadora do ponto de vista do modo de produzir conhecimento.

     A compreensão de sua riqueza em matéria de interpretação do significado do mundo e da existência humana se estabelece à medida que nos apropriamos dos seus princípios através de vivências e assim, descortinamos estágios mais avançados da expressão da consciência em evolução.

     Por se tratar de um saber em permanente expansão, exige que seus profitentes estejam atualizados em relação ao que se produz na sua comunidade e, através de estudos comparados, estabeleça intercâmbios com outros saberes, mantendo-se adequadamente sintonizado com a época e história contemporânea.

     Dessa forma pensava Alan Kardec ao afirmar que o Espiritismo caminharia sempre atento aos avanços da ciência, cotejando a informações e oferecendo sua contribuição, especialmente ao que tange à investigação do espírito.

     Mas, como acontece historicamente com todo movimento social, os seguidores nem sempre possuem a competência dos pioneiros e agem petrificando o saber original, através da sua transformação em dogma.

     Além disso, podem tomar uma parte pelo todo, a forma cultural da apresentação da ideia pela essência dele mesma e, pior, trazer sua experiência atávica ou arquetípica para a organização do movimento espírita, abafando a sua originalidade com estruturas que são decorrentes de nosso passado evolutivo.

     O Espiritismo é um conhecimento sintético que nasceu com o propósito de fazer a aliança da ciência com a religião e se instituiu também como uma proposta filosófica. Reduzi-lo a qualquer de seus aspectos ou percebê-los isoladamente é abdicar da imensa vantagem que a sua transdisciplinaridade pioneira propõe.

     Sua originalidade em termos de produção do conhecimento, realizando um projeto interexistencial não pode ser olvidada. Seremos mais bem sucedidos se nos utilizarmos tanto da capacidade intelectual dos encarnados como das informações dos desencarnados, num intercâmbio saudável, cujos resultados sejam aprovados pelo crivo da razão e da experimentação.

     O entendimento de religião proposto pelo Espiritismo para seus adeptos ultrapassa o estágio pré-racional, mítico e simbólico da maioria dos movimentos religiosos colocando à sua disposição a fé que encara a razão.

    Assim dispensa dogmas, conhecimentos infalíveis, rituais, representações simbólicas, sacramento e autoridades que favoreçam nossa relação com Deus.

     Compreende, porém, que eles são necessários para aqueles que, psiquicamente, ainda não conseguiram superar tal fase evolutiva e ainda necessitam das instituições religiosas que se organizam dessa forma.

     A existência no mundo tem uma finalidade bastante abrangente, pois nosso papel é de co-criadores da obra de Deus. Embora sejam relevantes todas as práticas de melhoria da vida física, é preciso estar atento para não reduzirmos nossas ações sociais a meros auxílios materiais que constituem obrigação.de qualquer consciência humana. Nosso foco é o espírito imortal em evolução.

     A capacidade de relacionar-se como mundo espiritual, ressignificada nos estudos espíritas, pode ser uma fonte imensa de recursos para a evolução da consciência, consolando, esclarecendo e renovando saberes. Não podemos transformá-la em canal de pedidos simplórios para resolução de problemas que somos capazes de resolver ou motivo de espetáculos fenomênicos improdutivos.

     Referindo-se ao futuro do movimento espírita, Léon Denis afirmava que ele dependia da ação dos homens. Nós somos os construtores de sua história. E, para nos mantermos em consonância com seus pioneiros, é necessário mais dedicação ao estudo, mais originalidade nas ações sociais e melhor vivência do caráter libertário, superando velhas formas de se praticar religião, filosofia ou ciência.

 

    PEIXINHO, André Luiz. A face terna do ser. Fundação José Petitinga, Salvador. Pád.201/203.

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