ALEGRIA PURA E VERDADEIRA

14/02/2013 08:37

 

Chegamos ao fim dos festejos de carnaval. Momento que deveria ser de alegria, de comemoração, porém somos surpreendidos por notícias de tristeza, de dor, de violência.

Alguns sorriem enquanto outros choram. Pode-se dizer: a vida é assim. Será que deveria ser assim? Tão melhor seria se estivéssemos todos na mesma vibração, na mesma energia, na mesma alegria. Será possível? O que podemos fazer?

Gregório, esta semana, convida-nos a refletir sobre a alegria. De onde ela surge? A que se destina? E por fim, descreve caminhos para encontrá-la em sua melhor versão: pura e verdadeira.

Boa reflexão!

Muitas Alegrias!

Andréa

 

 

ALEGRIA PURA E VERDADEIRA

 

A alegria é um estado iluminado do espírito. Surge nos momentos mais belos da existência humana. Ou assim deveria ser. O que visualizamos, muitas vezes, são os momentos de angústia e dor de alguns se transformarem em momentos de puro estase para outros.

Lembro-me de ter ouvido, em algum lugar quando estive na terra, alguém se compadecer da dor do outro, quando quem ouvia, rindo, saltou as seguintes palavras: “Bem merecido! Onde já se viu querer ser melhor do que os outros e não padecer no sofrimento. Acho pouco. Quero mais”.

Vangloriava-se por ter vislumbrado o destino de alguém que o incomodava as turras. Que se mostrava a disputar um lugar que considerava seu. E por isso, desejava vê-lo padecer na dor e no desespero.

Assustei-me diante de tal situação. Olhei Samuel em busca de explicações. Ele respondeu-me com um olhar decepcionado e vi surgir lagrimas de seus olhos. Nunca o tinha visto daquele jeito. Aquele olhar ficou gravado em mim até hoje.

Rute e os demais presentes reuniram-se ao redor daquele que pronunciava o ódio, a alegria desastrosa e a satisfação, misturados a uma dor profunda e permanente. E oraram.

Era possível ver luzes brilhantes que o penetravam e limpavam o conteúdo enegrecido que o preenchia. No decorrer do processo de purificação momentânea (explicarei a seguir), o ser ali presente foi se deixando purificar, foi relaxando, entregando-se. E ao fim da energização salutar, estava completamente amolecido. Sonolento, pediu licença e retirou-se para casa e adormeceu profundamente.  

Acompanhei-o até em casa e lá fiquei. Não fui o único. Os responsáveis pelo processo de energização o levaram em segurança até o lar e o esperaram adormecer.

Quando desdobrado, convidaram-no a acompanha-los e ele aceitou. Desta vez, foi conduzido a momento de estudo e reflexão. Escutou tudo com muita atenção e era possível vê-lo chorar por muitas vezes.

Ciente de seu comportamento e desejoso de se tornar diferente, despediu-se e retornou ao corpo adormecido. Depois de algumas horas, levantou-se. Sentindo-se mais leve, animado, esperançoso.

Era bonito de ver seu interior. Iluminado, diria até, reluzente. Arrumou-se e partiu para o seu dia. Sentia-se diferente, mais energizado, feliz. Desejou abraçar os amigos. Dizer à família que os amava. Na verdade, desejava abraçar o mundo, dizer que dele, qualquer um só receberia amor.

Nesta empolgação, distraiu-se. Tropeçou. Caiu sobre o ancião que passava e o derrubou. Antes que pudesse ergue-se e ajudar o pobre velho a levantar-se, muitos se reuniram ao seu redor.

Uns riam da cena. Outros curiosos, tentavam descobrir o que se passava e especulavam, dizendo coisas absurdas. Outros revoltados, o julgavam pela agressão ao pobre ancião.

Tentou se explicar. Tentou ajudar o senhor que urrava de dor. Tentou oferecer o amor que trazia e que queria compartilhar, mas a cada minuto que passava sentia-se acuado, agredido, machucado e dentro de si a luz foi se apagando pouco a pouco. Em seu lugar, voltar a reinar a escuridão.

Enraivado, resolveu defender-se com a agressão. Levantou-se bruscamente. Empurrou os que estavam em sua frente e saiu bravejando. “Velho idiota. Colocou-se em minha frente. Derrubou-me. Que se vire”. Deu as costas e partiu.

Chamava-se Joaquim Lodeiro. Era marinheiro. Trabalhava trazendo e levando mercadoria de uma cidade para outra, num pequeno barco. Vida difícil, recuperava-se da labuta na mesa dos estabelecimentos que forneciam bebidas e prazeres.

 Sentia-se pouco. Quase nada. Mas, diante do outro, contava lorotas, sobressaindo-se da multidão de iguais que frequentavam os mesmos ambientes.

Se um se destacava por qualquer motivo que fosse, tratava de reduzi-lo. Não podia ficar por baixo. Pois, sua insatisfação pessoal inflamada, causava-lhe dor e ódio. Cuidava da ferida deste jeito, desfazendo o outro, rindo, numa alegria desastrosa que o feria mais e mais.

Naquele dia, encontrou amigos antigos e um antigo protetor que, decepcionado, encheu-se de tristeza por vê-lo sucumbir aos mesmos motivos.

Encarnou fortalecido.  Sentindo-se preparado para se fazer diferente, mas nada fazia para vencer os obstáculos que ele mesmo planejou. Foi orientado a outro planejamento, mas, como sempre, acreditava que já estava forte o bastante para resolver suas questões antigas, sozinho, do seu jeito. E dispensou o auxílio do mestre amigo.

Respeitando-lhe o livre arbítrio, deixou-o partir. E agora ao encontrá-lo assim, entristeceu-se. Ele e os velhos amigos acolheram-no e chamaram-no a reflexão.

Por um momento retomou a consciência. E quando de volta ao plano material, mesmo esquecido do que ocorreu, trazia em si as verdades que conhecia e os objetivos que buscava nesta vida.

Porém, ao primeiro desafio na nova vida que se propunha, sucumbiu novamente. Momentânea, assim chamei sua purificação. Talvez seja melhor dizer, modificação. Purificar era, naquele momento, uma limpeza, uma retirada das energias deletérias, modificando seu sentir, seu pensar, seu agir.

A luz, ao penetrá-lo, permitiu o dissipar da escuridão, o enxergar e ouvir a si mesmo e a buscar a transformação do que não servia mais a si para o que realmente objetivava ser.

Tarefa difícil ao espírito encarnado, o de manter-se iluminado, mergulhado em si mesmo e ciente de seus verdadeiros objetivos. É que diante das provas estabelecidas por si mesmo, relembra-se das angustias e aflições anteriores e dos erros que o levou a onde estar, precipitando-o a retornar ao ponto, ao qual já achava ter deixado para trás.

E sofre. E erra novamente. E sofre mais e mais. E diante de tanta dor, foge, desvia-se de seus planejamentos, sucumbi. Envolto na escuridão permanece.

 Felizes de nós, que apesar das malcriações perante os orientadores, não somos abandonados. Sempre presentes, procuram trazer a nós, constantemente, a luz do discernimento.  

Procuremos estar envolvidos, permanentemente, por está luz que ao permitir a visão e a escuta de nós mesmos nos possibilita a transformação, o crescimento, a evolução e com certeza, consequentemente, a alegria pura e verdadeira.

Deixo-os para em breve voltar.

Gregório

11.02.13

Facebook Twitter More...