CAOS RENOVADOR
O Momento de Luz de hoje é uma reflexão, um passeio, sobre a nossa história. O personagem: a consciência do mundo.
Que a poesia de hoje seja momento para a reflexão das nossas escolhas como coletividade e novas posturas como individualidades.
Muita paz.
CAOS RENOVADOR
Caminhei na densidade
De furna escura e profunda
Sou a consciência do mundo
Sou túmulo e vastidão.
Na minha mão levo a espada
Que mata todas as eras
Que bota fogo nas trevas
Destruindo a escuridão.
Andei por caminhos áridos
Viajei estradas de luz
Caminhei junto da cruz
Nas trilhas de Jerusalém.
Aniquilei crianças tenras
Raptei filhos e donzelas
Nas prisões botei cancelas
Enchi de sangue o além.
Também levantei da morte
Despertei fé na indiferença
Na vida sofrida e tensa
Pus a bandeira da mansidão.
Pintei a Grécia de branco
Tornou-se árvore um dia
Da liberdade e filosofia
Heráclito, Sócrates, Platão.
Em Roma instituí o direito
Tornei-a rica e poderosa
Depois arrogante e vaidosa
Semeei discórdia e vilões.
Com minha língua de fogo
Destruí Roma e Pompéia
Do norte veio a centopeia
Que derrubou seus portões.
Criei Deusas no Egito
E em outros cantos da terra
Só serviram para guerra
E dominar os sofredores.
O sangue foi derramado
Endureceu as consciências
Patrocinou as demências
Chafurdando-se nas dores.
Desde as estepes da Ásia
Até as portas do Egito
Morte, abuso, dor e gritos
Destruição e escravaturas.
Vi gritos de desespero
Chamei exércitos do alto
Invadiu a terra de assalto
Com novas legislaturas.
Descobri os novos mundos
Nas latitudes da terra
Transformei homens em feras
Pelo ouro e pelo poder.
Lancei as pestes mortíferas
No coração das cidades
Botei os poderosos sentados
Sem forças de se mover.
Abri um túnel nos céus
Para ver mundos exteriores
Botei no homem pendores
De estudar os universos.
Ao verem tantos mundos
Nos confins do infinito
Ficaram muito contritos
Vendo como eram perversos.
Tão insignificantes vidas
Diante de tal vastidão
Que a Deus pediam perdão
Por tanta desgraça e morte.
Com tão bela arquitetura
Nestes desenhos de Deus
Contestadores e ateus
Buscavam ares da sorte.
Botei a terra doente
Do sol mandei trazer lume
Enchi os homens de estrume
Bactérias e vírus, fazendo dor.
Coloquei-os de joelhos
Para dar valor as vidas
De precoces despedidas
Dos seus filhinhos em flor.
Mandei invadir a Europa
Por Mongóis, Vikingues, Mouros
Mandei queimar as lavouras
Espalhei fome do sul ao norte.
Com tantas iniquidades
Os povos rangiam os dentes
De fome dor e dementes
Fonte de discórdia e morte
Cantei os cantos da morte
Nos poderes instituídos
Por religiões e bandidos
Falsa moral, torpes verdades.
Aos reinos, cleros e nobres
Enquadrei e disse basta
Desmascarei as nobres castas
Semeando a liberdade.
Espalhei ventos e tremores
Batendo os punhos na terra
Mais mortes fizeram na guerra
Que o homem se vangloriou.
Fiz tremer mães e filhos
Impondo temor nos lares
Fiz ajoelhar-se em altares
Que a humanidade mudou.
Corações embrutecidos
Em tão forte densidade
Que a força de sua maldade
Implodia os indecentes.
Como castelos de areia
Dissolviam-se em chão lodoso
Adentrando umbrais trevosos
Onde não há inocentes.
Gritos, castigos e dores
Sentiam-se nas alturas
Onde os olhos de ternura
Choravam de comiseração.
Os comandos do infinito
Prepararam sua viagem
Para descer nas paragens
E dissolver a escuridão.
Surgiram luzes e perfumes
De corações bondosos
Submetendo os belicosos
Presos em seus pantanais.
Impertinentes e danosos
Encharcados de negrume
Por dentro ardendo no lume
Das atitudes imorais.
Sofridos sentiram o sopro
Da brisa que se acercava
De criaturas aladas
Para acabar com as guerras.
Com corações altruístas
Com a espada da ternura
Dissolviam a amargura
Que os maus geraram na terra.
Desceram em carros de fogo
Para amenizar as dores
Os nobres consoladores
De que o Ungido falou.
Através de vastos livros
Escrito por nobres seres
Sem fazer mais que os deveres
Que Jesus Cristo mandou.
ACA