CIDADE SEM CORAÇÃO

05/09/2016 05:27

Uma reflexão sobre as cidades que nos acolhem.

Os grandes centros urbanos, em que pese serem centros de desenvolvimento, são caracterizados também pela soma das mazelas de uma população que sofre.

O poeta, no Momento de Luz de hoje, nos convida a não passarmos desapercebidos por essas dores que circulam a cidade, confiantes de que a presença de Deus também se encontra ali.

Ótima semana para todos.

 

 

CIDADE SEM CORAÇÃO

 

A cidade resplandece à luz da noite

Com clarões, escondem coisa seria

As mazelas da pobreza e da miséria

Escondendo a fera na escura moita

 

O ressoar de gritos e sussurros

Por baixo do resplendor da noite escura

Onde atuam desrespeitos e grossura

Escondidos por paredes e por muros

 

Os casebres insalubres se escondem

Nas ruelas de buracos e bueiros

Tomadas por covardes baderneiros

A tomar do passante o que podem

 

Bem no meio de ratos e corujas

O andor da violência se agiganta

Encobertos por tenebrosa manta

Como ambientes de vampiros e bruxas

 

Porque o sofrimento não desperta

O clamor da rua emudecido

Deixando o coração endurecido

Penetrando a violência porta aberta

 

Ensurdecendo o silêncio claudicante

O trovão da lágrima caída

Que ressoa na criança já perdida

No meio da família invigilante

 

Os rastros de balas voam na noite

Que desperta suspiros e temores

Em algumas famílias, muitas dores

Com a morte chegando, vil açoite

 

O passante que espreita bem distante

Em seus barcos de turismo e aviões

Só percebem nas cidades os clarões

De luzes parecendo diamantes

 

As luzes da cidade que ainda brilham

Só não brilham tanto os corações

Por perdidos em doloridas emoções

Carecem dos bens que os humilham.

 

ACA

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