CINCO MINUTOS DE TRISTEZA

12/08/2015 05:23

Esta semana no Momento de Luz, Madalena faz uma homenagem a dois homens muito especiais que permaneceram ao seu lado mesmo após a separação material.

Este texto fez-me pensar sobre a importância dos papeis que assumimos na vida. Não fazemos ideia de sua dimensão. É preciso parar e refletir sobre o assunto. Observar se estamos dando a eles o valor que possuem e a atenção que merecem. Avaliar como os temos desempenhados.

Boa reflexão!

Andréa 

 

 

CINCO MINUTOS DE TRISTEZA

 

Quando criança costumava brincar com meu pai sobre tudo. Até sobre a tristeza. Achava tão lindo o jeitinho dele de fingir chorar para conseguir de mim alguma coisa que não era atendido em imediato, que inventei tal brincadeira. Bastava ordenar: “Pai cinco minutinhos”. E ele já sabia o que fazer.

Na verdade, ele fazia uma imitação “barata” de mim. (risos) Eu simplesmente parava tudo e começava a sorrir. Ele exagerava e, por fim embolava-se comigo pelo chão. Era uma farra! Nos outros minutos seguintes eu já havia esquecido a manha, o aborrecimento, a solicitação (tipo aquelas impossíveis de atender - risos). Momentos deliciosos em família, pois mamãe sempre se juntava a nós. Mas ela não chegava nem perto do brilho do meu pai (risos).

A medida que fui crescendo, os cinco minutos ajudaram-nos na relação familiar. Quando tudo parecia negro, ele surgia para clarear e aliviar a tenção. Nenhum aborrecimento durava muito tempo. Lembro de que nos momentos mais difíceis da minha vida, fui salva pelos cinco minutos: perda do animalzinho de estimação, boletins recheados de vermelho, travessuras em princípio imperdoáveis (Não pensem que eu era quietinha, não. Aprontei muito - risos), perda do vovô, separação dos meus pais...

Estes dois últimos foram os mais difíceis da minha vida. Vovô era o meu segundo grande amigo, só sedia lugar ao papai. Ele se metia em todas as minhas bagunças, parecia que tínhamos a mesma idade. Quando ele adoeceu, eu adoeci um pouco. Porém ele dizia que eu era sua saúde, pois quando chegava ao seu lado (que era sempre) ele logo sentia-se melhor. E quando levava a bagunça, ele melhorava ainda mais. Foi uma perda irreparável!

O que eu não podia imaginar é que também seria a maior alegria da minha vida, pois quando cheguei por aqui, fui protegida e acolhida por ele. Depois do meu amigo amor, era vovô que estava ao meu lado, trazendo-me saúde no momento de tanto adoecimento espiritual. Sabem a frase repetida pelos mais velhos (vovó sempre a repetia): “Deus sabe o que faz”? Passei a acreditar nela de olhos fechados.

Quanto a separação de meus pais não demorou muito, mas foi um pesadelo para mim. Não esperava ficar sem meu pai por longos três anos. Um dia acordei e as malas dele estavam prontas. Olhar umedecido, aproximou-se ordenando os cinco minutos. Obedeci. E abraçamo-nos! Ele chorava e pude ouvir mamãe chorando baixinho bem do meu lado. Explicou-me que passaria algum tempo longe de casa, mas que voltaria.

Meu pai nunca quebrou uma promessa. Após três anos, recebemo-nos de volta cheias de alegria! Até hoje não sei o que aconteceu com eles. Acho que meu pai deva ter aprontado alguma, porque mamãe ficou bastante zangada e triste. E ele esforçou-se para consertar o erro e para reconquistar o perdão e a confiança dela de novo, porque o amor nunca saiu de seu coração.

Grandes homens! Com eles aprendi muito! E continuo aprendendo. Vovô mantem-se ao eu lado. E papai, mesmo longe, também. Até nos encontrarmos anos depois por aqui. Mas está é uma outra história.

Pode ser clichê, mas não poderia passar em branco uma data tão especial. Quis homenagear estes dois homens da minha vida que estiveram ao eu lado até na vida após a morte.

Parabéns papais pelo seu Dia! Beijo grande a todos os que são pais. Não imaginam a importância que vocês têm mesmo na outra vida.

Madalena

09.08.15

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