CORDEL DA CABOCLA

02/09/2011 05:33

Mais uma semana em que nos comprometemos a viver com poesia, distribuindo versos de amor e luz por onde passarmos.

Que todos apreciem a poesia desta segunda e gerem novas poesias em nossas vidas.

 

 

 

CORDEL DA CABOCLA

 

Num dia lindo,

Da florida primavera

Esperava-me na janela

Com perfume de jasmim

Numa típica viela

 

Cabelo longo,

 De um negro tão brilhante

Ofuscava meu semblante

Olhas verdes de cabocla

Vendo o povo caminhante

 

O seu sorriso,

Era luz resplandecente

Deixava-me tão contente

Que tropeçava na calçada

Para ver, seus belos dentes

 

A flor do campo,

 Colocada nos cabelos

Alisados com os dedos

Com brejeiro encantar

Dava gana de comê-los

 

A sua pele,

 Nordestina cor canela

Roupa branca, fina seda

Esguio corpo de perfil

Nunca vi coisa mais bela

 

Sua beleza,

 Infligia-me leveza

Dava-me muita certeza

No meu torpe caminhar

Transformando a tristeza

 

E na janela,

Aparecendo a donzela

Não abandono a biela

Nem que venham me matar

Ou dar surra de fivela

 

Quadro lindo,

 Suspenso no céu do nada

Na parede bem pintada 

Sua moldura era a janela

E a pintura era a danada

 

Verde da relva

Completava o encanto

Bela e bonita no campo

Os olhos verdes da cabocla

Afogavam-se de pranto

 

O beija-flor

Sentindo sua tristeza

Veio vela na certeza

De beijar a sua flor

Que trazia na cabeça

 

Vendo chorando

A cabocla meiga e doce

Bebeu água deste poço

De olhar verde e profundo

Para alegria do moço

 

No horizonte,

 Era uma linda paisagem

Que parecia miragem

Casa, janela e morena

Desejando boa viagem

 

No entardecer,

Sol vermelho no horizonte

Resvalando pelo monte

Ofuscou minha cabocla

Que chorava ate a fonte

 

Na lua cheia,

 A luz refletindo nela

Debruçada na janela

Mais parecia uma santa

A cabocla cor canela

 

ACA

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