CORDEL DA CABOCLA
Mais uma semana em que nos comprometemos a viver com poesia, distribuindo versos de amor e luz por onde passarmos.
Que todos apreciem a poesia desta segunda e gerem novas poesias em nossas vidas.
CORDEL DA CABOCLA
Num dia lindo,
Da florida primavera
Esperava-me na janela
Com perfume de jasmim
Numa típica viela
Cabelo longo,
De um negro tão brilhante
Ofuscava meu semblante
Olhas verdes de cabocla
Vendo o povo caminhante
O seu sorriso,
Era luz resplandecente
Deixava-me tão contente
Que tropeçava na calçada
Para ver, seus belos dentes
A flor do campo,
Colocada nos cabelos
Alisados com os dedos
Com brejeiro encantar
Dava gana de comê-los
A sua pele,
Nordestina cor canela
Roupa branca, fina seda
Esguio corpo de perfil
Nunca vi coisa mais bela
Sua beleza,
Infligia-me leveza
Dava-me muita certeza
No meu torpe caminhar
Transformando a tristeza
E na janela,
Aparecendo a donzela
Não abandono a biela
Nem que venham me matar
Ou dar surra de fivela
Quadro lindo,
Suspenso no céu do nada
Na parede bem pintada
Sua moldura era a janela
E a pintura era a danada
Verde da relva
Completava o encanto
Bela e bonita no campo
Os olhos verdes da cabocla
Afogavam-se de pranto
O beija-flor
Sentindo sua tristeza
Veio vela na certeza
De beijar a sua flor
Que trazia na cabeça
Vendo chorando
A cabocla meiga e doce
Bebeu água deste poço
De olhar verde e profundo
Para alegria do moço
No horizonte,
Era uma linda paisagem
Que parecia miragem
Casa, janela e morena
Desejando boa viagem
No entardecer,
Sol vermelho no horizonte
Resvalando pelo monte
Ofuscou minha cabocla
Que chorava ate a fonte
Na lua cheia,
A luz refletindo nela
Debruçada na janela
Mais parecia uma santa
A cabocla cor canela
ACA