CRÔNICAS ESPÍRITAS – 1

10/11/2014 08:11

É com muita alegria que o Momento de Luz volta com as experiências de Francesca Freitas, uma das coordenadoras da mediúnica na nossa casa.

Antes chamadas de Vivências Mediúnicas, tivemos uma repaginação e agora trazemos crônicas espíritas.

Relatos, experiências, que nos ensinam e, além da curiosidade, nos faz pensar na nossa postura perante a vida.

Hoje, refletiremos sobre o egoísmo e a nossa forma, sempre mutante, de comunicação.

Imperdível.

Bem “re-vinda” Francesca.

 

 

CRÔNICAS ESPÍRITAS – 1

 

 

Retomamos hoje as nossas conversas semanais. Uma nova série onde partilho experiências, pensamentos e aprendizados obtidos ao longo do caminho, e algumas dúvidas também.

Comentarei não apenas sobre a partilha na sala mediúnica, tema recorrente na série de 136 textos intitulados “Vivências Mediúnicas” publicados neste blog, mas partilharei, com vocês leitores, textos, indicações literárias e visuais que me enriqueceram.

Um tema que me interessa é o Egoísmo. Esbarro com ele em mim e nos outros, encarnados e desencarnados. Frequente na temática Espírita e em toda codificação Kardequiana, o egoísmo é considerado uma “chaga da humanidade”.

Curiosa para entender melhor o que realmente é, seus graus e repercussões, falarei sobre ele, mas não sem antes comentar um pouco sobre a nossa comunicação, num sentido mais amplo. Fiquei surpresa com os significados que se apresentaram em alguns dicionários na web para a palavra “egoísmo”, e lembrei-me de outra palavra, Amor, que já foi comentada na série das Vivências Mediúnicas.

Como a linguagem falada nos divide, o significado de uma determinada palavra depende do contexto onde está inserida, e na grande maioria das vezes, do repertório individual de quem a interpreta. Este repertório inclui o conhecimento da língua falada, a cultura local e o impacto emocional que algumas palavras evocam, além do estado de espírito de quem “ouve”, ou melhor, interpreta. Aliás, ouvir e escutar podem ser tão diferentes quanto ler simplesmente e ler compreendendo o texto.

A comunicação, que parece estar mais fácil, está cada vez mais complicada. Temos que observar até a entonação da voz, a expressão facial, como a tal palavra foi dita.

Exemplifico com a palavra inveja, que já teve um sentido mais pejorativo ou único. Hoje em dia, inveja boa ou simplesmente inveja pode ser traduzida por admiração!  E às vezes temos até que agradecer por isto, inveja elogiosa.

Relato o fato inusitado. Encontrei recentemente uma pessoa que não via há alguns anos e para minha surpresa, me disse sorrindo que estava com inveja de determinada característica minha e pasma, sorri amarelo de volta. Não contente, repetiu a frase como o olhar de quem espera algum comentário de volta, então minha “ficha caiu” e lhe disse obrigado, o que lhe deixou satisfeita, pois pudemos mudar de assunto.

Ainda sou surpreendida com essas mudanças de sentido que dificultam o não tão fácil português, porque complicá-lo?

Como nosso Criador é o “Pai Mãe” Perfeito, fomos agraciados com a comunicação por pensamentos e ideias, que alguns denominam telepatia. A imensa maioria dos Espíritos desencarnados, no nosso planeta, comunica-se assim, e ainda bem, pois seria dificílimo de outra forma.

Se o Egoísmo é a chaga, o Amor é a Cura. Mas preciso saber onde está e o quão profunda é a ferida para tratá-la com o remédio do Amor, ou melhor, do tipo de Amor adequado para o mal bem definido.

Aprendi que há vários disfarces ou apresentações para o egoísmo. O substantivo: ego + ismo tem inúmeros sinônimos, que se misturam com o adjetivo egoísta: usurpador, pão duro, comodismo, egocentrismo, egocêntrico, individualista, exclusivismo, interesseiro, ganancioso, ambicioso, proveitoso, amor próprio excessivo, orgulho e etc.

Há um consenso geral de que o egoísta é aquele que se coloca em primeiro lugar, em detrimento de alguém ou alguma coisa, pois seu antônimo, único por sinal, é o altruísmo.

Como esse egoísmo infiltra-se nos nossos comportamentos é uma questão a ser analisada, além do que, atos egoístas podem ocorrer de modo isolado e não serem uma característica básica marcante de determinado tipo psíquico, cujo comportamento é egoísta na maior parte ou em todo seu tempo.

Estou fazendo minhas buscas internas e convido-os à reflexão.

Segue um pequeno trecho das Obras Póstumas,  “Egoísmo e Orgulho: Causas, Efeitos e Meios de Destruí-los”  de Alan Kardek.

 

“ É fato reconhecido que a maior parte das misérias da vida provém do egoísmo dos homens.

Desde que cada um só pensa em si sem pensar nos outros e ainda só quer a satisfação dos próprios desejos, é natural que a procure a todo preço, sacrificando embora os interesses de outrem, quer nas pequenas, quer nas maiores coisas, tanto na ordem moral, como na material.

Daí todo o antagonismo social, todas as lutas, conflitos e misérias, visto como cada um quer pôr o pé adiante dos outros.

O egoísmo tem origem no orgulho. A supremacia da própria individualidade arrasta o homem a considerar-se acima dos demais. Julgando-se com direitos preferenciais, molesta-se por tudo o que, em seu entender, o prejudica. Naturalmente a importância que, por orgulho, se atribui, o torna naturalmente egoísta.

O egoísmo e o orgulho têm origem num sentimento natural: o instinto de conservação. Todos os instintos têm razão de ser e utilidade, pois que Deus não faz coisa inútil. Deus não criou o mal; é o homem que o produz por abuso dos dons divinos, em virtude do livre-arbítrio.

Este sentimento contido em justos limites é bom em si; a sua exageração é que o torna mau e pernicioso.

O mesmo acontece às paixões, que o homem desvia do seu fim providencial.

Deus não criou o homem egoísta e orgulhoso, mas simples e ignorante; foi o homem que, ao malversar o instinto, que Deus lhe deu para a própria conservação, se tornou egoísta e orgulhoso”.

 

Muita Paz para todos nós.

Francesca Freitas

04/11/2014

Facebook Twitter More...