CRÔNICAS ESPÍRITAS – 11

19/01/2015 05:16

A crônica espírita dessa semana faz uma reflexão da situação do nosso último personagem, escravo sofrido, cujos únicos apegos eram um afeto respeitoso aos pais e o seu amor à jovem companheira de infância.

Nessa análise verificamos a importância da humildade no aceitar ser acolhido e orientado.

Não a toa, temos o convite para a leitura do texto de Bezerra de Menezes que fala dos humildes e submissos.

Imperdível.

 

 

CRÔNICAS ESPÍRITAS – 11

 

Refletindo acerca da história do antigo escravo, aprendi valiosas lições.

O amigo foi submetido a duras provações, nascido e criado numa condição de submissão e injustiça social, e ainda assim não desenvolveu traços de revolta ou desejos de vingança. Essa alma tinha uma nobreza intrínseca, singela e humilde.

Enfrentou suas provações encarnatórias com uma resignação que me chamou a atenção, e possivelmente cumpriu o aprendizado programado. Foi um homem pacífico que via na beleza da natureza e nos ciclos naturais da vida uma realidade maior que a condição de escravo, e isso o libertava internamente, talvez de modo inconsciente.

A força do seu suor e do seu trabalho físico era direcionada por outros, o resultado da labuta não era dele, mas mesmo assim cumpria suas tarefas como se assim o fosse. Seus únicos apegos eram um afeto respeitoso aos pais e o seu amor à jovem companheira de infância.

Não costumava alimentar memórias negativas, revivenciando situações de sofrimento, como se intuído que tudo era transitório, como uma tempestade que devasta, mas passa.

Foram a saudade e a melancolia diluindo suas esperanças, e ambas, somadas ao isolamento voluntário, funcionaram como motores para o enclausurarem em si mesmo, quase ovoidizado. Esse processo auto imposto dificultou o acesso às energias benéficas dos benfeitores espirituais, que nunca o abandonaram. Era cercado por vibrações de carinho e cuidado, a aguardarem o seu momento de despertar.

Lembrei-me das condutas do sultão, onde a humildade ausente proporcionou ao germe da revolta o alimento abundante.

Encerro com esse texto de Dr. Bezerra de Menezes, do livro A Coragem da Fé, cap. 30, psicografia de Carlos A. Bacelli, com seus sábios ensinamentos.

 

HUMILDES E SUBMISSOS

 

“Filhos, sede humildes e submissos, diante das provas que vos afligem.

Recordai-vos da advertência do Senhor e não resistais ao mal que vos queiram fazer.

Aceitai, com resignação, o peso da cruz sobre os ombros e não intenteis opor-vos ao movimento natural da Vida, no curso dos acontecimentos que se sucedem.

É inútil desferir braçadas contra a correnteza...

Harmonizai-vos com a Vontade de Deus e não queirais modificar, com violência, o rumo das coisas que concorrem para o vosso aperfeiçoamento nos fatos que se desencadeiam através das circunstâncias.

A Fé que opera no Bem de todos não se caracteriza por passividade em quem não consegue dar solução imediata aos próprios problemas.

Prossegui vivendo com determinação, fazendo o que vos seja possível pela melhoria da existência, sem que jamais vos acomodeis.

A verdadeira resignação não é o retrato de nenhum homem de braços entregues à inércia e de pernas que não lhe permitam sair do lugar...

Trabalhai na solução das dificuldades alheias e tereis as vossas solucionadas, porquanto é da Lei que ninguém seja auto-suficiente o bastante que dispense o concurso do próximo na construção da própria felicidade.

Filhos, todos somos levados a facear situações que nos estimulam a humildade.

Agradeçamos, pois, os reveses que se nos tornam indispensáveis à contemplação da realidade íntima em que vivemos.

Infeliz de quem abandona o corpo de carne, vitimado pela ilusão que lhe dificulta o despertar na Vida Mais Alta.

O homem que não tropeça e cai ignora a sua fragilidade de espírito e acredita ser o que não é.

Se pretendeis alçar vôo seguro demandando o Infinito, nivelai-vos ao chão, procurando, primeiro, o fortalecimento das próprias asas.”

 

 

Muita PAZ para todos nós.

Francesca Freitas

12-01-2015

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