CRÔNICAS ESPÍRITAS - 20

17/08/2015 09:09

O que faz uma pessoa acreditar que somente a violência constrói? O que faz uma pessoa ter fé no controle absoluto?

A Crônica Espírita de hoje busca contextualizar a evolução de um ser, compreendendo que máxima de Jesus do não julgar se mostra clara quando nos abrimos para os dramas dos outros.

Ótima leitura para todos.

 

 

CRÔNICAS ESPÍRITAS - 20

 

Após o atendimento descrito anteriormente (CRÔNICAS ESPÍRITAS – 19), o médium me revelou suas percepções. A palavra que despertou memórias antigas no Espírito o transportou a uma encarnação muito marcante no seu trajeto evolutivo.

Foi visualizado pelo médium como um soldado e guerreiro, com o traje e apetrechos típicos para luta, a comandar uma tropa. Participava de uma sanguinolenta batalha motivada pela unificação e expansão das tribos da Judéia, por ocasião de um conhecido rei judeu, David, que após muitas guerras, foi assim aclamado cerca de 1.000 anos antes do nascimento de Jesus Cristo.

Fiquei instigada pela sua história e adormeci com muitas perguntas na mente, e entre elas, do porquê um espírito já há tanto tempo na Terra conservara-se tão belicoso. Partilho com vocês alguns esclarecimentos obtidos no desdobramento da noite, em que a contextualização história é relevante.

Vou chamá-lo de Ben, que significa “filho”, para facilitar a narrativa. Ben era filho de um casal de pastores, moradores de uma, até então, tribo relativamente pacífica nas terras da Palestina. Tinham uma vida simples e sem grandes penúrias devido a pastoragem.

Os clãs que compunham pequenas tribos eram forçados a pertencer a um determinado grupo cultural e étnico que desejava se sobrepor aos demais. Entre esses grupos múltiplos havia rusgas e pequenos combates, contudo, mantinham alguma estabilidade no território, como numa vizinhança espinhosa.

Após a chegada dos imigrantes egípcios dirigidos por Moisés, os grandes embates tiveram termo. E Ben viveu na época dos Reis conquistadores do que chamamos hoje de Israel.

A sua mãe era devota de um Deus único e seguia rigidamente os preceitos mosaicos. Orava muito, repetindo antigas preces como mantras, e o ensinou o temor a Deus. Convenhamos que, naquela época, a divindade fosse representada como um patriarca austero e vingativo, que inspirava mais temor que amor.

Ainda jovem tomou a decisão de juntar-se aos homens que lutavam para estabelecer uma hegemonia religiosa e territorial. O processo da conquista a qualquer custo se dá sob o pretexto do divino privilégio dos hebreus como os únicos filhos de um Deus Pai.

A construção de um ego doentio baseado na exclusão do diferente e no seu suposto direito divino fica cada vez mais evidente, sentia-se um “escolhido”. Somado ao reforço do combatente, pois quanto mais inimigos abatesse mais valor tinha para seus superiores e comparsas, o mito do herói guerreiro vai se distorcendo e desenhando o déspota interno, destrutivo e próximo do psicopata que sente prazer no assassínio.

Ben teve poucas encarnações depois desta, algumas expiatórias, e quando da oportunidade de encarnar novamente num corpo saudável retorna belicoso, agressivo e arrogante, em atividades ligadas ao combate, ao crime e as guerras.

No mundo espiritual revolta-se mais ainda pela ausência das recompensas de que se sentia merecedor e não ouve aos apelos maternos. Acaba por juntar-se às falanges de espíritos semelhantes, que criam bandos com asseclas e espíritos dominados, escravizados.

Os muitos séculos gerando discórdias, alimentando-se de ódio e medo no caminho do mal, deformaram seu corpo perispirítico; sua alma doente irá encontrar o refazimento em outra escola planetária.

E como a Misericórdia Divina a todos, sem exceção, ampara, Ben tem a oportunidade de reencontro com essa Alma Nobre, e por inspiração soube que iria guiá-lo em um mundo distante.

 

Encerro hoje com esse trecho da Bíblia, Êxodo 15, que reforça a relação do povo de então com uma deidade de temperamento forte, vingativa e belicosa.

“Então cantaram Moisés e os filhos de Israel este cântico ao Senhor, dizendo: Cantarei ao Senhor, porque gloriosamente triunfou; lançou no mar o cavalo e o seu cavaleiro.

O Senhor é a minha força, e o meu cântico; ele se tem tornado a minha salvação; é ele o meu Deus, portanto o louvarei; é o Deus de meu pai, por isso o exaltarei.

O Senhor é homem de guerra; Jeová é o seu nome. Lançou no mar os carros de Faraó e o seu exército; os seus escolhidos capitães foram submersos no Mar Vermelho.

Os abismos os cobriram; desceram às profundezas como pedra.

A tua destra, ó Senhor, é gloriosa em poder; a tua destra, ó Senhor, destroça o inimigo.

Na grandeza da tua excelência derrubas os que se levantam contra ti; envias o teu furor, que os devora como restolho.

Ao sopro dos teus narizes amontoaram-se as águas, as correntes pararam como montão; os abismos coalharam-se no coração do mar.”

 

 

Muita paz para todos nós.

Francesca Freitas

14-08-2015

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