CRÔNICAS ESPÍRITAS – 22

14/09/2015 08:13

No Momento de Luz de hoje, a Crônica Espírita compartilha alguns trechos do livro “A LOUCURA SOB NOVO PRISMA”, de Dr. Bezerra de Menezes pelo pseudônimo MAX, publicado originalmente em 1920 pela Editora FEB – Federação Espírita Brasileira, e extremamente atual.

Um convite para arejarmos novas ideias, mesmo sabendo que costumam esbarrar em antigos conceitos e crenças que possivelmente foram úteis no nosso passado evolutivo.

Um convite para a desconstrução de preconceitos.

Ótima leitura para todos.

 

 

CRÔNICAS ESPÍRITAS – 22

 

Sabemos que novas ideias costumam esbarrar em antigos conceitos e crenças que possivelmente foram úteis no nosso passado evolutivo. A desconstrução de preconceitos, conhecimentos ultrapassados e até mesmo truncados dá trabalho, muito labor mental e reflexivo, além de desconforto emocional na maioria de nós.  Esse trabalho de reconstrução faz parte do processo evolutivo que nos impulsiona ao crescimento e pode ser realizado com mais consciência, se assim o desejarmos.

Retirei alguns trechos do livro “A LOUCURA SOB NOVO PRISMA”, de Dr. Bezerra de Menezes pelo pseudônimo MAX, publicado originalmente em 1920 pela Editora FEB – Federação Espírita Brasileira, e extremamente atual.

 

“Somos todos criados em estado de inocência, isto é, sem consciência do bem e do mal, faculdade que se vai desenvolvendo, à medida que vamos usando do nosso livre arbítrio.

Somos todos criados em estado de ignorância, mas dotados de inteligência, pela qual devemos conquistar o conhecimento universal, como pelo desenvolvimento do senso moral devemos conquistar a virtude universal. Os Espíritos criados, assim, em identidade de condições intelectuais e morais, trazem consigo, latentes, todas as faculdades de que necessitarão para realizar sua transformação da ignorância nativa à mais alta sabedoria, e da inocência inconsciente à mais sublimada virtude.

Com estas armas, de que todos são dotados para subirem ao destino a todos marcado, Deus deu sempre sem exceção, a liberdade ou o poder de cada um empregá-los, como quiser, para alcançar aquele destino. O que se empenha no aperfeiçoamento intelectual e moral de seu ser fará carreira mais rápida e, conseguintemente, menos dolorosa.

É do bom ou mau uso que fazem desse sublime dom, que resultam as variedades de todo o gênero, que se observam no seio da Humanidade, e o que faz que os ignorantes atribuam a Deus tais variedades. Não; o homem é senhor de seu destino, pela liberdade, mas, por isso mesmo que é livre, é responsável.

Nasce daí uma nova ordem de cogitações. O homem (Espírito) que faz bom uso de sua liberdade, no desenvolvimento de sua perfectibilidade, adquire méritos; o que procede de modo aposto, sobrecarrega-se de deméritos.

Nisto, porém, não se limita a evolução espiritual. Tendo marcado aos Espíritos um alvo, que é seu destino alcançar, e conhecendo até onde podem eles ser arrastados por suas fraquezas, deu-lhes Deus recursos contra elas, sempre associando sua justiça à sua misericórdia.

Os que fossem para o Céu, no dizer dos católicos, não precisariam mais progredir, e os que fossem para o inferno, não poderiam fazê-lo.

Uma comparação grosseira tornará mais claro o absurdo de ficar definido para sempre o destino das almas, após esta vida. Dois irmãos matricularam-se numa academia, e seguem rumos opostos: um estuda e outro vadia. O primeiro é aprovado, no fim do ano; o outro é reprovado. A aprovação, porém, não investe aquele de toda a ciência da academia; assim como a reprovação não fecha a este as portas do templo. Nem um, por ter sido aprovada no primeiro estádio, fica dispensado de trabalhar, para galgar os superiores estádios, até chegar ao último, em que se distribui o honroso prêmio de doutor; nem outro, por ter sido reprovado, fica privado de repetir o ano, e de prosseguir no curso.

Vimos que uma vida única é insuficiente para o amplo desenvolvimento da perfectibilidade humana. Vimos que os Espíritos não são criados para o corpo, mas, sim, que este lhes é dado como instrumento de progresso.

Destes dois postulados, que só podem ser impugnados, ou pela ignorância invencível, ou pela incredulidade sistemática, resultam as seguintes consequências lógicas:

Não há uma única vida, nem um único mundo.

Não há penas eternas, pois os Espíritos têm mais de uma vida corpórea.

Não há inferno, pois não há penas eternas e materiais.

Não há demônios pessoais, pois não há inferno, nem penas eternas.

Não há anjos, criação especial, pois, sendo evidentemente falsa a tradição relativa aos que decaíram, verdadeira não pode ser a relativa aos outros.

Não houve, finalmente, criação de um só par humano, visto que a própria Bíblia atesta a existência de outros seres humanos na Terra, ao tempo de Adão, e sem que dele procedessem.

É ocasião de darmos ao leitor os fundamentos que temos para afirmarmos coisas desta ordem, de cunho maravilhoso, que escapam às nossas vistas.

Eles apagam velhas crenças, cobertas com o estandarte da religião, como se cobria com ele a poligamia de Abraão e o dente por dente de Moisés, concessões necessárias ao atraso da Humanidade.

A medida, porém, que vai evoluindo, o Espírito vai ganhando luz, e, à medida que vai tendo luz, vai reconhecendo e repelindo certos preconceitos mais grosseiros e divisando horizontes menos escuros.

Na eterna marcha para a perfeição, deve necessariamente fazer paradas, que são para o homem as vidas corpóreas, e para a Humanidade épocas que se abrem pelo desabrochar de grandes ideias, novas revolucionárias da velha ordem estabelecida, e que se fecham pela consolidação dessas ideias em uma nova organização.

Assim como de cada existência corpórea o indivíduo humano colhe mais ou menos saber e moralidade, que lhe desfazem erros e preconceitos, sempre havidos por verdades, assim, em cada período histórico, o gênero humano avantaja-se às passadas gerações pela conquista de mais alta ciência, senão de mais alta moralidade, porque o progresso não se faz sempre simultaneamente e equigradativamente pelo lado intelectual e pelo moral, mas sim, quase sempre, alternativamente, cultivando uma ou mais gerações exclusivamente o intelectual, para ulteriormente, elas mesmas, se darem ao cultivo da moral.

A verdade, pois, tem caráter absoluto e relativo; absoluto em si mesma, relativo em sua compreensão, na compreensão humana.

Resulta daí que repelir ideias novas, só porque chocam as que temos por verdadeiras, é o mais grosseiro dos erros do homem, é trancar as portas ao progresso, pois é pelo choque das ideias novas que se tem constituído a Ciência, de que já nos ufanamos, e foi por tal arte que a religião chegou às alturas em que se acha, tendo banido o tirano, o Deus de tremenda majestade, em cujo nome se passavam à espada homens, mulheres e crianças das cidades vencidas.”

 

Muita paz para todos nós.

Francesca Freitas

31-08-2015

 

 

 

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