CRÔNICAS ESPÍRITAS – 23

27/09/2015 16:32

A Crônica de hoje fala de uma força chamada Justiça. Uma força que pode aprisionar ou libertar.

A experiência relatada por um dos nossos acolhidos na reunião mediúnica, nos evidencia que a justiça distanciada do amor é extremamente danosa.

Assim, trazemos essa história para atentarmos para o fato de que a justiça, de forma nenhum, pode nos afastar do sentimento do amor.

Imperdível.

 

 

CRÔNICAS ESPÍRITAS – 23

 

Hoje relatarei mais uma história obtida no trabalho mediúnico. São tantos os depoimentos importantes que sinto dificuldade em selecioná-los para compartilhar com vocês, caros leitores.

Trabalhávamos uma ficha e, enquanto a médium vibrava, percebi um ambiente familiar em completa desarmonia. Estabelecida a conexão com este espírito em particular, senti sua presença irradiando revolta e ódio. Hesitou, a princípio, em iniciar alguma conversação, contudo, envolvido numa psicosfera de calma e acolhimento, respirou um pouco e acabou por dialogar comigo.

Relatou que não entendia o que fazíamos ali, querendo proteger uma casa daquelas, cujo responsável era um criminoso. Disse que foi trazido “à força”, mas que voltaria para acabar seu trabalho, tarefa que exigiu sua dedicação por longos anos, e que iria terminar a despeito da nossa interferência, e esse era seu único objetivo.

Falou que estava já há algum tempo nos observando e que essa atitude de proteger a bandidos era hipócrita, pois falávamos em justiça e não a praticávamos, porque ele estava ali para fazer justiça e vingar a sua própria família, com nós querendo impedi-lo. Dizia que queria acabar com a vida do senhor que obsidiava, dificultando sua respiração, e que ele, ao morrer sufocado, iria pagar e daí seu serviço teria fim.

Esclareci-lhe que desconhecia esta família e que não sabia o tinha acontecido. Era com ele que conversava e queria ouvir sua história. Ficou surpreso com a última colocação, e me contou que era um trabalhador que labutava muitas horas para tirar o sustento da sua família, e, mesmo assim, só conseguiu uma casa muito simples, mas que não tinha vergonha dela.

Nesse momento visualizei na minha tela mental um bairro pobre, semelhante a uma favela horizontal, muito populoso e em seguida muitas chamas.

O Espírito prosseguiu contando que num determinado dia, “de ruína”, houve um incêndio à noite, e sua casinha foi destruída, mas que, o pior, sua mulher e sua filha faleceram com a fumaça. Ele disse: - Me senti morto naquele dia, acabado!

Não sei se sua morte física ocorreu ali, mas certamente foi essa uma ocasião nefasta na sua trajetória.

Decidiu-se por vingar-se do responsável, como único objetivo e dizia: - Eu já estou morto mesmo, então vou matar a ele, já perdi tudo e esta é a única coisa que me faz lutar.

Observo aí uma das muitas incoerências humanas ao dizer estar “morto” ao tempo em que está falando comigo, e sente a si mesmo nas ações que pratica.

Descobriu que um rico grileiro queria as terras do bairro para lotear e mandou atearem fogo no local. Muitas vidas tiveram seu fim trágico naquela madrugada.

Nesse momento entendi sua revolta e disse-lhe que me solidarizava com sua indignação, contudo falei que precisava lembrar-se das pessoas que amou. Ele retrucou dizendo que faria justiça por elas, e que queria acabar com a vida do senhor que perseguia, dificultando sua respiração, e que ele, ao morrer sufocado, iria pagar e daí seu serviço seria terminado, e que ele mesmo teria um fim.

Ele parou um pouco e senti uma mudança na sua psicosfera, as lembranças da esposa e filha amadas vieram à tona como saudade e tristeza profundas. Tocado na alma, estava em claro conflito interior.

Como de alguma maneira achava que fazia justiça, ainda que truncada, disse que se saísse de lá (casa do obsidiado), ele ficaria livre, o que não seria justo.

Pedi-lhe para limpar seus olhos, ao que aquiesceu e daí que olhasse com calma o ambiente da casa onde estava. Ele ficou surpreso pois haviam muitos espíritos com raiva, destilando ódio no ambiente.

Pude falar-lhe que a vida não acaba com o desencarne, como ele mesmo percebeu, e que não há um fim como ele imaginou.

Pergunto-lhe se é mais importante um reencontro com as amadas ou a permanência no ódio, no desequilíbrio.

Visualizei a aproximação de ambas na minha tela mental.

Disse-lhe que poderia encontrar com elas se essa fosse sua real vontade, e que era sua a escolha de seguir com sua família ou permanecer na revolta. O que era realmente importante para ele?

Seu pensamento se voltou para a companheira amada e mergulhou nas boas lembranças da família. A saudade o fez chorar, e Misericórdia Divina entra em ação. Ele viu a ambas, longe, como vultos e me pergunta se são elas. Disse-lhe que poderia ir encontra-las e que havia muito o que aprender. Ele me agradece e parte, com inúmeras dúvidas, mas principalmente com Esperança.

Encerramos o atendimento muito emocionadas, a médium e eu, agradecidas ao Pai-Mãe de Misericórdia que a todos ampara.

 

Muita paz para todos nós.

Francesca Freitas

14-09-2015

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