CRÔNICAS ESPÍRITAS – 6

15/12/2014 08:46

Na crônica espírita de hoje conhecemos um pouco mais da história do sultão que estamos acompanhando já a algumas semanas.

Descubra como ele chegou a se tornar o sultão, mesmo quando tudo levava a crer que seria impossível.

Reflita sobre a força desse desejo de vingança e poder, e reflitamos como ele pode ser manifestar, de forma negativa, em nossas vidas.

Ótima leitura para todos.

 

 

CRÔNICAS ESPÍRITAS – 6

 

Como observado na semana anterior o Sultão tinha questões emocionais que surgiram na sua infância e aumentaram de proporção no ambiente em que viveu na sua juventude.

No desdobramento do sono retornei algumas vezes à Instituição Socorrista. Difícil de descrever, pois havia algumas construções de estilos arquitetônicos bem diversos, com jardins e gramados entre elas. Na maioria das visitas eu estava com um grupo de encarnados e desencarnados também. Alguns dos prédios assemelhavam-se aos antigos hospitais e sanatórios, porém muito belos e bem cuidados.

O Sultão estava internado num prédio destes para tratamento, e como também ocorre no Orbe, tinha uma espécie de prontuário com sua história pregressa, com relatos detalhados dos pontos mais importantes para formulação do diagnóstico e indicação do tratamento adequado naquela instância.

Um dos monitores da instituição socorrista nos fez um relato de sua história, a qual acrescentei alguns fragmentos que tinha na memória dos nossos encontros.

Perguntei o seu nome, visto ele apresentar-se pelos longos títulos e não gostar do prenome simples e comum da sua região de origem: Nassim.

Seu pai, um rico sultão, tinha uma esposa, algumas concubinas e um harém, conforme as tradições do seu povo. Com a esposa principal teve apenas um filho, criança frágil e de saúde precária. Teve mais filhos com as outras mulheres, desconhecendo que alguns nem eram dele mesmo, mas estava satisfeito com os 11 herdeiros oficiais, e achava que a continuidade familiar do trono estaria resguardada. Nassim foi fruto de uma visita do seu pai ao harém e sua mãe faleceu poucos dias após um parto difícil.

No harém em si mesmo ocorriam muitas tramas, e ele poderia não ter sobrevivido se não fosse pela generosidade de uma jovem senhora. Ela já tinha um filho com o sultão, mas compadecida com a criança, cuidou bem dele, o que gerou ciúmes do filho poucos anos mais velho.

As crianças filhas do sultão tinham professores que os ensinavam as histórias do povo, a religião, as leis, e as ciências. Nassim destacava-se na matemática, enquanto a maioria dos irmãos paternos procurava dedicar-se nas lutas e artes de guerra.

As primeiras disputas foram com o irmão mais próximo, que o espezinhava. Mais velho e forte, o agredia sempre que tinha oportunidade, e de modo dissimulado. Nassim, astuto, refinou esse comportamento e o provocava nas aulas, promovendo em ambos uma rivalidade mortal. Infelizmente era este clima de disputa que reinava entre todos os irmãos, e ficou mais claro na medida em que cresciam. Esse ambiente era promovido pelos conselheiros, pelas mães e com a anuência paterna.

Como estava entre os últimos da cadeia sucessória, raramente recebia um olhar do pai. Pai este que lembrava-se dele apenas como o filho cuja mãe faleceu em consequência de um parto difícil.

Já adolescente e destacando-se nas ciências matemáticas, poderia ter seguido o caminho do estudo e do ensino, tornando-se um futuro tutor. Convidado pelo seu professor, que se afeiçoara ao brilhante aluno, teria que renunciar ao seu direito ao trono. Enquanto pensava, seu pai falece.

Seu mestre o adverte para todo o problema sucessório que iria ocorrer, e para salvaguardá-lo o convida para acompanhá-lo, como aprendiz e assistente, em viajem a outro continente, pois tinha recebido um convite muito interessante.

Refletiu sobre os prós e os contras. Não teria a mesma vida relativamente luxuosa e farta, nem algum escravo a princípio, nem certa proteção palaciana, e não teria nenhum título! Apenas teria mais alguns anos de vida num país desconhecido.

O sentimento de rejeição foi mais forte. A aprovação do pai, nem que fosse com um olhar, não podia mais acontecer e a lembrança do falecimento da mãe de criação poucos anos antes, foram decisivos.

Todas essas emoções enraizadas ficaram-se profundamente no seu ser. Já no funeral, coberto por olhares indiferentes e suspeitos, tramou toda sua vingança. Tomaria o lugar do sultão sim, e seria ainda mais poderoso que ele. Toda a mágoa paterna foi canalizada para realizar seu intento.

Decidido, esperou alguns matarem-se entre si, e promoveu a várias tramas para acirrar as disputas palacianas, o que perduraram alguns anos. Dizimada a concorrência, subiu ao trono com pouca aprovação. Fingia confiar em conselheiros, fingia aceitar honrarias e elogios, mas no fundo não acreditava em ninguém. Quando conveniente, era um orador eloquente, e chegou a ativar admiradores fiéis no palácio.

Conseguiu o que queria, mas mantinha-se solitário e amargo, embora com disfarces, até para si mesmo. Teve mais terras, mais ouro e mais concubinas no harém que o pai, mais esposas oficiais, contudo não teve filhos conhecidos. Avisava a todas que ainda não era o momento de ter um herdeiro.

Nassim faleceu com pouco mais de trinta anos numa das batalhas que travou para conquistar mais riquezas, traído pela cobiça de um soldado, a mando de uma das mães de um rival ao cargo, cuja eliminação ele providenciou.

Esclarecimentos feitos, deixo com vocês leitores, as reflexões e analogias que certamente surgirão com a história de Nassim, e as lições contidas nesse texto de Emmanuel, extraído do livro Pensamento e Vida, por Francisco Candido Xavier, capítulo 8- Associação.

 

“O desejo é a alavanca de nosso sentimento, gerando a energia que consumimos, segundo a nossa vontade.

Quando nos detemos nos defeitos e faltas dos Outros, o espelho de nossa mente reflete-os, de imediato, como que absorvendo as imagens deprimentes de que se constituem. Pondo-se nossa imaginação a digerir essa espécie de alimento, que mais tarde se incorpora aos tecidos sutis de nossa alma.

Com o decurso do tempo nossa alma não raro passa a exprimir, pelo seu veículo de manifestação o que assimilara fazendo-o seja pelo corpo carnal, entre os homens, seja pelo corpo espiritual de que nos servimos, depois da morte.

É por esta razão que geralmente os censores do procedimento alheio acabam praticando as mesmas ações que condenam no próximo, porqüanto, interessados em descer às minúcias do mal, absorvem-lhe inconscientemente as emanações, surpreendendo-se, um dia, dominados pelas forças que o representam.”

 

 

Muita PAZ para todos nós.

Francesca Freitas

09-12-2014 

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