DORES DAS ÁFRICAS

12/05/2014 12:18

Começamos essa semana, ainda tocados pelo Dia das Mães, com uma poesia que retrata as dores das mães África.

Uma construção coletiva de toda a humanidade a África nos clama diariamente por uma reflexão.

Que tenhamos tempo para pensar e amar.

 

 

DORES DAS ÁFRICAS

 

Aldeias e mais aldeias

Neste continente imenso

A poeira parece incenso

Volitando pelo ar.

O sol queimando o chão

Sem água, o ar rarefeito

Mulher doente no leito

Dando ao filho de mamar.

 

De seus seios ressecados

Algumas gotas perdidas

Das suas mamas sofridas

Na ausência de alimentação.

O pedido da criança

De choro enfraquecido

Esquelético e esquecido

Pelo poder da nação.

 

Arrastando-se pelo chão

Nas esquinas dos povoados

No alto vesse os revoados

Dos urubus em lamento.

Eles próprios esfomeados

Esperando alguma morte

Criança com pouca sorte

Ela própria vira alimento.

 

Os dejetos viram comida

Bichos vermes e animais

Quem sabe até canibais

Deus não semeia estes carmas.

Horrores feitos por homens

Usando mal a riqueza

Que a vida humana despreza

Em vez de alimento, armas.

 

Que gritos de desespero

Que não saem da garganta

Já, a desgraça não espanta

Ao homem, nem a nação.

Os pedidos de mães e filhos

Parece que Deus não escuta

Na boca o gosto de cicuta

Por falta de água e pão.

 

O desprezo pelas vidas

É tão banal e profundo

Que a metade do mundo

Sofre de desnutrição.

Se isso é civilidade

No coração das criaturas

Impondo essas torturas

De Deus não temos perdão.

 

ACA

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