ENFEITE SEU CÉU

30/10/2012 09:05

 

Esta semana, no Momentos de Luz, Gregório compartilha conosco a vivência de uma linda experiência e o aprendizado adquirido com ela.

Tal como um menino curioso, nos convida a abrir os olhos e contemplar o brilho das estrelas, diferenciando-as das nuvens carregadas que tentam escondê-las na escuridão das vicissitudes, diariamente, encontradas.

Entrega a nós a responsabilidade de enfeitar o nosso céu, encorajando-nos a enfrentar as tempestades e contemplar os pontos luminosos que o enfeita.

Desejo que estejam rodeados de estrelas e que optem por escolhê-las em todas as situações, permitindo que as nuvens sejam passageiras. E que mantenham o “tempo” claro e propício a lindas conquistas.

Andréa                                                                          

 

 

ENFEITE SEU CÉU

 

Eis que um dia, ao acordar, deparei-me com uma luz diferente. Sem razão de estar ali presente (assim, eu pensei), tintilava, matreira, pelo quarto de dormir.

Esfreguei os olhos para identificá-la melhor. Na verdade, queria ter certeza de vê-la. O que confirmei, pois ela se mantinha lá, depois de milhões de piscas que dei.

O que seria? Fiquei a me perguntar. Não conseguia lembrar-me de nada parecido. Uma estrela particular? Sonho de menino, que ao olhar para o céu, desejava alcançar os pontos luminosos que enfeitavam a noite.

Estrelinha, estrelinha vem iluminar meu céu... Cantava toda noite de lua, quando minha mãe nos permitia deitar no jardim, olhos para o alto a contemplá-las.

Ficou ali por muito tempo. Acalmou-me! Felicitou-me! Fez-me sonhar! Adormeci. Ao novamente despertar, não estava mais lá. Fiquei intrigado! Estive a sonhar? Lembro-me de ser banhado por sua luz e...

Estava divagando, quando me esbarrei em meu cuidador. Estava sereno, rindo. Abraçou-me, convidando-me a palestrar.

 - Caro Gregório, não se angustie. Estou aqui para auxiliá-lo nas descobertas que tanto deseja alcançar. Vim, ao captá-lo curioso, ao ponto de desequilibrar-se. Tal como menino mimado, que sucumbe ao desejo de tudo ter. 

Já os falei como me incomoda a captação de meus pensamentos, embora, naquele momento, felicitou-me a oportunidade de questionar sobre a presença luminosa que me visitou.

- Por favor, explique-me sobre a pequena luz a me visitar na noite anterior.

- A estrela, como carinhosamente a chamou, foi enviada pelos que o amam. Esteve sempre lá. Por muitas noite e manhãs. Porém, somente agora, a observaste.

- Como assim? Jamais a teria ignorado, se lá estivesse presente.

- É que não a podia visualizar antes. Seu envoltório material, ainda denso, não podia captá-la em seu campo de visão.

- Ainda não compreendo. Por favor, explique-me melhor.

Pedi quase implorando, pois conhecem minha curiosidade aguçada.

- Contamos, durante toda nossa existência espiritual e material, com amigos, vou chamá-los assim, que nos dedicam seu amor. Encarnados ou não, estão sempre presentes, com o intuito de nos auxiliar na caminhada do crescimento.

- Seres mais ou menos evoluídos do que nós, que trazem em si, já presentes, o dom da caridade. Não são poucos, pelo contrario, são muitos, ligados a todos nós por afinidades diferentes.

- Sintonizados conosco, envia-nos energias salutares que nos chegam, energizando-nos. Energias que nos são transmitidas através de sorrisos, olhares, demonstração de carinho, orações.

- Não se engane. De todo coração pode sair amor, uma vez que lá é sua principal morada. Seja ele pobre ou rico, bonito ou feio, sofrido ou não, a fonte sagrada da luz divina está presente, pois o Pai não priva nenhum de seus filhos da seiva vital.

- Mesmo o espírito ignorante, que ainda não se abriu para a luz do conhecimento que nos transporta ao encontro do Criador, possui a capacidade do ato caridoso, que alcança aquele a quem se deseja auxiliar, proteger, amar.

Deslumbrado, quis saber mais.

- Como funciona tal mecanismo? Como essas energias se fundem, formando estrelas? Como a absorvemos? Como posso enviá-las? Por que somente agora posso vê-las, se sempre estiveram lá?

- Calma! Venha. Vamos caminhar.

Ao percorremos o jardim, avistamos muitas estrelas. Estavam próximas aos espíritos que circulavam. Um chamou-me a atenção e paramos para observá-lo.

Estava a caminhar de um lado para o outro, a falar consigo mesmo. Parecia perturbado. Um ponto pequeno de luz o acompanhava, parecia esperar uma oportunidade para alcançá-lo.

Perto dele, um grupo orava concentrado.  Impunham as mãos em sua direção e, pude ver que o ponto brilhante, a estrelinha, se alimentava, crescia.

Em um determinado momento, o rapaz, exausto, acomodou-se na relva, adormecendo logo depois. A pequena estrela aproximou-se cada vez mais dele, até desaparecer.

Meu cuidador direcionou-me a um banco e nos sentamos. Minutos depois o rapaz despertou. Parecia mais calmo. Ficou a contemplar o horizonte. Depois, chamado por um membro do grupo que estava a rezar, juntou-se a eles, numa palestra animada.  Não mais em desequilíbrio.

 - De nós, caro amigo, partem energias salutares ou deletérias, de acordo com a nossa escolha. É também de nossa escolha o que desejamos fazer com elas. Trabalhá-las? Transformá-las? Emaná-las? Cabe a nós.

- Quando decidimos emaná-las em beneficio ou detrimento do outro, construímos um canal de acesso, transportando-as para quem desejamos alcançar.

- E se cabe a nós a escolha de enviá-las, cabe, também, a nós, a de recebê-las. Portanto, somente nos alcança a energia que permitimos nos alcançar. Seja ela para nos ajudar. Seja ela para nos prejudicar.

- Quando salutares, se acumulam em forma de luz reluzente. Quando deletérias, se apresentam escuras, densas, tal como nuvens carregadas, ao ponto de produzir tempestades.

- Quando as aceitamos, absorvemos seu teor e somos, bem ou mal, influenciados por elas. Saímos deste processo, energizados, acalmados, esperançoso, como vimos há pouco. Ou, desgastados, revoltados, infelizes, como você pôde ver, quando ao seu retorno a terra.

- Pôde vê-las lá, com a ajuda da ampliação do campo de visão, que tem sido conquistada por você durante seu processo de estudo e crescimento. Ontem e hoje, sem ajuda, já foi capaz de percebê-la.

Entusiasmado com a nova descoberta, deixei-me ficar a observar. Nem percebi quando meu cuidador se retirou, deixando-me sozinho. Imaginei quanta diferença faria, se os espíritos encarnados soubessem deste presente divino.

Saberiam que não estavam sozinhos. Que a qualquer momento, no sufoco, no desespero, teriam onde retirar força para resolver os impasses da vida. As mães não precisariam se preocupar, pois estariam protegendo seus filhos mesmo a distância.

Visitado por meu amigo cuidador, em meus pensamentos, vislumbrei, também, o seu uso errado. Quando ciente de tal possibilidade, muitos sairiam prejudicando o outro, conscientes. O que me deixou deveras preocupado.

Tal como pai, acalmou-me, fazendo-me refletir que a todos foi dado o conhecimento do amor e de como podemos emaná-lo. Por isso, podemos ver mães, orando nas cabeceiras de seus filhos, pedindo ao Pai que olhe por eles, que os abençoe e os proteja.

E assim como, quando enraivados, destilamos nosso ódio, enviando ao causador de nossa mágoa os malefícios do nosso rancor. Empiricamente sabemos que a produção de energias malfazejas não favorece ao outro e nem a nós mesmos que a produzimos.

Imbuídos de tal conhecimento, deveríamos refletir sobre o Amor do Pai e sobre Sua confiança em nós, Seus filhos, quando nos presenteia com o livre-arbítrio.

Ao nos fornecer a luz do conhecer, nos proporciona a possibilidade de fazer escolhas. De optar pelo caminho ao qual devemos percorrer e de que forma o faremos. Deste modo, nos habilita a sermos seres de luz, capazes de decidir qual e como trilhar o caminho que nos leva de volta a Ele.

Acreditem! Encontrarão muitas estrelas e nuvens pelos caminhos das existências, cabendo a cada um de vocês a escolha de como enfeitar seu céu.

Abraço afetuoso!

Gregório

29.10.12 

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