ESPAÇO NA VIDA
“Como fazê-lo? Será que existe um para mim? Como posso encontrá-lo? Precisarei toma-lo de alguém? Brigar por ele? Existe espaço para todos? Restará algum para mim? Quanto de esforço precisarei empregar?”
Estes são os questionamentos que nos convidam a reflexão, esta semana, no Momento de Luz. Trazidos por Gregório, propõem uma discussão sobre a nossa responsabilidade na construção da nossa própria história. Na construção do nosso espaço na vida.
Boa reflexão!
Andréa
ESPAÇO NA VIDA
Um espaço torna-se seu, quando é construído por você. Não cabe ao outro construí-lo. Não pode o outro dizimá-lo, pois a existência dele somente cabe a você. E não adianta ficar esperando ele cair dos céus ou lhe ser entregue por outro alguém. Repito, é preciso construí-lo.
Como fazê-lo? Será que existe um para mim? Como posso encontrá-lo? Precisarei tomá-lo de alguém? Brigar por ele? Existe espaço para todos? Restará algum para mim? Quanto de esforço precisarei empregar?
Questionamentos feitos por muitos de nós. Quando embarcamos para vida material. Durante o processo encarnatório. Ou no retorno a vida extra física. Não importa o momento em que estamos vivendo e sim nosso grau de consciência.
Por espaço, vemos homens se digladiarem desde o início da existência humana. Aprenderam a usar a força e a inteligência para ocupar o que, na verdade, já os pertence.
Não acreditam que o Pai é justo. E jamais os colocaria em uma existência sem um motivo de ser, sem algo para viver, sem recursos para manter-lhe a vida. Como poderia impor a Seus filhos uma existência selvagem, onde necessitariam expô-la ao risco para manterem-se vivos?
Esta é uma questão nossa. Uma dúvida eterna. A de sentir-se necessário ao mundo, ao outro, a Deus. A de sentir-se pequeno o bastante para ser engolido. E forte o suficiente para deixar-se crescer o suficiente, para engolir o que se pôs à frente, com o receio de ser impedido do processo de crescimento.
Grande erro. Grande engano. Todos somos necessários a nós mesmos, ao outro, ao mundo, a Deus. Todos temos um motivo para existir e, para tanto, precisamos da vida. E se vivemos, precisamos de espaço para viver, para Ser, independente do outro.
O ato de nascer já nos concede um espaço na vida. E este espaço deve ser construído diariamente, rebuscando-se de acordo com a nossa proposta para a existência que abraçamos.
Este foi um dos assuntos mais simples e complexo que estudamos e refletimos nos encontros de preparação para uma nova existência. As salas ficavam cheias. Duas, ligadas uma a outra, no sentido de ampliar o espaço e receber o maior número de interessados.
Isso mesmo, eram reuniões abertas a quem quisesse conhecer, aprender. E não faltavam curiosos, ansiosos, por mais saber sobre a passagem de volta a vida terrena.
Alguns iam convidados por seus mentores com o objetivo de reduzir o grau de ansiedade e medo por uma nova oportunidade. Temiam fracassar, e, assim, fortalecendo os saberes, encorajavam-se para uma nova jornada.
Claus não se preocupava muito com isso. Era um assunto que não o assustava, uma vez que já o havia absorvido. No dia que o acompanhei a palestra, tinha mais curiosidade e dúvidas do que ele.
Sentei-me logo à frente. Caderno e lápis a mão, preparava-me para anotar tudo que seria dito. Precisava, finalmente, aprender. Já havíamos refletido sobre o tema várias vezes, mas retomava a ele cada vez que não me sentia apropriado à função que agora assumia.
Ainda sentia-me inseguro em ocupar o espaço de acompanhante de Claus. Não me atrevia a chama-lo de outro nome. Um simples acompanhante invisível, assim me denominava. Claus e Samuel riam cada vez que eu usava este conceito.
Na verdade, não conseguia ocupar meu espaço. Espaço que construí. Que vinha preparando-me para assumir. Que estava a desenvolver. Porém, continuava considerando pequeno demais para ele.
Esperava que Claus e Samuel repetissem, diariamente, que ele era meu de direito, para que pudesse acreditar que era. Podem imaginar minha frustação a cada riso. Era a única coisa que faziam.
Acho que haviam se cansado. Já haviam refletido comigo. Me levado entendimento, mas eu, cabeça dura, inseguro, não queria absorver. Dizia: Não consigo. Na verdade, não podia.
Querer, conseguir, poder. Qual a diferença? Onde estaria? Vou tentar explicar o que sentia. Talvez seja o mesmo que cada um de vocês tenha passado em algum momento da vida.
Querer eu até queria, mas não o suficiente. Eu acho. É que temia tanto errar, decepcionar, que eu acabava por desistir querer. Aí! Já não mais conseguia. Como conseguir, sem poder?
Poder vencer as inseguranças e o medo de desagradar, de me mostrar pequeno, incompetente, incapaz. Simplesmente, desistia de querer, e já não conseguia e nem podia.
Confusos? Eu também! Nem sabia mais o que pensava ou sentia. A vontade era sair correndo e sumir. Só para não ter que passar por tudo isso. Isso o que?
Sentiram? Que agonia! Assim, nós, humanos, agimos. E se não acreditar, insistir e seguir, paralisamos. E assim, não crescemos, aprendemos, evoluímos. E acabamos por transformar a vida numa grande dificuldade, num grande sofrimento, num imenso pesar.
Acreditamo-nos sem espaço. Desconhecemos nosso papel e responsabilizamos o outro. E nos fortalecemos, não para nos entender e nos fazer, mas para enfrentar o outro. Disputar com ele o que é achamos que é nosso. Pulsos erguidos, guerreamos, afastando-nos cada vez mais de nós mesmos, do que somos.
Disputamos e lutamos por um espaço idealizado. Que não nos pertence. Que não pertence ao outro. Que não existe. Uma fantasia que nos torna aflitos, incapazes, inimigos.
Queremos o melhor lugar. O lugar do mais amado, do mais belo, do mais inteligente, do mais forte, do mais rico e poderoso, do invencível, do que sempre acerta, do que nunca erra. Afirmo-lhes que este lugar não existe e, portanto, não pode ser ocupado.
Cada um é o que é. E é fundamental a sua existência. Se não fosse não estaria vivo, não existiria. E a cada um foi dado o que lhe é necessário para construir seu espaço, sua história. De acordo com seu planejamento e sua necessidade.
O Pai jamais colocaria um filho em lugar de destaque perante o outro. Uma vez que nos ama da mesma forma, da mesma intensidade. Não duvidem. As vicissitudes vividas por cada um de nós dependem de cada um de nós.
A construção da vida nos pertence. Somos nós que colocamos cada tijolo, cada objeto de decoração. Somos nós que escolhemos a forma, os materiais. Que a embelezamos ou a “enfeiamos”.
Então, mãos à obra. Não dá mais para ficar de braços cruzados esperando a vida acontecer. E muito menos acusando o outro pelos nossos impedimentos. É preciso agir. Não temam. Vocês podem. Confiem em si mesmos e na justiça Divina.
Até breve.
Gregório
27.10.13