ESPÍRITO AUTISTA

19/11/2011 04:04

A experiência do Momentos de Luz deste dia nos alerta que, em muitas situações, devemos colocar, no lugar das palavras, apenas os sentimentos.

Há momentos em que a razão deve dar espaço à intuição, nos restando, somente, compreender a sabedoria divina, quando nos coloca diante de situações difíceis, não perdendo de vista que somos, sempre, coautores da recuperação diante da vida.

 

ESPÍRITO AUTISTA

 

Estávamos começando a reunião mediúnica, a noite se apresentava como de costume. Tínhamos feito a prece inicial, distribuímos entre os médiuns as fichas dos pacientes em tratamento.

Comunicasse uma criatura com muita dificuldade. Os grunhidos ininteligíveis davam a idéia do que se avizinhava, pois não se podia dialogar com o amigo que chegara sem condição na fala.

Apesar da dedicação, de tentar distender as emoções do querido amigo, a doutrinadora via sua tentativa frustrada, pois nada conseguia pela palavra.

Chamado o coordenador, este tentou outra abordagem: colocar no lugar das palavras apenas os sentimentos. Envolvendo a criatura com energias sublimadas, foi limpando o campo mental dos miasmas densos, colocando a luz divina, saturada de ternura.

 Aos poucos foram aparecendo palavras entrecortadas por esgar de ódios, como se o querido amigo saísse de pântano lodoso que limitava sua liberdade física e mental.

Liberado das amarras, levantava-se em júbilo: “isto era o que eu queria! Agora estou livre, vocês vão ver quem sou eu, ninguém mais vai me prender neste corpo miserável, vou fazer misérias, porque nunca aceitei esta situação que me impuseram”

 Dava para entender que era um encarnado, que compulsivamente tinham colocado para a vida na carne, com limitações de uma criança autista, para domar a fera que se escondia nesse ser ensandecido.

Via-se, em sua psicosfera, vasta turma de crianças, que aparentemente ele tinha colocado em sofrimento. Apontava elas como sua propriedade, às quais, continuaria submetendo ao suplício que lhe aprouvesse.

As crianças que víamos estavam em lugar degradado, sujas e vestidas com roupas que mais pareciam andrajos, subnutridas e desesperançadas, deitadas pelos cantos, olhar perdido, de que estavam irremediavelmente submetidos à insensível verdugo.

Nada do que falávamos era assimilado pelo algoz dementado, repetia sua retórica de poder e opressão, sua atitude supurava ódio e violência, como fera liberada das grades, mostrava suas garras e sede de destruição.

Tentávamos, de toda maneira, impor um diálogo construtivo, para espremer do seu coração o ódio e colocar em seu mental o equilíbrio. Contudo foi tudo infrutífero, sentia-se vencedor e sem possibilidade de voltar a ser controlado.

Nada conseguimos esta noite. Com certeza haverá outras em que a espiritualidade aproveitará para submetê-lo ao equilíbrio, em seu proveito próprio e para resgate de sua vendeta, pois precisará, como todos que cometem erros, a labuta construtiva para o refacimento de sua estrada interior.

Terminada a tentativa da noite, fomos levando-o mentalmente ao seu estado de introspecção, apesar da resistência. Talvez isso seja de muita utilidade para quando despertar para a vida, em um futuro que só sua mudança interior pode conseguir.

No demais, só nos resta compreender a sabedoria divina, quando nos coloca diante de uma criança, nascida com tais e outra limitações, para que sejamos co-autores da sua recuperação, diante da vida.

Não devemos esquecer que o algoz de hoje, pode ter sido a vitima de cada um de nós, que tenhamos lhe negado o amor, levando-o a degradação moral, quando deveríamos ter sido, agentes de seu progresso.

O ódio e a violência nada mais é que a ausência do amor, por falta de cultivar nossa alma no bem e a distribuição farta para os que nos cercam.

ACA

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