FILHO DE MÃE MORTA

16/03/2015 05:59

O Momento de Luz, depois de longo período de inatividade, retorna com toda força e poesia, trazendo a dor da pobreza que nos clama pelo exercício da caridade.

A beleza está que toda essa dor vem acompanhada da esperança, nem que seja no sorriso de uma criança que nos clama: “Levanta”.

Para tanto se faz necessário a fé, fé na vida futura, fé na vida de espírito imortal.

É assim que retornamos, com Caridade, Esperança e Fé, como a nossa casa.

Bem “re-vindos”.

 

 

FILHO DE MÃE MORTA

 

Na beira da estrada velha

Chora mãe emocionada

De sofrer desesperada

De falta de pão e amor.

Sentada, o filho no colo

Sem estrada, sem caminho

Pior que ave no ninho

Que canta mágoas da dor.

 

De choro fraco e latente

Chora seu filho também

Não sabe que nada tem

Nem casa, nem leite, nem pai.

Só o sol por testemunha

As estrelas, a noite e a lua

Também se apresentam nuas

Quando a chuva fria que cai.

 

Em reza pede à virgem

Cubra sua nudez com véu

Que mande descer do céu

Um pouco de amor divino.

Quanta tristeza na alma

Quanta rudez no filho seu

Que para os anjos de Deus

Não é esse o seu destino.

 

Só tem por banho a lágrima

O mato por alimento

Por viver, tem sofrimento

Por roupa, velho farrapo.

Por cobertor, as estrelas

Nas noites de muito frio

Esconde-se a beira do rio

Sob os arbustos do mato.

 

De tanta fome e de frio

Definha-se a pobre dama

O capinzal é sua cama

Sob as estrelas e chão úmido

A fraqueza se apresenta

Sente tremores no corpo

Uma palidez de morto

Caminhar do triste túmulo.

 

Quando a criança desperta

Não reconhece o acontecido

Levanta-se bem decidido

Vamos.... Vamos mãezinha.

Em busca da liberdade

Que o sol já se levanta

Um brilho nele que encanta

Pois já é de manhãzinha.

 

De labutar levantá-la

De muito tentar desiste

Começa ficando triste

Percebe a capa da morte.

Levanta-te mãezinha

Veja que está lindo dia

Reza-me a Ave Maria

Para que eu seja forte.

 

Porque não falas comigo

Que semblante triste é esse

Será que não fiz a prece

Como tu me ensinaste.

Falo-te do meu coração

Que rezei todos os dias

As minhas Aves Maria

Do jeito que me falaste.

 

Senhor, te peço com dor

A cubra com quente manta

Porque ela é uma santa

Que vai morar com Jesus.

Sempre me falava disso

Disse-me algumas vezes

Nalgumas de suas preces

Pediu-lhe tirasse a cruz.

 

De joelhos ante a tumba

Falava a pobre criancinha

Leva-me contigo mãezinha

Mesmo na cova de morto.

Que eu quero te aquecer

Como fazias comigo

Eu quero dar-te o abrigo

Dar-te calor e conforto.

 

Vim te trazer este ramo

De flores lindas do campo

E trazer algum encanto

Às tuas dores sem fim.

Junta-as com tuas luzes

Na casa linda de Deus

Promete a este filho teu

Trazer luzes para mim.

 

Lembras-te... estava contigo

Naquelas noites de frio

Deitada a beira do rio

Acolchoando meu dormir.

Fingia que não te via

O cair de tuas lágrimas

Não se explicam em páginas

Toda a dor do teu sentir.

 

 

ACA

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