GOTAS DE LEMBRANÇAS
A CACEF deseja mais uma semana de muita poesia para todos.
Acompanhem as nossas gotas de lembrança.
GOTAS DE LEMBRANÇAS
Do norte vinha o vento ferino que intumescia os músculos
O frívolo casaco de muitas primaveras, pouco protegia.
Pois de uso, abriam-se janelas disformes no tecido rasgado
Piorando no crepúsculo do dia
Os pés parecendo nacos de madeira, que o duro frio impunha
Revestidos malmente de tamancos de couro, desgastados
E meias, sem cor, desbotadas pelo tempo
E o pior; fogueiras apagadas.
Mãos desnudas já não mais articulavam movimentos lúcidos
Em garras se fixavam, pelo frio intenso nos nódulos dos dedos
Que por falta de aconchego, ficavam ao vento frio
Desnudos de amor e de desvelo.
Rosto avermelhado do parco sangue que insistia no rosto
Em proteger a epiderme do bandido que vinha do norte
Colorindo o rosto como maças vivas e vermelhas
Para evitar congelamento e morte
Uivante, que do norte procedia em ondas de rajadas
cortando a pele sem ferir a carne, noite e dia
trazia o pólo norte em suas entranhas disfarçado
impondo sua dor e agonia
Gotículas de nevE derretida, acompanhavam a vil fera
Que PERFURAVA invisível, o cassaco pelo tempo carcomido
Deixava o corpo tenso, pelo intenso frio
E o raciocínio já dormido.
O coração pulsava rápido, combatendo a truculenta fera
As veias injetavam vida nos caminhos do corpo percorridos
Levando alimento e força aos famintos órgãos
Competentes, mas, sofridos.
Languidas nuvens passeavam sonolentas, acima das montanhas
Que temerosas e experientes de medo se encolhiam
Pois conheciam o disfarce das torpes viajantes
Que acordavam e destruíam.
O cortante sopro desprovido de pudores, invadia tudo
Rastejava nas montanhas pradarias e caminhos
Levando às criaturas, bruto desconforto
Rasgavam a carne, seus caninos.
OS Valentes CARVALHOS, AO FRIO E À FORÇA do vento RESISTIAM
EUCALIPTOS E PINHEIROS BALANÇAVAM SUAS VESTES
NAVEGANDO NA VIOLENCIA DO DESTINO ENCONTRADO
DISEMINANDO SUAS PESTES
ERAM OS HOMENS AS CRIATURAS MAIS SOFRIDAS DAS PARAGENS
LUTANDO DIA E NOITE CONTRA O DESTINO E A SORTE
POIS, A ARIDA TERRA, NEGAVA SEU SUSTENTO
PROVOCANDO FOME E MORTE.
aca