HISTÓRIA DE UMA VIDA

11/05/2015 07:39

O que sabemos da vida após a morte? Muitas são as nossas indagações a respeito do assunto. Nossa curiosidade faz com que busquemos informações, conhecimento. É instigante quando um espírito que já partiu compartilha conosco de suas experiências.

Esta semana, o Momento de Luz, proporcionará o início de um diálogo com Suzana que deseja compartilhar conosco um pedacinho da sua história. Apenas um compartilhar de vida, uma experiência diante de muitas outras, logo, não se trata do conhecimento absoluto sobre o assunto, mas o caminhar de um espírito após a despedida do mundo material.

Boa leitura!

Andréa

 

 

HISTÓRIA DE UMA VIDA

 

Eu venho de longe. De uma terra repleta de sinais de luz. Lembro-me de quando abri meus olhos pela primeira vez. Não acreditei que estava aqui. Era tudo tão novo. Tão difícil de acreditar. Fechei os olhos, apertei-os, cocei-os e, novamente, os abri. Nada havia mudado.

Estava num quarto alvo de luminosidade natural. Perfume de rosas cobria todo o pequeno espaço aonde me encontrava. Respirei fundo, enchendo e esvaziando o peito, o que me deu uma deliciosa sensação de renovação. Estava viva outra vez.

Tinha certeza que havia morrido. Diagnóstico de doença rara e incurável. Prognóstico ruim. Meses de tratamento: internamentos, altas rápidas, retornos à cama hospitalar. No último dia, sabia que era o último, recebi uma visita ilustre. Minha avó apareceu-me em sonho ou foi em espírito? Não sei ainda. Muitas perguntas ainda a responder. 

Revelou-me que era hora de partir. Que não preciso ter medo. Tudo aconteceria de forma tranquila e suave e, logo, todo o sofrimento ia acabar. Parabenizou-me pela minha coragem. Abraço-me, beijou-me a testa e partiu, retornando ao céu, local onde eu achava que ela residia.

Senti medo, saudade, confiança, tudo de uma só vez. E voltei a adormecer ou continuei a sonhar? Sei lá. Minutos depois, respirei profundamente e senti meu corpo deixar meu corpo. Uma sensação assustadora de leveza me tomou. Pensei: “posso voar”.

Vovó reapareceu. Desta vez pé fora do chão. Estava a flutuar. Deu-me sua mão e levou-me com ela. Nem deu tempo de despedir-me de mim, pensei. Olhei-me de longe e vi-me tão branca e transparente. Profundamente languida e, assustadoramente, vazia. Soltei-me um tchau imaginário e partir.

Está foi minha última lembrança. Como agora podia abrir os olhos e despertar? Tal como num pesadelo. Algo de estranho estava acontecendo. Pude mexer o corpo sem sentir dor, o que me encorajou a levantar da cama e andar pelo corredor.

Pessoas circulavam de um lado para outro, cuidando de muitos outros internos em muitos outros leitos, assim como o que eu estava há pouco. Saí caminhando sem rumo, observando com curiosidade cada canto daquele hospital diferente de todos os outros que já havia estado (foram muitos).

Havia algo diferente no ar. Era mais leve, não pesado. Cheirava flores, não a éter. Pessoas sorriam, não choravam. Não havia corre-corre, medo ou insegurança. Havia sentimento de paz, de leveza, de saúde, de confiança e de alegria.

Achei que andava anônima pelos seus corredores, embora me surpreendesse com olhares familiares e sorrisos de carinho. Cumprimentos de cabeça eram sucessivos. Cada um com quem eu cruzasse, cumprimentava-me com cordialidade e delicadeza.

Onde estou? Perguntei-me mentalmente e logo fui surpreendida por um sorriso doce que tocou meu braço e convidou-me a seguir em frente. Chamou-me pelo nome e conduziu-me a um imenso jardim, aonde passeamos por algum tempo, em silêncio. Após longa e revigorante caminhada, fez-me sentar em um banco, de costas para o hospital e de frente para o jardim. Dizendo-me: ‘Está é a casa de Deus. Seu novo lar. Seja bem-vinda a sua morada”. Gelei.

Este é o começo da minha história que quero compartilhar com vocês. Não farei deste relato um livro, mas também não poderei contá-lo de uma só vez. Peço para que possa retornar outras vezes, não mais que duas, para poder terminar um pedacinho da minha história de vida após a morte.

Por fim, só quero presenteá-los com uma frase que escutei aqui, naquele primeiro dia. “Paciência, tudo se revelará aos poucos, ao seu tempo, para que seja melhor absorvido e aproveitado no seu processo evolutivo.” Lição que levarei comigo pelo resto da vida.

Abraço amigo.

Suzana

10.05.15

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