JÁ É HORA
Às vezes, angustiados com as vicissitudes que ocorrem em nossas vidas, ansiamos por respostas. Desejamos entender o que está acontecendo e o que devemos fazer para consertar o que está errado. E ao parar para escutar, surpreendemo-nos ao escutar a nossa própria voz, o nosso próprio pensamento e encontrar o que estávamos procurando.
Esta semana, no Momento de Luz, compartilho o que escutei de mim. A partir de um momento de silêncio para ouvir os amigos de luz, encontrei-me comigo, com meus questionamentos e crenças sobre a vida.
Convido-os a um diálogo.
Andréa
JÁ É HORA
Nem sempre as coisas saem como queremos, mas isso não deve ser um fim. Se olharmos bem de perto e com cautela, podemos nos surpreender com as consequências dos tais erros “do universo”.
Não é assim que consideramos o que não nos acontece (principalmente, quando desejamos muito)? Gritamos, procuramos culpados, tentamos entender onde erramos. E diante de uma lista de “acertos” apontamos o culpado... Não importa quem seja, mas deve estar fora de mim. Eximidos da culpa, no desesperamos. Só poderia ser assim. Longe do controle de nossas vidas, só nos resta o desespero.
Se independe de mim, minha vida dá certo ou não, como posso ser seu legitimo dono? Talvez seja melhor terceirizá-la. Quem se habilita? Pais? Amigos? Companheiros? Colegas de trabalho? O governo? O próprio Deus?
Pena que não procuramos direito. Entregamo-la a qualquer um que parecer disponível. Por muitas vezes, nem mesmo perguntamos ao novo administrador se ele quer assumir a tarefa. Simplesmente, o apontamos, principalmente, quando a administração não está satisfatória.
Se algo de bom acontece, até podemos dividir com “ele” os créditos. Mas nos impropérios, somos mais generosos e saímos de cena para que “ele” receba toda a responsabilidade.
Nesta brincadeira de gato e rato, onde percorremos os caminhos a procura de culpados, esquecemo-nos do principal: viver. Esta ação exige muitas outras ações das mais simples as mais complexas, das mais singelas as mais embrutecidas.
Espero que não me entendam mal. Mas não dá para construir uma vida sem pegar no pesado, sem dar duro, sem correr atrás. Conversa fiada a de sentar e deixar fluir. Nada flui sem dedicação e trabalho. Há hora pra tudo: para a meditação, para o estudo, para o fazer. Cada um na proporção exata, de acordo com quem verdadeiramente somos.
E quem somos? Esta, talvez, seja a mais importante e difícil tarefa entre todas as outras. Exige vontade, tempo, carinho, dedicação... A partir de quem eu sou, podemos descobrir o que eu quero e como quero construir-me. Construir a própria vida.
Tarefa difícil, mas não impossível. Dolorosa, mas prazerosa. Capaz de mudar rumos. Redesenhar caminhos. Iluminar uma vida que já não brilhava mais.
Escurecemos a cada aflição. Perdemos o viço. Coibimos as alegrias. Desconhecemos as virtudes. Desabamos no desespero e esquecemo-nos de vivenciar o lindo presente que é viver.
Viver é construir-se e isso leva tempo. Antes de começar uma construção é preciso preparar o terreno, dispor do material, fazer cálculos, empreender. Sem esquecer-se do planejamento, respondendo a questões como: o que eu quero? E vale lembrar que os gostos mudam. O que apetece hoje, não serve amanhã.
E diante do caos das descobertas de que não é possível construir-se sem ter que parar para fazer reparos, modificar a planta, desconstruir para novamente recomeçar, reconstruir-se quantas vezes sejam necessárias, o que fazer?
Já é hora de acolher-se. Assim fica mais fácil. Menos doloroso. No colo é mais tranquilo pensar. A sensação de proteção torna-nos corajosos. Capazes diante das turbulências. Desejosos de recomeçar. Palavras de conforto e encorajamento brotam de nós para nós e desistimos de atacar-nos como se fossemos inimigos de nós mesmos que ficam a espreita, apontando erros e rindo das mazelas.
Já é hora de acolher-se. Perdoar-se quando algo não funcionou tão bem ou do modo que queria, lembrando-se que naquele momento era o melhor que poderia ter feito. E hoje, se pode avaliar e encontrar novos caminhos, novas formas de fazer, talvez, seja porque naquele momento conseguiu ter uma atitude, mesmo não sendo a mais acertada.
Já é hora de acolher-se. Abraçar-se de um modo gostoso. Apertado. Cheio de carinho e compreensão, apostando que agora está preparado para fazer diferente.
Já é hora de acolher-se. Olhar-se com carinho e ver além do que desaprova, reconhecendo pontos fortes e positivos que já conseguiu alcançar e panejando novas mudanças para transformar o que, ainda, não agrada.
Já é hora de amar-se, respeitando seu tempo, seu ritmo e as dificuldades que ainda não conseguiu superar. E diante deste amor, render-se, cuidando muito melhor de si mesmo. E com este cuidado construir-se e administrar a própria vida.
31.05.15
Andréa