JESUS E A VENDEDORA DE ILUSÕES

06/06/2011 11:24

Nunca é tarde para quem ama! Não adquirimos na nossa caminhada, o sustento do amor, da solidariedade e do perdão, para a refazimento na estrada, deixando-nos o peso do ouro com sobrecarga extenuante, propiciando a degradação mental, atirados na estrada à espera de socorro divino e o encaminhamento ao hospital de Jesus.

A proposta do texto de hoje é nos atentarmos para o fato de que nunca é tarde para amar e para quem ama.

Um bom dia para todos.

 

 

 

JESUS E A VENDEDORA DE ILUSÕES

 

 

Naquele pôr-do-sol inolvidável de Israel. Era no mês de Nisan (primavera, na palestina). As rosas de xaron davam gargalhadas de perfume nos montes, a gramínea verde salpicada de violetas, embalsamavam o ar de perfumes variados.

 

Na escadaria do templo de Salomão, que fora criado por Zoribavel, um homem de beleza invulgar contempla o monte Hermon, o Hebron coroado de neve. Há no porte daquele homem uma grandeza incomum: os cabelos ao vento, os dois olhos são duas estrelas cravejadas na face, a barba cindo sobre o tórax magro e a personalidade característica do Filho de Deus. 

 

Passa diante dele uma jovem mulher, vendedora de ilusões. Ela corrige uma fina roupa da Babilônia, conserta os cabelos ajaezados de gemas e olhando para ele diz-lhe: Nazareno, eu sei que tu és um Nazareno; Teus cabelos e tua barba são nazarenos. Eu desejo fazer-te um convite: hoje é o dia do meu aniversario. Quero convidar-te à minha casa nesta noite onde darei uma festa. Tu virás? Ele olhou-a . Era uma jovem estuante de vigor e sensualidade. Ele deu um toque especial de ternura na voz e lhe respondeu: Hoje, hoje eu não posso.

 

Oh, Nazareno! Eu quero dizer-te que sou a vendedora de ilusões mais famosa de Jerusalém. Pelo meu leito de veludo passaram os homens mais ricos de Israel. Hoje mesmo eu recusei um vendedor da Iduméia, um Príncipe egípcio, e um sacerdote do templo. Hoje é dia do meu aniversário e eu quero permitir-me o luxo de convidar o meu parceiro para esta noite. Convido-te a ti. Tu virás? Mulher, hoje Eu não posso.

 

Nazareno, eu não me fiz entender. Eu tenho as urnas repletas de moedas e gemas. Eu me permito o luxo de eleger quem me apraz. Quero te dizer que hoje eu sou uma mulher especial. A minha festa será uma louca bacanal. Eu quero convidar mas não cobrarei nada! Quero ter-te a meu lado para uma noite de volúpia! Colocarei uma escrava nua para bailar diante de ti, Tu virás? Mulher, hoje eu não posso.

 

Oh Nazareno! Eu  te suplico! Vem a minha casa! Eu estou tão acostumada com os homens, mas eu não te pedirei nada! Pois jamais eu vi um homem como és Tu! Eu te quero convidar para que venhas a minha casa de meretriz. Te deites no meu triclínium, enquanto eu ficarei à porta contemplando a Tua beleza. Para que eu possa dizer mais tarde, que um dia, um homem que era bom como mel, puro como a chama de fogo e nobre como a espada nua, passou pela minha casa de pecadora e não me conspurcou.

 

Vem hoje. Eu não te pedirei nada. Não estranhes se eu te falar assim, mas deixa-me dizer-te: eu Te amo!  Eu vejo nos teus olhos uma estranha chama e assim eu procedo porque Te amo! Vem! Ele levantou-se, olhou aquela mulher aturdida, e disse-lhe quase com ternura: Perdoa-me! Hoje eu não posso! Mas um dia, um dia Eu atenderei ao teu chamado. Um dia Eu irei. Não hoje.

 

Se tu não vens hoje, não voltes nunca mais! Eu sou mulher que não tem amanhã! Um dia me atarão ao poste do templo e me apedrejarão até a morte! Eu vivo no presente! Se tu não vens agora, não venhas mais belo Nazareno! Tu virás? Mais tarde! Agora não.

A mulher saiu revoltada e desapareceu na esquina do Templo.

 

Dois anos depois, o mês de gizle (Setembro /Outubro em Israel), um homem belo estava diante da multidão no poço de Betesda. Ele atendia aos corpos esfarrapados e as almas dilaceradas. Repentinamente acercouse-lhe, uma mulher nobre, falou-lhe qualquer coisa ao ouvido e perguntou-lhe: Tu virás? Irei contigo.

 

A mulher segurou-lhe a mão, atravessou a ravina e disse: Lá dento Senhor! Na furna lá dentro! Ele adentrou-se por uma gruta, fechou os olhos por causa do claro-escuro do dia, escutou um gemido, alongou as mãos de dedos níveos, foi às apalpadelas, até que tocou uma cabeça úmida de pus, arrancando os cabelos ao contato com os Seus dedos. Olhou, e aquele corpo que tresandava odores nauseantes começou a mover-se e a gritar: Foge! Que queres de min? Foge! Se vieste a busca de perfume, já não os tenho para vender e se vieste por piedade, Foge! Deixa-me morrer! Eu sou toda podridão! Deixa-me em paz. 

 

Não posso... Um dia tu me chamaste e Eu te disse: depois, quando me chamares, Eu aqui estou.

 

A mulher ergueu a cabeça, limpou os olhos em duas feridas abertas em chagas vivas: Oh, Nazareno belo! Porque demoraste tanto? Eu te esperei dois anos! Desde aquele dia, eu que já não tinha paz, perdi a alegria de viver. Porque demoraste tanto? Eu havia colocado na minha janela uma lâmpada acesa para que te iluminasse o caminho durante a noite e tu não vieste! Agora é tarde! Vê o que os homens fizeram de min! Sou um pântano de podridão! Deixa-me Nazareno! Eu te agradeço por que vieste, mas, é tarde.

 

Nunca é tarde para quem ama! Tu não viste, depois que o sol calcina a terra, a primavera beija com tranqüilidade os campos e eles explodem de flores?

Tu nunca viste nos muros velhos, a hera verdejante erguer bandeira de esperança?

Tu nunca viste o pântano drenado tornar-se pomares de frutáis e jardim de perfumes?

Assim é todo aquele que ama!

 

Tu me chamaste, Eu te disse que um dia viria. Eu aqui estou! E dobrando-se sobre a mulher ergueu-a, estreitou-a ao peito magro, saiu a claridade do dia. A mulher envergonhada e temerosa cobriu o rosto, os olhos e os lepromas da face. Ele tirou-lhe a mão.

 

Lembrou-se do diálogo de Jerusalém e olhando os olhos agora marcados de pus, Ele disse: Eu te amo! Descubro em teus olhos uma estranha chama. Não me censures. Eu assim procedo porque te amo. Já que teu corpo não te serve para nada, dá-me tua alma! E aquela ovelha que o Pai me confiou não se perderá! Vem comigo e eu te darei a paz.

 

E saiu na direção do povo: Vinde a Min todos vós que estais cansados e aflitos, tomai sobre vós meu jugo, recebei o meu fardo e aprendei Comigo que sou manso e humilde de coração! Meu fardo é leve , Meu jugo é suave! Vinde a Min!

 

 

Se tivéssemos em nossas vidas uma pequena parte da evolução moral de Jesus, pavimentaríamos a estrada da vida para nossos filhos e netos, evitando-lhe os solavancos na caminhada e fazer do ambiente da vida um Oasis do amor e da ternura.

O tempo que levariam para pavimentar a estrada moral que nós negligenciamos, usariam para a construção dos edifícios do saber, do desenvolvimento tecnológico para a preservação da vida, para a vivencia coletiva da sociedade do futuro e receber-nos como seus netos em alegria radiante, para novas experiências na carne.

O mundo seria de competição salutar, complementando-nos em conhecimento, e construindo-nos por dentro para que a dor fica-se nos anais da historia e a luz pudesse brilhar em nos com o sentimento do dever cumprido.

Isso parece bem distante, preferimos o propósito destrutivo do outro e do entorno, angariando matéria e lucros a revelia da natureza, envolvendo-nos em miasmas depressivos e afundando-nos nos pântanos da solidão, do abandono, do isolamento.

O excesso dos bens materiais torna-nos crianças a passear por shopping Center, deslumbrados com os brinquedos e as cores, não sabendo que ao anoitecer devem devolvê-los ao seu proprietário para o encerramento da noite.

Como eles, devemos devolver os bens que pensávamos nossos, para quando despertarmos do outro lado, verificar que os bens que amealhamos, tivemos que deixá-los no shopping Center, ao anoitecer da vida.   

Não adquirimos na nossa caminhada, o sustento do amor, da solidariedade e do perdão, para a refazimento na estrada, deixando-nos o peso do ouro com sobrecarga extenuante, propiciando a degradação mental, atirados na estrada à espera de socorro divino e o encaminhamento ao hospital de Jesus.

Ele nos dirá. Não pude acompanhar-te na tua vendeta pela vida, mas aqui estou para acolher-te na tua desdita. Vejo em teu rosto uma estranha chama e assim procedo porque te amo.

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