MATEUS E JESUS

27/10/2014 07:28

A semana começa com um Momento de Luz em que temos o encontro de Mateus com Jesus.

Um pouco de Nordeste, toda a beleza do sertão, num encontro de rara beleza que busca iluminar nosso coração.

Um ótimo começo de semana.

 

 

MATEUS E JESUS

 

Cantando pelas estradas

Vai Mateus o cantador

Viajando com a viola

Cantando às cores da flor

Querendo amor de esmola

Somente um pouco de amor.

 

Suas cantigas reclamam

Da sua desilusão

Dos seus espinhos na alma

De seu fraco coração

Quer o afago que acalma

Perdido na imensidão.

 

As gotas de água da chuva

Nos caminhos das veredas

Lágrimas para a amada

Que leva tempo sem vela

Porque empreendeu a jornada

Por querê-la e não querê-la.

 

O tempo que foi passando

Transformou caminho em fel

Porque deixou a cabrocha

Que era favo de mel

Coração seco de rocha

Sem amor, água e farnel.

 

Como diamantes chovendo

Os raios de sol do dia

Para a vida era manjar

Para a pele ressequida

Era arma de matar

No sofrimento da vida.

 

No desespero dos dias

O violeiro cantador

Ressoando na capoeira

Viu um homem de valor

Recoberto de poeira

Ele era nosso Senhor.

 

Os dois passaram a noite

Sentados a beira da estrada

Um tocava o violão

Outro cantava a toada

Que emocionou o sertão

Na lua da madrugada.

 

Nesta noite emocionante

Recebe o favor de Deus

Por tocatas tão bonitas

Que se ouviram nos Céus

Preencheu-se a desdita

Do violeiro Mateus.

 

Contou das coisas do mundo

Do Deus da vida e da morte

Da construção do universo.

Que era individuo de sorte

Porque cantava seus versos

Pairando sobre a morte.

 

Que podia ver as flores

Com elas se emocionava

Mesmo na caatinga ardente

Às vezes elas chegavam

Rebentando da semente

No frescor da madrugada.

 

Flores do sertão amarelas

Representam a luz do sol

No charco, rosas e azuladas

As vermelhas são de amor

Nas florestas, misturadas,

Todas de nosso senhor.

 

Em verdade as vermelhas

São as que mais nos seduz

Foram por Ele pintadas

Pingos de sangue da cruz

Quando foi crucificado

As esperanças da luz.

 

Neste encontro sofrido

Que fez chorar a viola

Não houve nem despedida

No dia que foi embora

Nosso senhor para o Céu

Cantou ele mundo afora.

 

A chuva caiu mais tarde

Encharcou todo o sertão

Fazendo nascer o mangue

Toda em flor a imensidão

Flores vermelhas de sangue

Sangue de nosso senhor.

 

A dor que fora profunda

Ficou no canto, jogada

No rio de emoções santas

Não tem mais água parada

No violeiro que ainda canta

Sobre Jesus, pela estrada.

 

ACA

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