MATEUS E JESUS
A semana começa com um Momento de Luz em que temos o encontro de Mateus com Jesus.
Um pouco de Nordeste, toda a beleza do sertão, num encontro de rara beleza que busca iluminar nosso coração.
Um ótimo começo de semana.
MATEUS E JESUS
Cantando pelas estradas
Vai Mateus o cantador
Viajando com a viola
Cantando às cores da flor
Querendo amor de esmola
Somente um pouco de amor.
Suas cantigas reclamam
Da sua desilusão
Dos seus espinhos na alma
De seu fraco coração
Quer o afago que acalma
Perdido na imensidão.
As gotas de água da chuva
Nos caminhos das veredas
Lágrimas para a amada
Que leva tempo sem vela
Porque empreendeu a jornada
Por querê-la e não querê-la.
O tempo que foi passando
Transformou caminho em fel
Porque deixou a cabrocha
Que era favo de mel
Coração seco de rocha
Sem amor, água e farnel.
Como diamantes chovendo
Os raios de sol do dia
Para a vida era manjar
Para a pele ressequida
Era arma de matar
No sofrimento da vida.
No desespero dos dias
O violeiro cantador
Ressoando na capoeira
Viu um homem de valor
Recoberto de poeira
Ele era nosso Senhor.
Os dois passaram a noite
Sentados a beira da estrada
Um tocava o violão
Outro cantava a toada
Que emocionou o sertão
Na lua da madrugada.
Nesta noite emocionante
Recebe o favor de Deus
Por tocatas tão bonitas
Que se ouviram nos Céus
Preencheu-se a desdita
Do violeiro Mateus.
Contou das coisas do mundo
Do Deus da vida e da morte
Da construção do universo.
Que era individuo de sorte
Porque cantava seus versos
Pairando sobre a morte.
Que podia ver as flores
Com elas se emocionava
Mesmo na caatinga ardente
Às vezes elas chegavam
Rebentando da semente
No frescor da madrugada.
Flores do sertão amarelas
Representam a luz do sol
No charco, rosas e azuladas
As vermelhas são de amor
Nas florestas, misturadas,
Todas de nosso senhor.
Em verdade as vermelhas
São as que mais nos seduz
Foram por Ele pintadas
Pingos de sangue da cruz
Quando foi crucificado
As esperanças da luz.
Neste encontro sofrido
Que fez chorar a viola
Não houve nem despedida
No dia que foi embora
Nosso senhor para o Céu
Cantou ele mundo afora.
A chuva caiu mais tarde
Encharcou todo o sertão
Fazendo nascer o mangue
Toda em flor a imensidão
Flores vermelhas de sangue
Sangue de nosso senhor.
A dor que fora profunda
Ficou no canto, jogada
No rio de emoções santas
Não tem mais água parada
No violeiro que ainda canta
Sobre Jesus, pela estrada.
ACA