MEDO DE QUÊ?
Esta semana, no Momento de Luz, Gregório retoma a vivência compartilhada no dia 26.01.2014. Em busca do entendimento de um fragmento de lembrança de uma vida anterior, depara-se com a necessidade de questionar-se no presente.
Rodeado de livros e de tecnologia ressalta a importância do viver e do compartilhar vivências no aprendizado. Na convivência com outro aprendemos e ensinamos. “O que ocorre ao nosso redor tem por função participar da nossa formação, do nosso processo evolutivo”.
Boa leitura!
Andréa
MEDO DE QUÊ?
Vinte volumes. Pensei, enquanto caminhava em direção à biblioteca. Preferimos deixar os livros e lê-los lá mesmo. Aquele lugar “mágico”, com certeza, nos forneceria energia para encontrar o que procurávamos.
Marcamos no finalzinho da tarde, após a oração, assim poderíamos cumprir as missões do dia e nos entregarmos à leitura noite adentro. Confesso que adorei esta parte. As noites são longas quando não há nada para fazer. Por aqui, o sono reparador torna-se menos necessário, à medida que se alcança a consciência dos fatos.
Caminhando e pensando. Passos largos com pressa de chegar. Eu e Claus nos separamos depois da oração. Ele precisou passar no hospital para visitar um amigo recém-chegado da vida material. Convidou-me a acompanhá-lo, mas eu estava ansioso para começar as pesquisas. Combinamos que eu chegaria à frente para separar os volumes.
Pensamentos nas alturas. A primeira questão a ser respondida seria: O que procuro? Ainda tinha dúvidas sobre o que procurar. Reencarnação. Podem responder. Mas eu queria ir mais longe. Mais a fundo.
Por que vivemos as vidas que vivemos? Por que mudamos de Gênero? Por que lembrar agora? Por que surgir imagens e desaparecer? O que eu precisava aprender?
O estado evolutivo explica muitas destas perguntas. Vivemos o que precisamos vivenciar. Não importa o gênero, mas ás vezes ele ocorre como uma necessidade para o processo evolutivo. Lembramo-nos do que precisamos. Não é porque foi vivenciada que foi aprendida, logo, muitas vezes, é preciso lembrar para reafirmar o aprendizado. É preciso preparar-se. A primeira lembrança surge como o início para uma grande jornada.
Ao chegar já sabia do que precisava: aprofundar o que já conhecia. Então, pus-me a buscar os livros anteriormente separados. Ao termino da minha tarefa, Claus chegou. Parecia bem disposto. A visita o fizera bem.
- Como está seu amigo?
- Adaptando-se a nova vida.
Queria saber mais. Talvez pudesse aprender com sua experiência. É um erro acreditar que o compartilhar é pura “fofoca”. Convivemos uns com os outros, para aprender uns com os outros. Compartilhar é ensinar e aprender com as experiências já vividas.
A diferença entre compartilhar e o fofocar é o respeito com o qual tratamos o autor e a sua história. Contar por contar e/ou contar para criticar ou julgar é desrespeitoso. Compartilhar para ensinar, sem nem precisar entrar em detalhes sobre quem e onde vivenciou, é um ato de sabedoria, um gesto de amor.
É perda de tempo não aprender com as experiências já vividas e, novamente, precisar vivenciá-las. Embora, cada um tenha seu tempo de absorver um conhecimento, o que se faz necessário respeitar. Mas é necessário ficar atento. O que ocorre ao nosso redor tem por função participar da nossa formação, do nosso processo evolutivo. Uma vez aprendido, passamos para uma nova etapa.
Claus se fez presente em meu meus pensamentos e continuou a falar sobre o amigo, sem que eu nada pedisse.
- Encontra-se descansando. O sono reparador se faz necessário. Mesmo tendo construído uma linda e consciente caminhada na vida material. Precisa de tempo para adaptar-se a vida espiritual.
- Trata-se de um trabalhador experiente, que retorna a casa, após uma longa jornada. Repousa tranquilamente, uma vez que se sente feliz por ter cumprido os objetivos que traçou como missionário.
- Do que se tratava sua missão?
- Fora um educador. Tinha por compromisso aproximar o Homem de Deus. Fez de sua vida um exemplo. Buscou orientar os irmãos quanto a moral e a ética. Dedicou-se às universidades, à pesquisa e à escrita de livros. Promoveu discussões. Levantou questionamentos. Estimulou os estudos. Repercutiu suas ideias. Encantou muitos. Fez seguidores e inimigos.
- Por que nada é perfeito? Se tanto fez pela humanidade, por que fez inimigos?
- Porque não só encontramos flores pelos caminhos. Também há a terra seca que precisa ser ceifada. Há os que estão abertos, mas também há os que estão fechados. Tudo há seu tempo, já dizia Jesus.
- Vamos. Há muito que fazer. Em poucos dias, ele estará de pé. Levá-lo-ei até ele e poderá desfrutar de sua companhia e aprender com suas vivencias.
Não sei se devo perguntar, mas... É que senti algo estranho quando me falou sobre ele agora. Deveria ter ido com você.
- O que sentiu?
- Que a sua chegada tem haver com a minha lembrança.
- Tudo há seu tempo. Concluiu a conversa, pegando o primeiro livro para ler. Tratava-se do Evangelho. – Vejamos o que diz o Cristo sobre vivencias passadas.
Leu um trecho que eu ainda não conhecia. Jesus falava sobre os que vieram antes e preparam o caminho para o que chegariam depois. Um momento de partilha das responsabilidades. Os primeiro deveriam preparar o caminho que deveria ser seguido pelos que chegariam.
As conquistas da primeira vivência repercutiriam na caminhada das vivências seguintes. Nada contabilizado se perderia. Tudo seria reiterado para aprofundamento nas vivências subsequentes. Como o aluno que soma um a um os conhecimentos que adquire, chegando cada vez mais longe.
- Se assim ocorre por que esquecemos?
- Por que quis esquecer?
Devolveu-me a pergunta, deixando-me sem fala. Voltei ao livro.
Fiquei a pensar na pergunta pelo resto da noite e a levei para casa, sem encontrar a resposta. Ao despertar, peguei uma folha em branco e pus-me a escrever quais os motivos me fariam querer esquecer algo já aprendido. Listei
• Medo
• Insegurança
• Não ter aprendido direito
• Receio
• Vontade de esquecer por ... medo
A palavra medo me vinha muitas vezes. Então mudei a pergunta. Medo de quê? Passei dias para responder.
Até breve.
Gregório
10.02.14