MEIO AMBIENTE E SOBREVIVÊNCA

01/08/2010 07:49

O nosso Momento de Luz, neste domingo, foca sua atenção para a ecologia.

Dentro de uma perspectiva de transmutação de atitude, tão trabalhada nos textos durante a nossa semana, o nosso Domingo vai ser reservado para a reflexão sobre as nossas atitudes diárias, o tomar consciência do cidadão, gerando reflexos para o seu crescimento e o da humanidade.

E é com extrema alegria que apresentamos o texto da nossa amiga Ana Cláudia. Nele, temos um alerta para a inércia individual e social.

É muito difícil sairmos de um padrão que estamos acostumados. Mas, e se este padrão já não se justifica, se já não estiver nos fazendo bem? Será que seríamos capazes de mudar? De abrir mão de certas coisas, para abrir a possibilidade de coisas novas?

Pode ser até difícil, mas o texto indica que é urgente, e a sua leitura já é suficiente para nos colocar a andar, sair de como estamos para uma maior consciência sobre a vida, SEJA ELA QUAL FOR, no nosso planeta Terra.

 

 

MEIO AMBIENTE E SOBREVIVÊNCA

 

Comportamentos aceitos como politicamente corretos foram convertidos, ao longo dos anos, em preconceitos de diversas ordens a exemplo do racismo, especismo, homofobia, entre outras formas de submissão e humilhação, pregadas pelos homens. Entretanto, este quadro está sendo superado com a luta dos que querem o fim da intolerância, lógica justificante para o nazismo, triste episódio promovido pelo homo sapiens(?). 

 

Adotamos como práticas ordinárias, e ditas como culturais, gente fazendo trabalho escravo (vide as agremiações carnavalescas soteropolitanas), touradas, rinhas de galo, rinhas humanas - aceitas como formas de lazer - cantigas de roda de conteúdo questionável “atirei o pau no gato, mas o gato não morreu...”. Dedicamos nosso tempo a discutir rótulos mais que conteúdos.

 

Na atual conjuntura não há mais tempo para reflexões alicerçadas em nacionalismo, pois a escassez de bens básicos e a violência com as demais espécies, são fenômenos que crescem aceleradamente em todas as partes do orbe e, se não forem implementadas medidas eficazes, em âmbito supraestatal, todos sucumbiremos juntos.

 

Fábio Konder Comparato, Professor Doutor Titular aposentado da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, adverte que a natureza tradicionalmente convencional do direito das gentes torna improvável a organização de um sistema eficaz de proteção do meio ambiente no mundo, dada a inexistência de uma instância supranacional que limite a soberania estatal nessa matéria e puna os responsáveis, muitos dos quais são grupos multinacionais ou transnacionais de empresas. Esclarece que hoje a consciência ética universal exige a inclusão dos atos de degradação significativa do meio ambiente na lista dos crimes contra a humanidade.

 

Quem tem respeito pela natureza respeita a si mesmo e ao outro, seja de qualquer espécie. De acordo com informação da ONG baiana Terra Verde Viva, nos Estados Unidos foram entrevistados, por uma ONG de proteção animal, 100 criminosos de alta periculosidade, ficando constatado que 98 deles começaram a vida criminosa maltratando cães, gatos, pássaros e cavalos. A UNESCO editou Recomendação, em 1974, pontuando que toda manifestação de vida sobre a terra é única, razão pela qual lhe devemos respeito e proteção, independentemente de seu valor aparente para espécie humana.

 

No cenário caótico que a pós modernidade descortinou, urge que se opere  mudanças no modus vivendi da civilização. É hora de valorizar a vida seja ela vegetal, animal ou hominal. É época, em que felizmente está na moda, a alteridade, o respeito às diferenças, que, não tenho dúvida, promoverá o planeta a local de regeneração. Não esqueçamos que quem legitimou o homem como ser mais importante da criação foi o próprio homem. As outras espécies não existem exclusivamente para nos servir, sendo relegadas à extinção se não executarem seu oneroso ofício. Ao contrário, eles habitavam o orbe antes da nossa desastrosa chegada.

 

O discurso sobre o esgotamento dos recursos energéticos e maus tratos com os animais foi inaugurado no século XX, ainda que de forma incipiente. Vale ressaltar o incansável trabalho voluntário dos ativistas que, em grande parte com recursos próprios e limitadíssimos, fazem o milagre da defesa da vida socorrendo animais irracionais e animais humanos relegados ao abandono pela sociedade e órgãos públicos. Uma gestão cosmopolita do mundo certamente requererá o fortalecimento destes atores sociais que necessitarão estar apoiados numa legislação em âmbito supraestatal eficaz.

 

O pressuposto da construção de uma sociedade justa tem como um dos parâmetros a superação da dicotomia entre homens e ambiente pacificando o entendimento que a casa é uma só: o planeta terra. Que possa a humanidade reverter o panorama sombrio que se ergueu sobre sua existência edificando de um futuro verde, é nosso desejo.

 

Ana Cláudia Pereira de Andrade

Bacharel em Comunicação Social/UNEB, Acadêmica em Direito/UCSAL e Ativista do Movimento em Defesa dos Animais da Bahia.

NOTA: Quem quiser aprofundar o tema, pode baixar o texto de Aninha.

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