MENTES EM DESEQUILIBRIO
“Terceira semana e nova tentativa infrutífera, a prepotência estava arraigada neste ser doente, talvez mais temeroso da mudança do que convencido da grandeza que propalava sobre seus domínios, nos umbrais da inconsequência.”
O Momento de Luz traz uma história emocionante que evidencia a nossa capacidade para criarmos armadilhas psicológicas que nos afastam das nossas responsabilidades. Contudo, a história também nos informa que tudo se dá no tempo correto do indivíduo. Uma vez habilitado, o dia do tomar de consciência pode ser considerado a nossa verdadeira ressurreição.
Apreciem o relato.
MENTES EM DESEQUILIBRIO
Era uma noite comum de trabalhos mediúnicos, NO ANO DE 2003, a ficha que o médium tentava se ambientar, para a atração magnética pertencia a uma criatura em cujo ambiente familiar se estabelecia freqüentemente o desequilíbrio.
Um dos componentes desta família era esquizofrênico, levara anos vivendo nos liames da loucura, sem qualquer assistência medica ou espiritual. Fora desencadeada esta situação por ter o indivíduo sido despedido do emprego que amava e cuja dedicação era total, amargurado e desempregado, caiu nas garras do desequilíbrio.
Quando depois de tanto tempo, sem os devidos cuidados, a mente já estabelecera a doença física e a simbiose com criaturas desequilibradas dos umbrais; as agressões físicas já eram praticas corriqueiras no seio familiar. Sentiram os familiares a necessidade de buscar e o tratamento por todos os meios possíveis: desde a psiquiatria até o auxilio espiritual.
Estabeleceu-se a comunicação mediúnica, o doutrinador começa sondando as necessidades do espirito, para que se pudesse estabelecer a cordialidade e assim os liames mentais entre obsessor e obsidiado pudessem ser desfeitos com o encaminhamento caridoso ao refazimento, em setores próprios dos estabelecimentos espirituais.
Era um caso típico de irmão perseguindo irmão, declinou seu nome e disse que o objetivo era acabar com a família, que com a mãe não conseguia nada porque a lembrança de ser filho lhe impunha limites à sua consciência, que não fora devidamente ajudado, portanto toda a família deveria sofrer a dor, o frio, e a vergonha, como ele, que desencarnara na sarjeta.
Depois de muita conversa de esclarecimento, sentindo a imperiosa necessidade do descanso e da correção de rumo, concordou no afastamento para lugares onde o tratamento, o carinho e a compreensão não lhe seriam negado.
Comentando, o que era possível, com o membro da família que nos havia procurado, descobrimos que este irmão existiu nesta vida. Pedi para que me contasse essa historia e foi confirmado tudo o que o espirito me havia contado.
Na semana seguinte; chega através dos métodos já mencionados, ligado à mesma ficha; outra criatura, arrogante e segura de si, via-se que já conhecia os métodos usados nas reuniões mediúnicas. Reclamava solenemente da retirada de seu pupilo, cujo indivíduo, fora o queixoso ante ele, que era Juiz, nas paragens dos umbrais típicos de sofredores, (vítimas manipuladas por gangues de criminosos impiedosos que, para manter as mentes acorrentadas, oferecem a fantasia da vingança, da agressão ao suposto inimigo, e da cobrança feroz dos débitos virtualmente estabelecidos).
Frio e impiedoso, não alterava a voz, cheio de ração, desafiava o doutrinador a que mostrasse nas letras da lei dos homens, quem estava com a razão. Era um juiz, fora escolhido por entidades do meio em que vivia, numa aparente normalidade de democracia. Quando o juiz na carne condenava um criminoso em tribunal competente, não ficávamos felizes quando pagava sua pena? Dizia ele; Que parte da lei havia infringido para que nós “analfabetos do conhecimento jurídico” afrontássemos a autoridade dele, em cujo tribunal fora o encarnado condenado à esquizofrenia, a degradação moral, e a não lhe ser possível ser o sustento do lar, em cujo seio todos tinham débitos com as leis da vida.
Foi uma noite em que a criatura não se curvava ante a razoabilidade dos argumentos, era frio nas letras da lei, atrás de cuja frieza escondia a sua vendeta. Não lhe importavam as leis de Deus; as dos homens eram mais úteis a seu propósito de poder e de Vingança perante os vassalos desregrados, em cujas mentes corriam sentimentos similares.
Na semana seguinte: mesma ficha, mesmo horário, lá estava a figura doentia, debatendo suas convicções, em tentativa frustrante de convencer-nos da sua retidão, em levantar a bandeira da moralidade jurídica, descrevendo o rito do julgamento inapelável, oferecido à criatura que lhe escapava das garras, pelos recursos do convencimento e de mudança mental a qual o conduzíramos e ele aceitou.
Terceira semana e nova tentativa infrutífera, a prepotência estava arraigada neste ser doente, talvez mais temeroso da mudança do que convencido da grandeza que propalava sobre seus domínios, nos umbrais da inconseqüência.
Apesar de tudo; já se vislumbrava um certo “que” de fraqueza nas suas convicções. Já se notava que a certeza dava lugar a uma necessidade de mais debate, que o que para ele parecia inexorável até o momento, poderia ter, quiçá, uma leitura um tanto diferente, que suas verdades, inquestionáveis a principio, poderiam ser revistas. Começava a compreender que em nossas palavras não havia a luta pela supremacia do poder, que a abertura dos grilhões para o conhecimento dele, era nossa única pretensão para o esclarecimento da verdade, que não éramos surrupiadores de almas para desmoralizá-lo, que nosso objetivo era abrandar sua dor.
Marcamos para a semana seguinte um novo dialogo, dado o avançado da hora e também para dar tempo a que ele assimilasse as novas informações.
Na quarta semana; sua presença já era amena, decidido a ser convencido de seus erros, “se eles existiam”, chegou dizendo: Ok, mostre-me como estou errado, tanto por condenar um criminoso, como minha desqualificação para julgar.
Pedi para silenciar sua mente do preconceito, para deixar-se levar aos meandros de sua consciência e ver sua história, sua passagem pela carne, seus atos e desatinos em sua vida passada. Era uma viagem impressionante, sua dor era apaziguada pelos fluidos que se lhe aplicavam, ia narrando sua história em estado hipnótico ao qual o havíamos levado com seu consentimento.
De repente, um susto e relutância em entrar em sua vivência mais perniciosa. Com cuidado e amor, fomos conduzindo sua mente a penetrar na caverna mais escura de sua inconsciência, quando viu: era uma figura poderosa de um campo de concentração, suas atitudes de comando sobre seus subordinados degradavam as criaturas que estavam sob sua guarda para serem exterminadas em fornos crematórios.
Seu sofrimento não se pode narrar, sua alma estava vazia, caiu de seu pedestal de maneira aterradora, consciente de sua vida criminosa, pedia amparo para se reerguer deste seu lamaçal, cultivado por muitos anos em sua mente desequilibrada. A espiritualidade superior o acolheu em nome do Cristo, que recebe em seu rebanho mais uma ovelha desgarrada.
De nossa parte só nos resta agradecer a oportunidade de servir e o aprendizado para corrigir nossas vidas, para não passar por experiências parecidas, na vida alem túmulo, que se abeira em silêncio.
Anos mais tarde na mesma família
Era uma senhora que me procurava para se informar sobre acontecimentos com sua filha, (criança de 5 a 6 anos). Eu a conhecia e ela sabia que eu trabalhava num centro espirita. Narrava que sua criança, de vez em quando, prometia que se mataria; que se jogaria da sacada de sua casa de dois andares, outras vezes que se cortaria com uma faca.
O psicólogo não encontrava nenhuma anormalidade nesta criança, pelo menos não lhe parecia que fosse um estado permanente de desequilíbrio, portanto era algo esporádico que não podia detectar.
Fizemos, como de costume, uma ficha com os dados dos pais e da criança e levamos para a observação de um médium, para que este tentasse captar algum sentimento da situação psicosférica da menina, que pudesse estar influenciando seu psiquismo.
Chegou através da médium uma criança revoltada, declinou seu nome, nos disse que mataria “a criança encarnada” pois eram velhos amigos de outras datas e que ele estaria na frente para nascer, ela o atravessou, “segundo suas palavras”, se jogou na frente, tirando-lhe a vez.
Conversamos longamente com o espirito de aspecto infantil, de como estava perdendo tempo e que se poderia preparar para vir, quando tivesse condições para tanto, de maneira planejada, já que, ao que parece, a outra criança o fizera à revelia, se isto pode ser feito (1).
Neste momento, chega através de outra médium, outra criança que lhe falando de modo característico, o convida a ir com ele, que não seja bobo, que no lugar em que ela está é mais fácil para ela se preparar e ter essa oportunidade. Consegue convencê-lo, termina o 1º ato.
Passa-se uns dois anos, esta mãe fica gravida e no devido tempo nasce um menino que cresce amado por todos, em especial por sua irmã, que tudo fazia para acalentá-lo. Quando fazia uns 4 a 5 anos esta criança, vira para sua querida irmã e sem mais nem menos disse (eu queria te matar porque você veio na frente e era minha vez) de maneira natural e como se fosse algo corriqueiro.
A mãe me procurou assustada, pois jamais havia comentado essa tendência suicida da irmã, nem sequer associou ao que havia acontecido. Por nossa parte ela jamais soube do que ocorrera na reunião mediúnica, exceto que a filha tinha melhorado depois do tratamento à distância, efetuado por nosso grupo.
Foi devidamente acalmada: que não ligasse para o que a criança havia dito, já que criança fala o que vem na cabeça. Sei que não a convenci por completo, mas eu não poderia declinar toda a historia e arriscar algum tipo de medo ou preconceito para com o menino.
Hoje, eles têm um convívio normal, acho que tudo foi esquecido, graças a Deus foi apenas uma lição para todos nós que lidamos com as criaturas dos dois lados da vida.
(1) alguns livros explicam que: a maioria dos reencarnes se dão, depois de preparo apropriado em instâncias superiores da espiritualidade, em acordo com o espírito reencarnante. A alguns é imposta a reencarnação por não terem os espíritos condições de discernir. Outros o fazem empiricamente, porque surge a oportunidade e o fazem à revelia.
ACA