MOMENTOS SUBLIMES DE APRENDIZADO
Após longa ausência, devido minhas dificuldades de tempo, retomamos ao Momento de Luz. Confesso que ao longo destes dias, senti uma enorme saudade destes encontros semanais, tão ricos em acolhimento, partilha e aprendizado.
Momentos Sublimes de Aprendizado, como não podia deixar de ser, o Momento de Luz de hoje, remete a experiência como esta que descrevi acima. Quando é preciso “parar, permitir-se observar, questionar-se, aprender”.
Fala também sobre respeitar o nosso tempo e o do outro, compreendendo nossos limites e dificuldades e seguindo, passo a passo, sem pressa e sem atropelamentos. E, novamente, convida-nos a refletir sobre a “seiva” que nos alimenta e sobre o nosso processo de adquiri-la.
Curiosos? Não os deterei mais.
Boa leitura! Boa reflexão!
Andréa
MOMENTOS SUBLIMES DE APRENDIZADO
Certa vez, ao caminhar por aqui, avistei algo de incrível beleza. Pequenos animais bebericavam fluido silvestre de flores belíssimas e perfumadas. Não me lembrava de ter vivenciado cena tão doce, quando na vida material.
Sentei-me o mais próximo que pude e, por horas, deixei-me ali, a admirar profundo momento de descoberta. Observei cada delicado caminhar e a suavidade com que cada um deles extraía de outro ser vivo o néctar que os alimentava.
Respeitavam uns aos outros, permitindo que cada um, ao seu tempo, cumprisse o seu fazer, sem apressar o mais vagaroso ou cobrar do mais faminto que reduzisse a quantidade que o satisfaria.
Pensei em mim e na minha jornada até ali. Quantas vezes não havia me desligado de todo o resto para dedicar-me exclusivamente ao que era realmente necessária, à manutenção da minha existência?
Respirei fundo, ao lembrar-me das inúmeras vezes que desviei meu olhar e meu caminho para o que realmente não importava. Preso a desejos incompreensíveis, busquei desenfreadamente o que, consequentemente, desequilibrou-me e estacionou o meu crescer, afastando-me do eu que deveria dedicar-me a fazer.
Senti-me pequeno diante de tal lembrança, até dar-me conta que repetia o que acabava de julgar desnecessário ao meu processo de crescimento: o desviar do meu olhar para o não feito e sucumbir.
Mudei, rapidamente, o curso dos meus pensamentos. E optei por questionar-me: o que estou aqui a aprender?
No decorrer da caminhada, paramos diante do que nos toca a alma por um impulso de atender, sublimemente, ao um chamado interno, conduzido por nossa íntima relação com o criador. O nosso proposito de crescer grita dentro de nós. E procura maneiras de nos alertar e estimular a voltar ao caminho certo, cada vez que nos desviamos dele. Portanto, é necessário ficar atento para perceber ambos.
Parar, permitir-se observar, questionar-se, aprender. Este é um percurso saudável a percorrer. Para tanto, é preciso atentar para o que ocorre dentro e fora de nós.
Na maior parte do tempo, caminhamos a ermo. Desligados do que acontece no nosso íntimo e ao nosso redor. Desconhecemos o que significa o que sentimos fisicamente e psicologicamente.
Angústias, medos, dores, doenças, acontecimentos... Chamados que nos convidam a reflexão. Ao olhar minucioso que interroga o que está acontecendo. Que procura por respostas. Que indica um novo ser, sentir, fazer, caminhar.
O “não ver” amplia e cronifica as dores, retarda nosso crescer, impede-nos de, mais rapidamente, conquistar novos patamares do processo evolutivo. Embora não esquecendo que cada um tem seu tempo e a maturidade é necessária para apreciação destes momentos sublimes de aprendizado.
Retornemos a mim e ao meu processo de aprendizado. Nada como o compartilhar de experiências para facilitar o aprender.
Ao questionar-me, busquei os detalhes do que via. Acreditei que assim facilitaria o encontro das respostas. Vamos à cena e as minhas percepções:
A seiva remeteu-me ao amor. O alimento do corpo e da alma. Uma necessidade humana incompreendida que, frequentemente, leva-nos a cometer atos de insanidade.
A delicadeza e o respeito com que era extraído envergonharam-me. Os pequenos seres sabiam como fazê-lo. Sem machucar. Sem destruir. Compartilhavam com os outros, sem posse. Cada um na medida em que precisa, sem excessos.
Notei também, que este gesto afagava o doador que se iluminava, em uma troca harmoniosa. Por entender que estava ali para alimentar, para doar-se e poder cumprir o que tinha a fazer, fortalecia-o.
Diferente de nós. Que desejamos tanto, sem limites, que por muitas vezes sugamos até a última gota. Sem cuidado, sem respeito, sem perceber a demanda do outro, a quem dizemos também amar.
Sentimo-nos donos. Acreditamos que amar é ter. Que o simples estar ao lado é o suficiente. E que merecemos receber: atenção, carinho, dedicação, o ser, o sentir e o fazer do outro.
E quanto a nós? Qual o nosso papel nesta relação? Esquecemos que é uma relação. E que relação determina troca, partilha. Alimentar e ser alimentado. Amar e ser amado.
Penso que a grande questão é que ainda não compreendemos o amor. Subdividimos em tipos de acordo com o receptor. Discorremos sobre ele. Cada vez mais o repetimos. Porém, não o sentimos como verdadeiramente o é.
No evangelho segundo o espiritismo é descrito como “sol interior”. Quando falamos em sol, questionamos o tipo? Sabemos que a intensidade de seus raios muda de acordo com a cada estação, localidade e, realmente, isto é fato. Mas continua sendo o mesmo o sol.
Assim deve ser o amor. Sua grandeza deve ser única, mesmo que a intensidade de seus raios mude de acordo com quem vai recebê-lo. Impossível amar igual, mas o valor do amor deve ser o mesmo.
E seu valor se constitui na conjunção de outros valores tais como: respeito, compreensão, perdão, entendimento do compartilhar, do saber do como ser e agir perante o outro... As fontes internas de amor precisam das externas e vice-versa. Uma não sobrevive sem a outra.
Outro ponto que me chamou a atenção foi o respeito ao tempo de cada um. Cada um no seu ritmo. Algo que nos angustia infinitamente. Estamos sempre correndo quanto ao tempo. Não o aproveitamos ao nosso favor.
Determinamos como deve ser, esquecendo que tudo tem seu tempo de ser. A fruta não amadurece fora do tempo. Se temamos em colhê-las antes do tempo, não desfrutamos de todas as suas delícias e nutrientes.
Não entendemos e respeitamos nosso próprio e muito menos o tempo do outro. Queremos avançar de qualquer jeito e arrastar os demais conosco. Ou nos deixamos arrastar, invejando o que já foi conquistado por outrem.
Simplesmente não dá. Não é possível. Esta ansiedade prejudica nosso caminhar. Ou nos paralisa, ou nos faz atropelar pontos fundamentais ao nosso crescimento.
É preciso ter calma. Paciência. Respirar fundo (Ótimo recurso. Uso sempre que necessário). Ressaltar as conquistas e continuar a caminhada, passo a passo, sem pressa, aproveitando todo o processo.
É... aproveitando, aprendendo. Cada obstáculo, cada derrota, cada vitória faz parte do aprendizado. Sem elas não seria possível cresce, evoluir.
Deixo-os por hoje para em breve retornar.
Abraço carinhoso!
Gregório
08.06.14