NEGANDO-SE A VIVER

01/06/2012 08:45

 

A poesia de hoje nos convida à reflexão de que é importante não passar pelo tempo sem labor e emoção.

Devemos deixar a nossa postura sofrida, em que fixamos o amor o amor no lamento, sem grande colaboração para a vida e a consciência que pulsa dentro de nós.

Que tal darmos voz e emoção para aquilo que já somos?

Uma ótima semana para todos.

 

 

NEGANDO-SE A VIVER

 

 

Não pude dar tempo ao tempo

Porque o tempo me faltava

Deixei passar o lamento

Porque este me sobrava

 

Não pude pegar a rosa

Que seu espinho furava

Mas com ela tive prosa

Sua beleza me extasiava

 

Não pude cruzar o rio

Na cachoeira ligeira

Para não ferir meu brio

Observei da sua beira

 

Não pude amar com amor

O lírio fresco e cheiroso

Com medo do dissabor

De velo em leito lodoso

 

Não rezei prece sentida

Diante da mazela alheia

Perdi um pouco da vida

Não colhe, pois não semeia

 

Não prestei muita atenção

Na semente renovada

Mas não tive a emoção

De revê-la, germinada

 

Não pude descer no mar

E ver a perola, preciosa

Não pôde ela mostrar

Como é radiante e formosa

 

Não quis subir a montanha

No monte escorregadio

Não pude ver terra estranha

Floresta, rio e lavradio

 

Enfim, passei pelo tempo

Sem labor e emoção

Fixei o amor no lamento

Sem grande colaboração

 

Por isso quando me chama

A voz interna no peito

Sinto falta de minha chama

Que apaga triste no leito.

 

ACA

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