NEM SEMPRE O MELHOR CAMINHO, É O CAMINHO MAIS FÁCIL.

15/10/2012 09:09

 

Nesta última quarta-feira, um amigo esculpiu num pedaço de madeira: um grande pássaro ao centro, um sol do lado superior esquerdo e um ninho sobre galhos, no canto inferior esquerdo.

Ao terminar disse mais ou menos assim. “Este é o caminho de todo homem. Ele nasce, deixa o ninho e se encaminha para a luz.”

Se este é o caminho, só nos resta pensar que percurso faremos.

Esta é a proposta de Gregório esta semana, refletirmos sobre nossas escolhas perante o caminho que desejamos percorrer.

Boa Reflexão.

Andréa

 

 

NEM SEMPRE O MELHOR CAMINHO, É O CAMINHO MAIS FÁCIL.

 

Nem sempre o melhor caminho, é o caminho mais fácil. Já dizia minha vô, quando eu ainda era um menino. Depois de adulto constatei que os caminhos às vezes são tortuosos, doloridos, mas no fim de cada percurso percorrido, verificamos a necessidade de cada imprevisto, de cada linha menos simples, de cada mal estar passado.

Uma vez aqui, deparei-me com lições maiores, onde os caminhos são escolhidos e construídos de acordo com o nosso discernimento, nossa necessidade de aprender e nossa capacidade de absorver o aprendizado.

Passei muito perrengues por aqui, pelo simples fato de não querer acreditar no que via e ouvia, nas lições ensinadas amorosamente. Assim faz o Pai, nos dedica horas carinhosas de estudo e aprendizado. Porém, nós, indisciplinados, apressados e impacientes, nos jogamos de cabeça no desconhecido sem perceber sua totalidade.

Não atentos às lições ensinadas pelo Cristo, nos fazemos seres grandiosos, destemidos, acima do bem e do mal. Inconsequentes, não avistamos ninguém ao nosso lado e/ou ao nosso redor. Cegos, não enxergamos a nós mesmos. Não ouvimos nossa voz interior.

Não seguimos o caminho que nós planejamos e a que nos propomos. Traímos a nós mesmos, as nossas convicções, ao nosso deus interior, conhecedor dos nossos planos, imune ao esquecimento, colocado dentro de nós como guia. Simplesmente o calamos, dando voz aos desejos e prazeres superficiais.

Escravos destas coisas alheias a nós (pequenos fazeres e conquistas da vida material), desfazemo-nos das grandes aspirações do espírito que somos. Embrenhando-nos numa massa densa e escurecida, quilômetros de distancia do nosso verdadeiro ideal.

Não condeno os prazeres da vida. São através de sua vivência diária que nos energizamos. Falo sobre a perda de tempo, da entrega desenfreada, sem limites, sem restrições. Que nos cegam e nos impede de crescer, de buscar nossos propósitos na vida que desfrutamos.

Imaginem-se na escola. Até quando pequeninos, havia hora de brincar, comer, dormir, ouvir histórias... Tudo na quantidade certa ao seu aprendizado. Quando maiores, reduzem-se as horas de atividades lúdicas para que mais tempo tenham para dedicar-se aos estudos.

Na vida, devem agir da mesma forma. Dividir o tempo para atividades laborativas e de lazer, para aprender e ensinar, para dedicar-se ao físico e ao espiritual. Deve haver tempo para tudo, sem que seja necessário o detrimento de um em relação ao outro.

Embora seja necessário, devido à prioridade, dedicar-se mais ao que lhe é mais necessário ao crescimento. Talvez, hoje, não tenha certeza de quais atividades deva priorizar. Então, volte-se para dentro de si mesmo e ouça-se.

A centelha divina presente em você o guiará, mostrará o verdadeiro caminho necessário ao seu aprendizado. Talvez, a princípio, lhe pareça chato, pesado, cansativo ou até mesmo desnecessário.

Peço que confie. Que avalie, com cuidado, observando se está condizente com os ensinamentos do Cristo. Se a resposta for sim, mesmo que ainda na dúvida, siga-o.

Não tenha medo. Não se sinta sozinho. Você tem com quem contar. E quando estiver sofrido, desanimado, sem coragem de seguir. Eleve uma oração ao Pai e abra-se ao Seu amor. Tenha certeza que será ouvido e amparado.

Assim ocorreu com Suzana. Quando menina morava numa pequena cidade e se entregava ao amor de Deus, dedicando-se ao próximo. Sua vida era feliz, dividindo-se entre a escola, a igreja, os familiares e os amigos. Sua diversão era reunir-se com os amigos, nos domingos, após a missa, e ir ao lago fazer piquenique, ouvir música, banhar-se.

Durante a semana, sentava a frente da porta de casa. Conversava e ria com os que passavam. Em outros momentos, dedicava-se aos pequeninos da vila próxima, levava comidinhas, doces e realizava brincadeiras. Levava uma vida simples e feliz.

Quando se tornou uma moça, foi para cidade grande completar os estudos. Foi morar com uma tia e duas primas mais velhas. Não acostumada com a rotina da cidade, tudo lhe parecia mágico e assustador. Aos poucos foi se incorporando ao novo ambiente e esqueceu-se de onde vinha e o que trazia no coração.

Não tinha mais tempo de dedicar-se a Deus e ao próximo. Ocupada com a tarefa de se fazer presente no novo mundo que acabara de conhecer, distanciava-se cada vez mais de quem era.

Esqueceu-se da vida simples e feliz que possuía, vivia a reclamar e se maldizer. Ora o cabelo não estava bem arrumado, ora eram os vestidos que não lhe caiam bem, fazendo a comprar mais e mais.

Dividia-se, agora, entre lojas, festas e falsos amigos que sempre tinham uma avaliação negativa a fazer sobre sua aparência, deixando-a cada vez mais insegura.

Um dia, foi apresentada a bebida alcoólica e percebeu que se sentia mais leve e solta. O que a fez recorrer a este instrumento, transformando-o em amigo.

Daí para frente, foi se  envolvendo mais com o que não estava dentro de si e perdeu-se do lado de fora. Sem força, cada dia mais entregue a bebida, tornou-se desinteressante e foi abandonada.

Trazida pela mãe, nas férias, não foi reconhecida pelos amigos, porém estes, verdadeiros, receberam-na e acolheram-na com carinho e dedicação. Adoecida se deixou tratar. Perdida se deixou encontrar.

Preferiu não voltar à cidade naquele fim de semestre e se deixou fortalecer. Ao se fortalecer, no outro ano, estava diferente. Fez-se diferente. Seguiu seu próprio ser e, mesmo ás vezes sentindo-se sozinha, venceu.

Dedicou-se aos estudos, aproveitou das oportunidades, vivenciou prazeres sem esquecer-se de si mesma, de quem era, do seu propósito, da sua verdade.

Compartilhei do exemplo de uma amiga que conheci aqui e contou-me sua história. Acreditava que chegou por aqui repleta de lições. Com a certeza que a construção de um belo caminho se faz diariamente, a cada escolha, a cada renuncia, aprendendo e ensinando, amando e sendo amada.

Caros amigos, deixo-os para em breve retornar.

Gregório

14.10.12

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