NOVAS DESCOBERTAS

28/08/2016 18:26

Amo ouvir histórias. Encantam, fazem refletir e enriquecem. E o compartilhar de histórias pessoais permite que aprendamos uns com os outros. As histórias de vivencias após a morte possibilitam conhecermos sobre o mundo imaterial, aproximando-nos da vida que acreditamos não desconhecer.

Portanto, esta semana no Momento de Luz, vamos aproveitar a confiança de uma amiga espiritual e, a partir, de sua história, compreender mais sobre as vidas material e imaterial.

Boa reflexão!

Andréa

 

NOVAS DESCOBERTAS

 

Hoje, acordei de bom humor. Fui até o refeitório e dediquei-me as tarefas sem reclamar como de costume. Depois, no intervalo, zanzei pelas planícies que ficam ao fundo e relembrei-me da vida.

Deste ponto em diante, meu bom humor foi embora. Minha energia começou a cair. Cheguei a tropeçar num arbusto. Pensar na vida, às vezes, me deixa assim. Sem chão. Sem início ou fim. Um desmoronar de sentimentos. Revoltas e dores que parecem emergir das profundezas do passado somente para me assombrar.

Por que tinha de “futucá-las”? Deveria ter me concentrado no meu dia. No meu trabalho. Nas minhas tarefas diárias. Que pena ter feito este caminho. Derrotei-me logo no início da manhã e desabei em lágrimas, remorsos, culpas, desespero.

Sem forças murchei. Passei pelo refeitório e fui para o quarto recolher-me em meus pensamentos destruidores. Por que sempre caia nessa? Era difícil compreender o auto boicote. Quando tudo parecia bem, requisitava as dores passadas. O motivo ainda me era desconhecido.

Adormeci com a vontade de livrar-me de tais momentos. Já não era a primeira vez que me iludia com a certeza de estar recuperada e deixava-me cair por terra juntamente com todo o esforço de fazer-me diferente. Mais consciente, mais equilibrada, mais evoluída. Que presunção achar que já havia conquistado meu lugar na escala do evoluídos.

Adormeci com tais pensamentos. Numa mistura de medo, revolta, raiva e vontade de novas descobertas. Adormeci rezando, solicitando auxílio, ao mesmo tempo em que meus pensamentos tentavam levar-me para a culpa e a desorganização psíquica.

Como é difícil manter-se em sintonia com as vibrações salutares. Os pensamentos elevados disputam espaço a espaço com aqueles que querem permanecer apodrecendo seu ser em lamurias e dores dilacerantes. Um veneno as células, ao corpo, ao espírito.

Ao desdobrar fui acolhida. Que alegria ao ver meu cuidador, um mestre amigo que me socorre quando preciso. Pena não lembrar-me do mesmo ao despertar. Sinto-me incomodada cada vez que nos reencontramos e percebo que não me lembrei de nossas conversas.

Uma vez, questionei-o a respeito. Falou-me que era comum tal fato ocorrer. Mas que eu não me preocupasse que o mais importante, o que deveria lembrar, ficava registrado em mim para que eu pudesse usar quando fosse necessário. Acalmei-me.

Pois bem, nesta noite nosso encontro foi formidável! Surpreendente! Levou-me a uma casa espirita. A uma reunião mediúnica para ser precisa. Nunca havia estado em uma. Nem quando encarnada. Fiquei curiosa.

Parecia uma grande sala de acolhimento. Igual a que tínhamos na colônia a qual fui direcionada quando cheguei. Sentei-me ao seu a lado a espera do que ia acontecer. Iam chegando aos poucos, encarnados e desencarnados. Alguns em silêncio, concentrados no trabalho que ali ocorreria. Outros conversavam animadamente sem se preocupar com o silêncio que era solicitado pelos dirigentes da reunião. Outros se silenciavam externamente, porém internamente pareciam vitrolas quebradas grunhindo, gritando, alvoroçados com suas dores.

Aquietei-me o quanto pude, mas era difícil se concentrar. Era curioso observá-los. Olhei o mestre que orientava concentração. Então, fechei os olhos e comecei a rezar, acompanhando o dirigente que iniciava a reunião. Tudo mudou. Uma onda energética fluídica tomou todo o local e também os presentes. Uma calmaria tomou conta do lugar. Até os inquietos contiveram-se como podiam.

Quando abri os olhos observei que a sala estava cheia. Camadas de luz separavam trabalhadores de assistidos. Em cada dupla de trabalhadores ao menos três mestres acompanhavam o atendimento. Vibravam pelos médiuns e doutrinadores, mantendo suas energias. equilibradas durante todo o atendimento. Ao redor da sala um grande grupo orava. Às vezes trocavam as preces faladas por cantadas e era possível ver partículas douradas contemplando todo o local.

Espíritos saiam a todo o momento, recuperados de suas angustias e dores e eram encaminhados para locais de aprimoramento educacional, alojamentos, enfermarias e sala de acolhimento na qual era possível cadastrar-se e escolher para onde ir. Sim, alguns são capazes de escolher seu próprio caminho.

Assim aconteceu comigo, fui resgatada de uma zona intermediária na qual residia e fui levada a sala de acolhimento aonde construí meu plano da nova vida, uma espécie de organização dos primeiros passos na vida pós-morte. Fiz algumas boas escolhas, outras nem tanto.

Foquei meu olhar em um senhor distinto que foi direcionado a uma dupla no canto direito da sala, bem perto onde eu estava, permitindo-me acompanhar todo ao atendimento. Tratava-se de um espirito há muito tempo desencarnado, mas que havia há pouco tempo se dado conta do novo mundo no qual se encontrava.

Parecia disposto a ser acolhido, mas não abria mão de suas convicções mais profundas. Acreditava ser de uma raça superior e por tanto, desejava um encaminhamento a sua altura. Descrevia qual tipo de acomodações queria e como deveria ser seu padrão de vida. O doutrinador, inspirado por seu mentor, tentava-o explicar que tudo agora era diferente. Que era necessário abrir-se para a nova vida.

O senhor, antigo magnata, não se deixava impressionar com as falas daquele que achava inferior a si. Solicitou a presença de alguém de nível superior ao trabalhador que o atendia para que pudesse fazer valer suas exigências. O dirigente da reunião foi chamado e aproximou-se rapidamente. Com tom suave apresentou-se, questionando em que podia ajudá-lo. Ouviu-o atentamente. Convidou-o a rezar e pediu que tivesse paciência que tudo se resolveria.

Um espírito desencarnado veio ao encontro do grupo que o atendia e, impondo suas mãos, acalmou-o pouco a pouco. Sentindo-se diferente, concordou em acompanhá-lo sem muitos questionamentos. Parecia entorpecido. Sem compreender o que acontecia perguntei ao meu mestre amigo que me conduziu a uma pequena sala em anexo. E, pacientemente, explicou-me:

“- Somos assim. Acreditamos em nossas verdades absolutas. E nelas estão incluídas as causas de nossas dores. Percebe a semelhança deste caso com o seu? Sente-se vítima da vida que viveu e portando da certeza de que merece algo melhor envolve-se em revoltas e dores. Abraça-as como um tesouro do qual não pode desapegar-se”.

Sr. Antônio assim como você abraça-se ao passado. Acredita que depois de todo suor derramado para conquistar o que queria, merece todas as recompensas. Inclusive, destacar-se dos demais que aqui se encontram.

Já está pronto para algo maior, um novo caminho, mas ainda não percebe, prendendo-se a detalhes que poderiam ser descartados. Confiantes que ele pode chegar lá, vibramos por sua consciência que se entorpece, acelerando os passos rumo ao crescimento ao se permiti esquecer-se, por um tempo, das amarras que o prendem ao abismo da desolação impedindo-o de seguir.

Seu mentor acreditando que o amadurecimento é um passo já possível investe nele antecipando sua caminhada. Porém, é possível, assim como você, deixar-se entregar ao passado doloroso e angustiar-se retrocedendo o caminhar. Mas já ciente e com auxílio dos amigos mais iluminados retoma a caminhada após breve inserção de energia salutar.

Nada pude dizer. Retornei a sala mediúnica para aguardar meu atendimento, ciente que minha vontade era meu maior instrumento de evolução.

Francisca Albuquerque

29.02.16

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