O GRANDE TEATRO DA VIDA

02/10/2010 10:47

Continuando a postagem dos dias atrasados, o post de sexta partiu dos comentários no nosso Blog. O nosso amigo João Andrade nos trouxe esta linda mensagem, não podendo deixar de estar em um lugar de destaque. Quem quiser, pode enviar mais mensagens para o meu e-mail (gabi04@terra.com.br).

Aproveitando esta linda mensagem, o nosso próximo post trará uma música que trabalha este tema. Aguardem.

Espero que todos gostem e tenham um maravilhoso final de semana.

 

O GRANDE TEATRO DA VIDA


”Pesquisemos outras maneiras de enxergar a realidade em que vivemos em sua relação com o absoluto, no qual estamos imersos e ilusoriamente convencidos de nos acharmos distantes. Imaginemo-la um teatro onde os atores, elementos oriundos do universo real, o S (Sistema), se fantasiam de matéria para se apresentarem em um palco provisório, o espaço de AS (Anti Sistema), encenando papéis e roteiros que a vida lhes dita. Coordenadas de localização lhes determinam as posições exatas onde devem estar o ritmo do tempo, como um compasso, lhes demarca o fluxo de andamento das apresentações, fixando-se-lhes limites de atuação.


Esse palco é iluminado por um foco de claridade, o cone de luz por onde percebemos a realidade, ocultando o restante em penumbras impenetráveis. É nesse cenário fechado que encenamos a existência provisória na matéria, reaprendendo a arte do amor que olvidamos dos ensinos paternos.


Esse cone de luz ilumina e delimita o nosso único contato com a realidade exterior, e por isso Einstein o fez a única referência para se medir todos os fenômenos do relativo. A luz então cerceia, em sua máxima velocidade, toda realização fenomênica conhecida, com exceção do pensamento. Portanto, aí tudo tem um tempo para se realizar, ou seja, tudo nasce fadado a ter um início e um fim. Porém, entendemos que os fenômenos em essência, não morrem jamais, pois, se nossa percepção os limita ao espaço cênico do relativismo, uma vez fora dele, continuam a existir como antes já existiam.


Compreendemos perfeitamente que esse “espaço cênico”, o teatro do AS, está imerso em uma outra realidade, o verdadeiro cenário da vida onde provêm os personagens que nele se apresentam. Essa região, o absoluto, está do “lado de fora” do teatro e se constitui de propriedades muito distintas, as quais os figurantes da peça “A Grande queda” não podem compreender enquanto a estão representando. Nesse palco provisório eles se matam, expressam seus ódios recíprocos nos mais eloqüentes dramas, exibem atos heróicos e experimentam as revoltas a que aspiram, contudo, deixam intactos os procênios reais da vida, o reino do Senhor. Suas vestes se desgastam ou são devoradas, levando-os a se retirarem provisoriamente, através da encenação da morte, para os bastidores, mas logo retornam com trajes renovados à arena de suas atuações. O diretor do “teatro da queda”, a contragosto de muitos de seus figurantes, continua sendo o mesmo Criador do Todo. Ele opera ativamente no manejo dos atores, induzindo-os a aprimorar suas peças teatrais até o ponto de não mais necessitar delas para se apresentarem na vida real como convém, embora muitas vezes se sirva da dor para adestrá-los.



Além dos acanhados limites do grande teatro da queda, estendem-se as paisagens imorredouras do S, que os personagens, momentaneamente envolvidos com seus tristes espetáculos, não podem ainda divisar. Eles estão confinados nesse palco finito, restrito e provisório, apenas por uns tempos. Talvez um tempo longo demais para o nosso gosto. Mais logo o grande teatro será demolido, pois suas bases são incertas e instáveis. Aguarda-se apenas que os figurantes estejam, não só bem treinados, mas, sobretudo, enfastiados das representações de disputas, desavenças e exibições de orgulhos e egoísmos, convencendo-se, afinal, de que a única peça que realmente vale a pena é a arte do amor, a qual poderão retratar na vida real.


O AS é um palco transitório e, por isso, o seu Diretor tolera aí a desordem, o que o faz instável e caótico. Fora dele domina uma região exótica aos nossos olhos, sem lugar, sem tempo e não restrito ao cone de luz, mas iluminado pela luz empírea do Divino, coisa inimaginável por nós, atores do AS. Os parâmetros que movem os fenômenos físicos, como trajetória, existência cíclica, vida e morte, inconsciência e consciência, estão limitados apenas às entradas e saídas de cena, pois fora do “palco do relativo”, tudo continua a existir, como já existia antes da encenação, onde tudo apenas “é”, em um eterno presente e na mais completa imobilidade, pois aí é o reino da absoluta perfeição.


Como se pode deduzir, essa imagem muito se aproxima do famoso mito da caverna, idealizado por Platão.”


Arquitetura Cósmica

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