O PRIMEIRO DIA DEPOIS DO FIM DO MUNDO
Hoje, no Momento de Luz, entrego-lhes um lindo presente! Oferecido por amigos queridos que estiveram conosco durante todo o ano, a nos presentear com mensagens ricas em amor e sabedoria.
Que nos acolheram e nos ouviram. Que compartilharam conosco suas experiências de vida e a luz do conhecimento que se ascendeu depois de cada vivência, iluminando caminhos.
Unida a eles, desejo-lhes uma linda chegada do novo ano que se aproxima. Que possamos por alguns segundos parar e refletir sobre tudo que vivemos no ano que está partindo e traçar novos objetivos.
Que possamos agradecer a todos os presentes que recebemos da vida, do Pai, dos familiares e dos amigos. Agradecer os sorrisos, as escutas, o acolhimento, o afeto, os ensinamentos...
Que possamos agradecer a nos mesmos pela nossa coragem de seguir, pelo nosso olhar mais apurado, focado no que era importante ao nosso crescimento. Aos nossos erros, futuro aprendizado que nos ensina a levantar depois da queda e a transformar.
Que possamos compreender e perdoar a nós mesmos e aos que nos rodeiam pelas faltas cometidas. Que possamos acreditar que é possível se fazer diferente e encorajar a nós mesmos, e ao outro a fazê-lo.
E, então, voltemos nosso olhar para o novo ano. E desejemos ser e fazer o que acreditamos ser o melhor. E busquemos nos instrumentalizar do que for necessário para realizá-lo.
O meu profundo agradecimento a todos que compartilharam deste aprender.
Abraço afetuoso.
Andréa
O PRIMEIRO DIA DEPOIS DO FIM DO MUNDO
Um dia olhei para o céu e vi o sol. Neste momento senti-me vivo e cheio de luz e bênçãos. Era o primeiro dia depois do fim do mundo. Sim, meu mundo havia acabado.
O termino de uma relação amorosa de muitos anos, fez-me abandonado. Perdido, fiquei. Bebi. Briguei. Desfiz-me do que acreditava e rolei barranco abaixo.
A noite chegou sem pressa, mas a escuridão já fazia parte de mim. Permaneci submerso nas tragédias pessoais e não vi o dia amanhecer. Sem esperança, sem fé, destruí-me dia após dia. Sem amor, sem emprego, sem vontade, sem mim.
Ao fundo, fiquei quieto. Desesperado, não percebi os sinais de ajuda. Pequenos milagres que chegavam ao meu ser. Sorriso, frases de incentivo, olhares de conforto. Nada me despertava para viver. Adormecido, fiquei.
Dias se passaram e lá eu estava como no primeiro dia. Sem perceber o tempo passar. Sem deixar a dor se dissipar. Sem deixar as trevas se iluminar. Sem me deixar sair.
Ouvi gritos de socorro. Vinham de dentro de mim. Porém, não estendi a mão. Não levantei o olhar. Não procurei por solução. Não desejava sair. Não podia fazê-lo. O que esperar de mim? Amaldiçoado, fiquei.
Resmunguei dia e noite. Bebi, me droguei. Sem buscar saída, fiquei. Achava que nada havia por fazer. Nada a pensar, nada a transformar, nada, simplesmente nada, a fazer.
Raciocínio preso à dor. Coração preso ao sofrimento. Sem nada, fiquei. A escuridão era densa. Sem socorro, sem salvação. Ao desespero me entreguei.
Suava. Não dormia. Chorava. Não comia. E ao final de poucos dias, já quase não existia. Com certeza, não me reconheceria se no espelho me olhasse. Incapaz estaria de me identificar.
Pessoa, indivíduo, o que eu era agora? Deixei de ser marido, pai, amigo, o desespero me devora. Não mais irmão, não mais filho, o que eu seria agora? Sem luz, sem brilho, sem mérito, sem objetivo, O que eu faria agora?
Tremulo caía sem conseguir levantar, e em pouco tempo no chão fiquei. Descalço, sem chão. Despido, sem coração. Nas armadilhas do mal viver, me encontrei.
Entregue estava. Sem saída preferi morrer. Achei que o desistir era a saída. Busquei forças e levantei. Andei cambaleante ao objetivo que agora encontrara. A vida reencontrei.
No caminho resolvi me despedi de tudo que me interessava. Olhei as pequenas belezas que me circundavam. Sorrisos, crianças, flores lembranças, amores, encontros, desejos,... Lembrei-me da vida que tinha.
Sentei-me num banco de praça a observar. Dei sorte naquele dia, só beleza existia naquele lugar. Então, olhei para o céu e vi o sol. Deixei-me seduzir. Recebi seu abraço aquecido, sua energia me despertou.
Senti-me vivo. Fortalecido. A vontade de reviver brotou em mim. Já não ouvi pedido de socorro. Era um pedido de esperança. Uma vontade imensa de seguir.
Um ruído estridente tentava chamar minha atenção. Lembrava-me do que eu queria fazer a poucos minutos antes de chegar ali. Não quis ouvi-lo. Ignorei-o. E cada vez mais ele foi diminuindo, até desaparecer.
Levantei e fui para casa. Depois de tantos dias. Retornei ao meu lugar. Amoroso, recebi-me com carinho. Compreensivo, reconheci minhas faltas e dificuldades. Esperançoso, me dei coragem, acreditando que podia seguir, que podia viver.
Pouco tempo depois o amor bateu-me a porta. Acompanhado da fé, chegou disposto a me ensinar. Confiante, não desisti de mim. Resolvi ficar e me refazer. Não mais fiquei, segui.
Um abraço afetuoso dos amigos espirituais que acreditam na potencialidade da vida. Na verdade de que se é capaz de se refazer. E que deseja que a luz da esperança, da fé e do amor os alcance, os cubra e os incentive a viver. Um lindo ano novo! Que ele seja reflexivo, amoroso e transformador.
23.12.12