O QUE FAZER?

04/02/2013 20:25

 

Esta semana, acolhida e estimulada pelos amigos Luanda e Gregório, dei voz as minhas inquietudes, as minhas reflexões e descobertas quanto o crescer. Processo necessário e intransferível do Ser, porém, que pode ser compartilhado e auxiliado por quem encontramos no decorrer da sua construção. No decorrer da nossa vida.

“Que vai ser quando crescer?
Vivem perguntando em redor. Que é ser?
É ter um corpo, um jeito, um nome?
Tenho os três. E sou?
Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito?
Ou a gente só principia a ser quando cresce?
É terrível, ser? Dói? É bom? É triste?
Ser; pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas?
Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R.
Que vou ser quando crescer?
Sou obrigado a? Posso escolher?
Não dá para entender. Não vou ser.
Vou crescer assim mesmo.
Sem ser Esquecer.”   (Verbo Ser, Carlos Drummond de Andrade)

Reflitamos juntos.

Andréa

  

 

O QUE FAZER?

 

Muitas vezes não sabemos o que fazer diante dos acontecimentos da vida. Sejam eles bons ou ruins. Simplesmente, nos sentimos despreparados. Incapazes de agir. Por quê?

Medo? Insegurança? Desconfiança? Inúmeros são os motivos, porém, apenas uma causa: o crescer.  Crescer pode parecer assustador, pois, implica em responsabilidades, em conhecimento, em escolhas.

E se eu escolher errado? E se eu não souber o que fazer?

Quando crianças, contamos com os pais para responder as nossas angústias. Decidir sobre nossas dúvidas. Corrigir nossos erros e responsabilizar-se por nós e por nossas condutas.

Ao crescer, descobrimos que podemos realizar sonhos. Digo realizar no sentido de poder fazer acontecer. Tudo o que queremos e desejamos ao sermos pequeninos: sermos grandes, capazes, realizadores.

Porém, junto com a alegria do fazer, vem o medo de não poder fazer, ou do fazer errado. Quem irá corrigir? Quem fará por mim?

Alguns acreditam que podem transferir as responsabilidades para outrem, principalmente quando algo der errado.

Pois, para eles, pior do que não saber o que fazer é não saber a quem responsabilizar pelo que não fizeram direito. Pelo que machucou a si mesmo e ao outro, pelo que vai dar trabalho de consertar.

Quando pequeninos, queremos atravessar as porteiras, seguir para o horizonte e poder voltar sempre que as coisas se complicarem. Ter a quem pedir socorro. Ter quem solucione os problemas.

Recorremos aos nossos pais. E diante da ausência deles, solicitamos ajuda ao demais parentes, aos companheiros, aos amigos. E por que não procurá-los e pedir-lhes auxílio? Reconhecer que precisa de ajuda e solicitá-la, também faz parte do crescer.

Porém, o que mais ocorre é que, ao pedirmos ajuda, enviamos junto as responsabilidades pelos nossos atos, pelas nossas faltas e pela resolução de nossas demandas.

Sentados, de camarote, ficamos a observar o desenrolar da estória. Nossa vida deixa de ser da nossa conta, para ser responsabilidade do outro. E, muitas vezes, nos sentimos confortáveis para apontar defeitos e criticar as atitudes a quem atribuímos o nosso viver.

Telespectadores, não assumimos nossos afazeres, nossos atos, nossos erros, nossa vida. Culpamos os outros por nossas faltas, nossas dores, nosso sofrer.

Crescer é aprender a ser. A assumir os papeis sociais e aprender a desempenhá-los com afinco. Ser filho, ser pais, ser profissional, ser cidadão... são inúmeros os papéis que precisamos desempenhar na vida.

Os sonhos de realizar o ser é um convite diário, que nasce na infância e nos acompanha por toda a vida. Sonho que nos estimula a seguir, a nos capacitar, a construir.

Então, o que ocorre em nós? Por que tememos o que mais queremos?

Porque crescer também dói.

Porque assumir as rédeas da nossa vida implica em fazer escolhas, em selecionar sonhos e em abrir mão de alguns deles.

Será preciso, por muitas vezes, assumir que erramos, que tomamos o rumo errado, que magoamos a nós mesmos e até ao outro, a quem muito amamos. É descobrir que não se é perfeito. Que ainda há muito que aprender. Muito que fazer.

Que é preciso começar de novo. Do início, do encontro consigo mesmo. Da descoberta de si mesmo, das capacidades, dos desejos. De construir novos sonhos, de abandonar outros. De deixar um pedaço de si para trás, porque as verdades em que acreditava deixaram de existir.

Porém, ao enxergar longe, crescido, amadurecido, podemos perceber o imenso valor de todo este processo. Observar as mudanças e gostar do que vê. Em quem se transformou. Dos novos sonhos que surgiram.

E traçar novos caminhos, para novas subidas, cada vez mais altas e menos dolorosas, pois, a cada degrau já se sabe um pouco mais de si, do que se quer e de quais caminhos deseja seguir.

Andréa, Gregório e Luanda.

03.02.13

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