O SABER ENCORAJA O CRESCER

16/04/2013 06:11

 

“Há um menino

Há um moleque

Morando sempre no meu coração

Toda vez que o adulto balança ele vem pra me dar a mão.”

(Bola de meia, bola de gude. Milton Nascimento)

 

Esta semana, no Momento de Luz, será preciso dar a mão a nossa criança interior. A uma parte de nós que se permite encontrar o novo e dialogar com ele, promovendo transformações.

Desembarque neste mundo rico e fascinante. Onde a busca pelo saber é vivenciada como uma linda e divertida aventura que encoraja o crescer.

Linda aventura!

Andréa

 

 

O SABER ENCORAJA O CRESCER

 

Há muito tempo atrás, surgiu a vida, na terra. Suas formas, cheiros e cores foram escolhidas com cuidado e amor. O Pai queria construir um lindo mundo para seus filhos em recuperação.

Muitos espíritos viviam em opressão por seus medos, angustias e terrores pessoais. Viviam presos ao egoísmo, à ganância e ao poder. Por isso, o Pai resolveu separá-los, acolhê-los e orientá-los, como estudantes em recuperação.

Ambiente físico preparado, tratou de selecionar mestres amorosos e benevolentes. Ricos em conhecimento e condutas morais. E orientou-os a acolher, sem jamais rejeitar. A ouvir e respeitar o tempo de desenvolvimento de cada um. A serem enérgicos, porém, não violentos ou cruéis, pois acredita, ainda hoje, que o amor é o melhor caminho.

E os enviou. Pais, irmãos, tios, família. Professores, intelectuais, religiosos. Missionários, voluntários para transmitir e ensinar Seu amor. Porém, não eram os únicos, não estavam sós.

Do outro lado, no mundo espiritual, contavam com mestres e amigos que compartilhariam experiências, trocariam energia, enviariam bênçãos, mensagens, luz. Estariam ao lado dos mestres e dos alunos, auxiliando-os no que fosse preciso.

Luanda estava a contar histórias para os pequeninos. Tinha um jeito próprio de fazê-lo. Doce, suave, verdadeiro. Adorava ouvi-la. De sua boca saiam pétalas de luz. Suas palavras eram balsamos.

Encontrei-a num lindo dia de sol. Céu azul. Nuvens brincavam, transformando-se em mil e um personagens. Tão rapidamente, que o grupo de pequeninos, que as acompanhavam, quase não conseguia adivinhar as figuras que surgiam dançando a cada instante.

Deitados sobre a grama, olhos para céu, conversavam numa animação contagiante. No primeiro instante, achei que estavam sozinhos, mas logo descobri, no meio deles, a doce figura que os assessorava.

Fiquei a observá-los. Achei curioso o jeito que ela lidava com eles. Pareciam da mesma idade. Riam, conversavam, se emocionavam. Choravam e logo, começavam a rir novamente. Num delicioso movimento.

Após alguns minutos, ela convidou o grupo para sentar e disse-lhes:            - Agora vou contar-lhes uma linda história. E começou. Parte dela, já contei acima. Fiquei impressionado!

Sabem que adoro histórias! Principalmente, as que são bem contadas. Cheias de sentimentos e alegorias. Fiquei fã e assíduo. Descobri que, uma vez por semana, reunia a meninada para atividades instrutivas.

Histórias, jogos, brincadeiras. Através do lúdico passava os conhecimentos necessários ao crescimento. E era o que realmente acontecia. O crescer.

Toda semana, lá estava eu. No início, longe. Depois, cada dia, um pouco mais perto. Era inconsciente. Sentia-me atraído por uma força invisível que me envolvia, convidando-me para o saber.

Desde o primeiro dia, não passei despercebido. Ela olhou-me e enviou-me um sorriso. Nas outras semanas, fui percebido pelas crianças, que me apontavam pelas ruas e davam adeus. Ia chegando e sendo aceito.

Acolhido, juntei-me ao grupo. Certo dia, até, contei-lhes uma história. Eram lindos dias! Dias mágicos de aprendizado, e diversão. Riamos muito. Acho que nunca havia rido assim antes.

Porém, algo estranho passou a acontecer. O grupo diminuía, embora chegassem novos membros, realimentando-o. Crianças simplesmente desapareciam.

Uso este verbo, porque deixavam o grupo sem se despedir, sem nada dizer. E o grupo seguia. As crianças pareciam não perceber. Então, certa manhã, após o termino da atividade, solicitei a Luanda um dedo de prosa.

- Lua...  Assim todo o grupo a chamava. Percebo que muitas crianças tem deixado o grupo. Algo acontece? Neste momento, os pequenos já não estavam presentes. Já tinham se dirigido ao almoço.

Luanda sentou-se novamente na grama, e eu a acompanhei.

- Gregório, não percebe o que está a acontecer? Os pequeninos permitiram-se crescer.

- O que? Ninguém cresce tão rápido assim.

Ela sorriu com doçura. - Esquece-se que não nos encontramos mais na matéria? Que somos puramente espíritos e, que aqui, mantemos a forma perispiritual da maneira que desejamos e sentimos.

- Às vezes, nos sentimos imaturos e tememos assumir a responsabilidade de adulto, mantendo-nos crianças. Outras vezes, sentimo-nos frágeis, incapazes de seguirmos sozinhos e, através do corpo infantil, almejamos o cuidado materno.

-Sob um corpo pequenino, tornamo-nos acessíveis ao conhecer. Retomamos a página em branco, que aceita ser co-preenchida por quem amamos e confiamos.

- Este trabalho do qual tem participado, acolhe espíritos nesta fase de desenvolvimento e, envolvendo-os com as energias benéficas do amor, os encoraja a crescer.  

- Pouco a pouco, vão se entregando ao conhecer. Vão autorizando as Leis Divinas, presentes em seu ser, desabrocharem. Então, aceitam receber as informações de quem verdadeiramente são e do que precisam para se desenvolver. E partem em busca do que lhes é necessário.

Fiquei impressionado! O que nós espíritos somos capazes de fazer para fugir da nossa caminhada e, também, para começar uma nova jornada. Como sentimo-nos pequenos e despreparados!

Como desconhecemos nossa capacidade de agir. Imaginem: se somos capazes de nos fazermos crianças, por causa de nossa fragilidade e medos. O que poderíamos ser, se acreditássemos em nossa força? Fiquei temeroso.

Fui acordado da minha viagem imaginativa pela doce amiga. Olhou com olhar de sorriso. Tocou meu ombro, encorajando-me a prosseguir em meus questionamentos.

Antes de partir, deixou-me um enigma.

“Nada se faz grande, enquanto não se fizer pequeno.”

E concluiu nossa prosa, dizendo: - tudo ao seu tempo.

Nada mais me atrevo a dizer.

Abraço afetuoso,

Gregório

14.04.13

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