O VALOR DE UM SORRISO

20/01/2014 06:19

“Em um delicioso bate papo, compartilhamos vivencias que nos faz refletir, aprender, crescer”. O Momento de Luz, nesta terça, convida-os para esse bate papo, para um encontro.

Ao ler a mensagem, dialogue conosco, num delicioso compartilhar, que, com certeza, nos chegará em forma de energias salutares. Ao pensarmos que estamos lendo o mesmo texto, refletindo e transmitindo, em outros encontros, o que nos marcou, estamos, com certeza, aumentando os sorrisos, os pensamentos positivos, as energias.

Que seja um ano repleto de lindos encontros!

Andréa

 

 

O VALOR DE UM SORRISO

 

Um sorriso contagiou meu coração. Era tão iluminado. Tão intenso. Transmitia-me sabedoria. Um saber viver. Saber ser. Saber construísse. Saber conviver.

Um saber de poucos. O saber sorrir em qualquer momento da vida. Seja ele o mais complexo ou mais simples. O mais lindo ou o mais difícil. Abrir-se para felicidade é um saber necessário, que precisa ser conquistado, aprendido.

Simone era assim. Um só sorrir. Um só fazer sorrir. Uma menina doce, gentil. Aberta a dar e receber felicidade. Uma pequena esperta, muito mais esperta do que muita gente grande por ai. Gente que acha que já sabe tudo sobre a vida.

Pois bem, não basta se abrir para receber. É preciso também se abrir para oferecer. A alegria, tanto quanto o amor, cresce, cada vez que é repartida, compartilhada.

É contagiante. Um sorriso verdadeiro, construído no interior de cada ser, desperta corações. Modifica ambientes. E, de repente, atrás dele, surgem milhares de outros sorrisos.

Se deixar contagiar por um sorriso, cura a alma ferida que desperta, dentro de si, a esperança. Amplifica o olhar, aumentando o campo de visão, mudando o foco de direção do olhar para a vida, que desabrocha de forma nova.

Em cima de uma cadeira de rodas, Simone dançava, cantava, contagiava. Nunca a vi reclamar. Apenas agradecia. Dizia em alto e bom som: “Papai do céu me enviou tantos presentes. Olha só quantas coisas boas me rodeiam. Eta, Pai bom! Não é mamãe”.

A primeira que a ouvi falar assim, gelei. Não compreendi como podia, aquela menininha, com tanta limitação, falar com tanta sabedoria sobre a vida. Estranhei.

- Que coisas boas são estas? Perguntei.

- Deixarei que ela o responda.

- Como poderá? Ela pode nos ver.

- Não será preciso. Deixá-lo-ei ficar uma semana ao seu lado. Verá com seus próprios olhos.

A menina vivia com os pais e dois irmãos que a tratavam com carinho e atenção, embora permitissem que ela se virasse sozinha. Simone levantava-se só. Passava para cadeira sem ajuda e ia até o banheiro, onde se virava sozinha. Como podem confiar tanto nela?

Mauricio, companheiro da jornada, transportou-me no tempo. Através das lembranças da menina, visualizamos sua mãe grávida. Estava feliz por estar esperando a primeira garotinha, depois de três homens. Os membros da casa viviam a sorrir. A espera era antiga. Desejavam que a delicadeza feminina aumentasse naquele lar.

Seu pai preparava o quarto, pintava-o de rosa. Desenhava flores. Montava o berço que fora reformado e ganhava detalhes singelos para encantar as mulheres da casa.

Quando souberam da deficiência com a qual nascera, ficaram perplexos. Choraram juntos. Atormentados, queixaram-se, maldisseram-se. Mas unidos oraram. A fé residia naquela casa. E foi o sorriso de Simone que mostrou que a vida podia ser encantadora.

Desde pequenina elevava os bracinhos e sorria, convidando os membros da família para um abraço. Ninguém mais conseguia ver a deficiência, somente sua alegria contagiante se ressaltava.

Iluminados pela sua capacidade de ser feliz, enxergaram além. Simone era diferente, mas não significava que era incapaz de ser, de ser feliz, de ser o que quisesse ser.

E assim a vida seguiu. Não criavam empecilhos para a pequena que “corria” atrás do que queria. E tudo se encaminhava e se resolvia. De uma hora para outra Simone estava a dançar. A cantar. A fazer o que desejava. A ser feliz.

Não é a deficiência de Simone que quero apresentar nesta história. Percebam que pouco falei dela. Não entrei em detalhes. Não quero que se prendam a ela.

Até por que, isto não é o que quero transmiti-lhes. A dificuldade, o problema não deve nos prender. Seja ele qual for: físico, mental, emocional, moral. Seja qual tamanho tenha.

A luz do sorriso de Simone a fez mudar o foco. Se seus familiares só vissem sua dificuldade, não acreditariam que podia “voar” e a prenderiam tal qual um passarinho na gaiola. Incapaz de ser o que deseja ser. O que o nascer possibilitaria ser.

Sua família viu no seu sorriso sua capacidade de receber e dar alegrias. E a deixaram livre para tais conquistas. E Simone foi amparada pelo amor que não reprime, mas que estimula, que incentiva o Ser a ser quem deseja ser.

Estas eram as coisas boas às quais se referiam à pequena Simone. Presentes do Pai. Amor, alegria, compreensão, respeito, estímulo, liberdade.

Não foi privada da crença de poder ser e fazer. Não lhe retiraram a capacidade de ser feliz. Acreditaram e fizeram-na acreditar que podia. E ela foi. Seguiu. Se fez. Se faz todos os dias.

Quão importante é o nosso ser diante do outro. Diante de nossas crianças. De nossos familiares e amigos. De nossos alunos, sendo professores ou não, educamos, ensinamos.

Quão importante é o nosso exemplo. O nosso tratar o outro, seja ele quem for e como deseja ser. O nosso respeito e compreensão das dificuldades, sejam nossa ou do outro.

O olhar ampliado pelo amor transforma as dificuldades, a vida, à medida que acredita em si e no outro. Que acolhe, que escuta, que vê além do problema, da doença, da deficiência. Que permite o dar e o receber, o compartilhar.

Presos ao preconceito que rejeita. Que desacredita. Que, cruelmente, rouba a esperança, limitamos a nós mesmos e aos outros, impedindo o ser, o fazer, o crescer.

Fiquemos atentos aos sorrisos. As capacidades. Desviemos o foco do nosso viver das vicissitudes que nos chegam. Elas existem como instrumentos do crescer.

Não estão presentes em nossa vida para nos incapacitar. Devem nos ensinar. Fazer-nos refletir, reconstruir. Se nos permitirmos que a dor que elas nos causam, embasem nossos olhos, não poderemos enxergar as possibilidades que nos apresentam.

Deixemos encantar e contagiar pela luz dos presentes enviados pelo Pai. Sejamos gratos. Saibamos usá-los com sabedoria.

Abraço afetuoso,

Gregório

20.01.14

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