OS MEDOS
Começando uma semana repleta de realizações, nada melhor do que a poesia para nos apresentar a nossos medos.
Uma boa semana a todos.
OS MEDOS
O medo que me persegue
De dentro do coração
É resquício da maldade
Que permeia a ilusão.
É ainda pequenez
Desequilíbrio moral
Perseguindo os infelizes
Nesta vida corporal.
Medo do dia e da noite
Da cidade e do matagal
Da floresta impenetrável
E também do laranjal.
Medo do ódio e da dor
Da doença e do doutor
De perder o equilíbrio
De a planta, perder a flor.
Da fera escondida em nós
Do olho que nos vigia
De semear a discórdia
Durante o sono ou vigília.
Medo do meu inimigo
Também da lepra moral
Do sol que esquenta o dia
E também do temporal.
Do raio que tudo queima
Da chuva fora do leito
Do frio que adoece
O valente, de maleita.
Temo a saudade do vento
Da brisa da primavera
Do orvalho das manhãs
Do aconchego da tapera.
O que mais temo é o ódio
Saturando os corações
Que destroem sem parar
As mais sadias emoções.
Mas, o que eu temo mesmo
Não é o sol nem o vento
Nem a chuva, nem a neve
É o frio que vem de dentro.
Transmite vento danoso
Solidão indefinível
Sensação de displasia
Da alma endurecida
É choro amargurado
De água que sai do leito
Permeando o entorno,
Vazio dentro do peito
Para acalmar o dor
Do frio, que vem de dentro
Só preenchendo de amor
O vazio dos lamentos
ACA