OUTONO TOSCO
Começamos com alegria e poesia mais uma semana.
Caminhemos nela, de forma confiante, sabendo que toda dificuldade passa, assim como toda madrugada acaba quando a lua se põe.
Tenhamos paciência com os nossos outonos e invernos, pois temos a certeza que a primavera virá.
Uma ótima semana para todos.
OUTONO TOSCO
Noites frias de inverno tosco
Que, do sol, a terra se distanciava
Deixando na pele arrepio profundo
Com o nevoeiro da rupestre estrada
Estrelas e lua estavam encobertas
Pela densidade das nuvens de outono
Oprimindo a vida por falta de calor
Dando a paisagem, ar de abandono
As folhas caíam das árvores, em penca
Parecia que o campo chegara à morte
Que a flora sofria de vil abandono
Entregando a vida por falta de sorte
Os bichos do mato desapareceram
Escondidos nas tocas, fugindo do frio
Esperando momentos do calor relativo
Em algumas horas no meio do dia
De quando em vez, a noite estrelada
Sugava o calor instalando o frio
Provocando, assim, manhãs de geada
Bem mais intensa na beira do rio
A fonte jorrava gelo derretido
Que se infiltrara na anterior monção
Refinada no atrito, montanha abaixo
Era a montanha parindo emoção
O mato, dormindo de frio, encolhera
Parecia morto, não sentia nada
Engendrando vida para seu futuro
Pois na primavera, a vida voltava
O regato descia cantando e ligeiro
Lambendo, nas bordas, o musgo e as eras
As gotas bailavam requebrando brejeiras
Batendo suave, nas quinas das pedras
Melros e gaios falavam baixinho
Esperando o corvo que vinha do norte
Rolas e torcazas mantinham silêncio
Buscando alimento e enganar a morte
Coelhos e lebres esticavam as orelhas
Prestando atenção por medo do gato
Para, por descuido, não serem surpreendidos
Por tocaia experta no meio do mato.
ACA