OUTONO TOSCO

11/05/2012 16:20

 

Começamos com alegria e poesia mais uma semana.

Caminhemos nela, de forma confiante, sabendo que toda dificuldade passa, assim como toda madrugada acaba quando a lua se põe.

Tenhamos paciência com os nossos outonos e invernos, pois temos a certeza que a primavera virá.

Uma ótima semana para todos.

 

 

OUTONO TOSCO

 

Noites frias de inverno tosco

Que, do sol, a terra se distanciava

Deixando na pele arrepio profundo

Com o nevoeiro da rupestre estrada

 

Estrelas e lua estavam encobertas

Pela densidade das nuvens de outono

Oprimindo a vida por falta de calor

Dando a paisagem, ar de abandono

 

As folhas caíam das árvores, em penca

Parecia que o campo chegara à morte

Que a flora sofria de vil abandono

Entregando a vida por falta de sorte

 

Os bichos do mato desapareceram

Escondidos nas tocas, fugindo do frio

Esperando momentos do calor relativo

Em algumas horas no meio do dia

 

De quando em vez, a noite estrelada

Sugava o calor instalando o frio

Provocando, assim, manhãs de geada

Bem mais intensa na beira do rio

 

A fonte jorrava gelo derretido

Que se infiltrara na anterior monção

Refinada no atrito, montanha abaixo

Era a montanha parindo emoção

 

O mato, dormindo de frio, encolhera

Parecia morto, não sentia nada

Engendrando vida para seu futuro

Pois na primavera, a vida voltava

 

O regato descia cantando e ligeiro

Lambendo, nas bordas, o musgo e as eras

As gotas bailavam requebrando brejeiras

Batendo suave, nas quinas das pedras

 

Melros e gaios falavam baixinho

Esperando o corvo que vinha do norte

Rolas e torcazas mantinham silêncio

Buscando alimento e enganar a morte

 

Coelhos e lebres esticavam as orelhas

Prestando atenção por medo do gato

Para, por descuido, não serem surpreendidos

Por tocaia experta no meio do mato.

 

ACA

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