PAI-NOSSO

03/01/2011 21:01

"A função da prece não é influenciar Deus, mas mudar a natureza daquele que reza." (Soren Kierkegaard)

Segundo Cícero Marcos Teixeira, Membro da Divisão de Pesquisas Psíquicas do Hospital Espírita de Porto Alegre, a prece se constitui em poderosa fonte de recursos energéticos de elevada transcendência que restaura e revitaliza o próprio organismo, pela elevação do padrão vibratório celular compatível com o biorritmo individual, mantendo em harmonia as permutas energéticas entre as diferentes faixas do campo vibratório que caracteriza a respectiva psicosfera, cuja tonalidade vibratória se mantém em um nível ótimo de intensidade e frequência, permitindo que se processe em base harmônica a realimentação indispensável à manutenção do equilíbrio fisiopsicossomático do indivíduo.

Com base nisto, nesta terça, o Momento de Luz se debruça sobre a prece do Pai Nosso, no texto de Frei Betto, almejando a busca dos nossos desejos de forma mais consciente e inteira.

Esperamos que todos gostem.

 

 

 

PAI-NOSSO

 

 


 Pai-nosso que estais no céu, e sois nossa  Mãe na Terra, amorosa orgia trinitária, criador da aurora boreal e dos olhos  enamorados que enternecem o coração, Senhor avesso ao moralismo desvirtuado e  guia da trilha peregrina das formigas do meu jardim,

 Santificado  seja o vosso nome gravado nos girassóis de imensos olhos de ouro, no enlaço do  abraço e no sorriso cúmplice, nas partículas elementares e na candura da avó  ao servir sopa,

 Venha a nós o vosso Reino para saciar-nos a fome  de beleza e semear partilha onde há acúmulo, alegria onde irrompeu a dor,  gosto de festa onde campeia desolação,

 Seja feita a vossa vontade  nas sendas desgovernadas de nossos passos, nos rios profundos de nossas  intuições, no voo suave das garças e no beijo voraz dos amantes, na respiração  ofegante dos aflitos e na fúria dos ventos subvertidos em  furacões,

 Assim na Terra como no céu, e também no âmago da  matéria escura e na garganta abissal dos buracos negros, no grito inaudível da  mulher aguilhoada e no próximo encarado como dessemelhante, nos arsenais da  hipocrisia e nos cárceres que congelam vidas.

 O pão  nosso de cada dia nos dai hoje, e também o vinho inebriante da mística  alucinada, a coragem de dizer não ao próprio ego, o domínio vagabundo do  tempo, o cuidado dos deserdados e o destemor dos profetas, 

 Perdoai as nossas ofensas e dívidas, a altivez da razão e a  acidez da língua, a cobiça desmesurada e a máscara a encobrir-nos a  identidade, a indiferença ofensiva e a reverencial bajulação, a cegueira  perante o horizonte despido de futuro e a inércia que nos impede fazê-lo melhor,

 Assim como nós perdoamos a  quem nos tem ofendido e aos nossos devedores, aos que nos esgarçam o orgulho e  imprimem inveja em nossa tristeza de não possuir o bem alheio, e a quem,  alheio à nossa suposta importância, fecha-se à inconveniente intromissão, 

 E não nos deixeis cair em tentação frente ao porte suntuoso dos  tigres de nossas cavernas interiores, às serpentes atentas às nossas  indecisões, aos abutres predadores da ética,

 Mas livrai-nos do  mal, do desalento, da desesperança, do ego inflado e da vanglória insensata,  da dessolidariedade e da flacidez do caráter, da noite desenluada de sonhos e  da obesidade de convicções inconsúteis,

 Amemos. 

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