QUAL DEUS VOCÊ CONHECE?
Esta semana Gregório e Samuel nos convidam a refletir sobre o Deus que trazemos dentro de nós. O que Ele nos diz? A qual caminho nos orienta?
Que possamos aprender com Saulo de Tarso que redimensionou seu Deus interior e transformou-se. Modificou as velhas verdades e tomou uma nova direção. Fez-se diferente.
Porém, foi preciso perdoar-se, amorosamente, compreender-se e, corajosamente, reagir. Converteu o erro em ensinamento e partiu em busca da construção de um novo ser: Paulo, que estava guardado dentro de si. Um ser melhor ao fazer-se melhor através de novos pensamentos e atitudes.
Mais uma vez desejo uma linda viagem interior!
Andréa
QUAL DEUS VOCÊ CONHECE?
Quem poderá dizer que a vida passa sem nos dar ensinamentos? Acredito que... Não, serei mais categórico. Afirmo. Ninguém. Por mais que tenha a visão curta, e não cabe a mim julgar, no intimo de cada ser, sempre é dito a verdade. Somente não se deixa esclarecer, aquele que quer se manter contrário às leis divinas.
Nossa voz interior, sempre presente e atenta, não deixa passar nenhuma informação necessária ao nosso crescimento. O que fazer com aqueles que se mantêm de portas fechadas, alheios a tudo? Esperar. Compreender. Auxiliar. Nada mais nos resta a fazer. Por isso, relaxe, respire e siga, sem julgamentos prévios e condenações absolutas. Separe o joio do trigo e se faça presente, agindo no que for necessário, de maneira a evoluirmos juntos.
Inicio assim nosso texto de hoje, orientando-os a usar da luz do conhecimento para saber como agir. Assim aprendi com Rute e sua comunidade. Aprendi a trabalhar sem esperar do outro o que ele ainda não é capaz de dar. Aceitar o seu máximo, mesmo que lhe pareça pequeno e insignificante. Talvez, nem ele mesmo saiba o quanto intensificou seus créditos na nova morada, possibilitando melhor ajuste das contas que trouxe como débito de outras encarnações.
Não gostamos da palavra débito. Alguns acrescentam até juros e moras. Deus não é cobrador. Ele é pai. Quer que aprendamos, não que paguemos. Portanto, devemos a nós mesmos. Acreditamos que devemos. Na verdade, só precisamos abrir o peito, deixar o amor entrar e se entregar a ele e a vida fluirá harmoniosamente sem cobranças ou destemperos.
Joana não acreditava nisso. Vivia a se condenar dos maus feitos que fizera durante a vida. Escritura na mão, a pregar, redirecionava os erros do passado ao futuro condenado que deus a proporcionaria. Chagas pelo corpo na tentativa de expurgar os pecados da alma. Presa nesta rotina, não enxergava mais nada. Não utiliza os enganos como acertos presentes ou futuros. Isso ocorre quando não os usamos como ensinamento. Se ficarmos na culpa ou no remorso, nada fazemos. Lembrem-se de Saulo de Tarso, perseguidor que se tornou discípulo, homem de Deus a divulgar sua lei de amor. Imaginem se Paulo tivesse ficado preso aos erros, a se condenar pela eternidade, o que haveria ele construído? Nada.
O importante não é fazer dos enganos um martírio que nos condena durante a vida, mas, sim, um impulso para caminhar na estrada do bem, renovando-se a cada dia e fazendo diferente, transformando a nós e ao ambiente que vivemos. Foi assim com Paulo, de perseguidor transformou-se em pescador de homens tal como o Cristo. Ele refez sua história.
Voltemos a Joana. Não fazia nada além do que julgar a si mesma e aos que passavam diante dela. Via os erros a milhares de distância, porém, era incapaz de ver um grande acerto, tão claro diante de si.
Caminhava a ermo pela comunidade. Reclamava, gritava, blasfemava. Acreditava num “deus patrão”, senhor de escravos, que tratava os homens como simples mercadorias ou animais. Somente assim posso descrever um deus que aprisiona, chicoteia, maltrata, desrespeita, não compreende, não estimula, não acredita na transformação, melhora, crescimento.
Esse deus, só dela e de alguns poucos que a seguiam, não era recebido na comunidade da Casa do Cristo. Ali só havia lugar para o Deus de amor, que acolhe, compreende, ensina, perdoa, tem fé. Fé na sua lei, fé no homem, fé na capacidade humana de se fazer melhor, fé naqueles que ouviram seu chamado e foram em busca dos outros homens ainda pequeninos.
Certo dia Rute encontrou Joana na porta da Casa do Cristo a pregar. Falava de demônios e de libertação. Chicote na mão a se ferroar como exemplo. Os que a acompanhavam entraram em desespero, quiseram interferir, porém, Rute não deixou.
- Como não interferir? - Vai deixa-la se machucar? Não compreendiam como Rute podia simplesmente assistir tal cena sem nada fazer.
Rute nada respondeu. Guiada pelos amigos de luz, que sempre a acompanhavam, dirigiu-se a pobre mulher e lhe lançou um olhar de compaixão.
Ergueu as mãos para o céu e fez uma prece silenciosa. Depois, as direcionou para Joana e, novamente, entregou-se a oração. As mãos da outra foram baixando levemente, deixando o chicote cair no chão. Encolheu-se, quase se tornando uma criança. Rute a pegou pelas mãos e a levou para dentro. Tratou das feridas, deu-lhe água fluidificada e a deixou partir em seguida, sem nada lhe dizer. Ao se despedir na porta ofereceu-lhe um sorriso e ela compreendeu que poderia voltar quando quisesse.
Joana não morava na comunidade. Residia a poucos metros dali, em uma pequena vila. Os familiares que lhe restavam não suportavam conviver com ela e a abandonaram. Num pequeno casebre, passava algumas noites para o repouso necessário, pois era vista a caminhar sem parar, horas a fio.
Depois daquele dia, Joana era vista constantemente na comunidade. Menos descontrolada, já não ficava a gritar com quem passava. Observava a casa do Cristo e Rute. Falava mais calma e pedia a compreensão do Senhor. Quando avistava a amiga que a socorreu sem condená-la, corria para ela e retribuía o sorriso. Levava-lhe flores. Nunca mais foi vista a se ferir.
Anos se passaram até que Joana começasse a entrar na Casa do Cristo para ouvir as palavras da leitura e da reflexão. Concentrava-se e era possível ver lágrimas descendo pela face. Mais algum tempo se passou e era possível vê-la chegar do trabalho, tranquila, e encaminhar-se a Casa do Cristo para ministrar a oração.
Entregou-se ao estudo, conheceu o Deus pai de amor e perdoou-se. Não mais duvida da capacidade humana de transformar-se. Direciona os mais jovens, conta sua história sofrida, seus enganos e suas conquistas, sem vergonha, sem medo, sem autocondenação.
Naquele tempo, assim como os atuais, muitos caminhavam na direção contrária da lei do amor, pregando sobre um deus que nunca existiu. Na minha época foi assim, na de Rute também e sei que vocês na atualidade devem encontrá-los em muitos lugares. Cada qual sabe o que deve fazer e o direcionamento a que deve seguir. Alguns ainda se encontram perdidos, fantasiando momentos milagrosos que devem chegar. Outros duvidam do que ouvem, veem e sentem.
É chegado o tempo de mudanças maiores, no qual se faz necessário o estudo para compreensão dos processos que se fazem presentes em nosso sistema. Não há mais tempo para o eterno descanso de esperar que algo aponte do universo nos convidando a agir de forma melhor. Garanto-lhes que o convite já veio e é reforçado todos os dias. Não os apresso sem conhecimento de causa. Chamo-os para as verdades necessárias ao adiantamento.
Partam em busca de si mesmos. Ouçam a voz interior que, por ser comedida, já se entregou ao descaso por vocês. Ela, às vezes, grita e a vida a auxilia para que seja ouvida. Porém, muitos de vocês ainda se negam a escutá-la.
Não percam tempo direcionando o olhar ao vizinho. Enxerguem-se. Tudo tem sua hora e cada um tem a sua vez. Adiantem-se. Não se façam de rogados. O planeta urge por mudança. A sociedade deseja desenvolver-se e como fazê-lo sem vocês? Lembrem-se o que já foi dito e repetido muitas vezes. O crescimento evolutivo parte da evolução individual, ou seja, de cada um de vocês, de cada um de nós.
Adiantem-se, muito há que fazer. Aproveitem dos ensinamentos que chegam todos os dias e partam para condutas mais edificantes. Sejam firmes, destemidos, não temam o desconhecido, pois lhe garanto que ele é sabido por vocês. Sejam amorosos e pacificadores. Levem os que estão ao seu redor. Evitem as discussões desnecessárias que encaminham para a violência. Perdoem. Compreendam. Admitam que já foram ou, ainda são, iguais aos que desprezam ou humilham. Lembrem-se, somos todos iguais perante o pai e muitas são as moradas que experimentamos, nos igualando ainda mais ao nosso próximo.
Coragem. Sigam. Estaremos juntos com vocês nesta caminhada.
Gregório e Samuel.
08.05.12