QUEIXAS E RESSENTIMENTOS

16/09/2013 08:31

“Queixar-se é uma das estratégias prediletas do ego para se fortalecer.”

Essa é a primeira frase do Momento de Luz de hoje.

Só ela já vale a leitura.

Por isso convidamos todos a lerem o texto desenvolvido por Eckhart Tolle e refletirem sobre suas queixas e seus ressentimentos.

Bom trabalho para todos.

 

 

QUEIXAS E RESSENTIMENTOS 

Eckhart Tolle


Queixar-se é uma das estratégias prediletas do ego para se fortalecer.
Cada reclamação é uma pequena história que a mente cria e na qual acreditamos inteiramente. Não importa se ela é feita em voz alta ou apenas em pensamento.

Alguns egos que talvez não tenham muito mais com o que se identificar sobrevivem apenas com queixas. Quando estamos presos a um ego assim, reclamar, sobretudo de alguém, é algo habitual e, é claro, inconsciente, o que mostra que não sabemos o que estamos fazendo.

Uma atitude típica desse padrão é aplicar rótulos mentais negativos às pessoas, seja na frente delas ou, como é mais comum, falando sobre elas com alguém ou até mesmo apenas pensando nelas.

Xingar é o modo mais rude de atribuir esses rótulos e de mostrar a necessidade que o ego tem de estar certo e triunfar sobre os outros: "idiota", "desgraçado", "prostituta", “etc”, todas essas afirmações definitivas contra as quais não se pode argumentar.

No nível seguinte, descendo pela escala da inconsciência, estão os gritos.
Não muito abaixo disso se encontra a violência física.

O ressentimento é a emoção que acompanha a queixa e a rotulagem mental dos outros. Ele acrescenta ainda mais energia ao ego.

Ressentir-se significa ficar magoado, melindrado ou ofendido. Costumamos nos sentir assim em relação à cobiça das pessoas, à sua desonestidade, à sua falta de integridade, ao que estão fazendo no presente, ao que fizeram no passado, ao que disseram, ao que deixaram de dizer, à atitude que deviam ou não ter tomado. O ego adora isso.

Em vez de detectarmos a inconsciência nos outros, nós a transformamos em sua identidade.

Quem é o responsável por isso?

Nossa própria inconsciência, o ego em nós.

Algumas vezes, a "falta" que apontamos em alguém nem mesmo existe. Ela pode ser um erro total de interpretação, uma projeção feita por uma mente condicionada a ver inimigos e a se considerar sempre certa ou superior.

Em outras ocasiões, a falta pode ter ocorrido; contudo, se nos concentrarmos nela, às vezes excluindo todo o resto, nós a tornamos maior do que ela realmente é.

E dessa maneira fortalecemos em nós mesmos aquilo a que reagimos no outro, o ego. 

Não reagir ao ego das pessoas é uma das maneiras mais eficazes de não só superarmos nosso próprio ego como também de dissolver o ego humano coletivo.

No entanto, só conseguimos nos abster de reagir quando somos capazes de reconhecer o comportamento de alguém como originário do ego, como uma expressão do distúrbio coletivo da espécie humana insana.

Quando compreendemos que não se trata de nada pessoal, a compulsão para reagir desaparece.

Não reagindo ao ego, muitas vezes podemos fazer aflorar a sanidade nos outros, que é a consciência não condicionada em oposição à consciência condicionada.

Em determinadas ocasiões, talvez precisemos tomar providências práticas para nos proteger de pessoas profundamente inconscientes.

Isso é algo que temos condições de fazer sem torná-las nossas inimigas.

Nossa maior defesa, contudo, é sermos conscientes aqui e agora.

Alguém passa a ser um inimigo quando personalizamos a inconsciência dele que é o ego. 

A não-reação não é fraqueza, mas força.

Outra palavra para não-reação é perdão.

Perdoar é ver além, ou melhor, é enxergar através de algo.

 

E ver, através do ego, a sanidade que há em cada ser humano como sua essência. 

O ego adora reclamar e se ressente não só de pessoas como de situações.

O que podemos fazer com alguém também conseguimos fazer com uma circunstância: transformá-la num inimigo.

Os pontos implícitos são sempre os mesmos:  

“Isso não deveria estar acontecendo”, “não quero estar aqui”, “estou agindo contra minha vontade”, “o tratamento que estou recebendo é injusto”, “etc”.

E, é claro, o maior inimigo do ego acima de tudo isso é o momento presente, ou seja, a vida em si, o agora. 

Não confunda a queixa com a atitude de informar alguém de uma falha ou de uma deficiência para que elas possam ser sanadas.

Além disso, abster-se de reclamar não corresponde necessariamente a tolerar algo de má qualidade nem um mau comportamento.

Não há interferência do ego quando dizemos ao garçom que a comida está fria e precisa ser aquecida - desde que nos atenhamos aos fatos, que são sempre neutros.

"Como você se atreve a me servir uma sopa fria?"

Isso é se queixar, isso é ego.

Nessa situação, existe um "eu" que adora se sentir pessoalmente ofendido pela comida fria e ele aproveitará esse fato ao máximo, um "eu" que aprecia apontar o erro de alguém.

A reclamação a que me refiro está a serviço do ego, e não da mudança.

Algumas vezes fica óbvio que o ego não deseja que algo se modifique para que possa continuar se queixando e continuar existindo.
Veja se você consegue capturar, ou melhor, perceber, a voz na sua cabeça - talvez no exato instante em que ela esteja reclamando de algo - e reconhecê-la pelo que ela é: 

A voz do ego, não mais do que um padrão mental condicionado, um pensamento. 

Sempre que a observar, compreenderá que você não é ela, e sim aquele que tem consciência dela.

Na verdade, você é a consciência que está consciente da voz.

Atrás, em segundo plano, está a consciência.

À frente, se situa a voz, aquele que pensa, o ego.

Dessa maneira você estará se libertando do ego, livrando-se da mente não observada.

No momento em que você se tornar consciente do ego, a rigor ele não será mais o ego, e sim um velho padrão mental condicionado.

O ego implica inconsciência.

Ele e a consciência não conseguem coexistir.

O velho padrão mental, ou hábito mental, pode sobreviver e se manifestar por mais um tempo porque tem o impulso de milhares de anos de inconsciência humana coletiva atrás de si.

No entanto, toda vez que é reconhecido, ele se enfraquece.

Só a prática da auto-observação consciente leva ao despertar da consciência e conseqüentemente com a eliminação do ego.
(para quem realmente que acordar da ilusão)


Extraído do livro: 

“O DESPERTAR DE UMA NOVA CONSCIÊNCIA” 
de Eckhart Tolle 

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