RIO DA VIDA

14/09/2015 08:11

Voltamos as nossas postagens, na companhia do poeta, que chama nossa atenção para o rio da vida.

Atentos às sinuosidades, percorremos o caminho, sem perder contato com a presença de Deus.

Esperando que o amor sempre impere.

Ótima semana para todos.

 

 

RIO DA VIDA

 

Uma vastidão na frente

De terra desesperada

Um burrico, um arado

Um chapéu de boiadeiro.

Pequena gleba de terra

Uma criança perdida

Uma esperança ferida

No meio da capoeira.

 

Umas ramas espinhentas

A noite cheia de frio

Onde um lamentoso rio

Desliza pelo sertão.

Vai levar água da vida

Às cidades e pomares

Somente nos pobres lares

Morre gente no verão

 

A sede do chão e gente

Já não pode ser saciada

E ficam desesperadas

Pela falta deste bem.

O boi já morre de sede

O povo sem esperança

Porque não chega mudança

Àqueles que nada têm.

 

Olhando a água ligeira

No rio que passa ao longe

Com a paciência de monge

Na impotência perdidos.

Esperando pelo divino

Com rezas e encantamentos

Porque nas ondas do vento

Seus choros não são ouvidos.

 

Um grito soturno e rouco

Criança que cai ao lado

Pai e mãe desesperados

Perdendo um filho por água.

O rio passando e sente

Chora também de tristeza

Por ver tamanha aspereza

De compaixão e de magoa.

 

E já no fim da resistência

Sobre a terra seca ao léu

As nuvens formam um véu

Nas paragens do sertão.

Foi a resposta de Deus

Ou talvez encantamentos

A chuva acalma lamentos

Enche o peito de emoção.

 

 

ACA

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