RIO DA VIDA
Voltamos as nossas postagens, na companhia do poeta, que chama nossa atenção para o rio da vida.
Atentos às sinuosidades, percorremos o caminho, sem perder contato com a presença de Deus.
Esperando que o amor sempre impere.
Ótima semana para todos.
RIO DA VIDA
Uma vastidão na frente
De terra desesperada
Um burrico, um arado
Um chapéu de boiadeiro.
Pequena gleba de terra
Uma criança perdida
Uma esperança ferida
No meio da capoeira.
Umas ramas espinhentas
A noite cheia de frio
Onde um lamentoso rio
Desliza pelo sertão.
Vai levar água da vida
Às cidades e pomares
Somente nos pobres lares
Morre gente no verão
A sede do chão e gente
Já não pode ser saciada
E ficam desesperadas
Pela falta deste bem.
O boi já morre de sede
O povo sem esperança
Porque não chega mudança
Àqueles que nada têm.
Olhando a água ligeira
No rio que passa ao longe
Com a paciência de monge
Na impotência perdidos.
Esperando pelo divino
Com rezas e encantamentos
Porque nas ondas do vento
Seus choros não são ouvidos.
Um grito soturno e rouco
Criança que cai ao lado
Pai e mãe desesperados
Perdendo um filho por água.
O rio passando e sente
Chora também de tristeza
Por ver tamanha aspereza
De compaixão e de magoa.
E já no fim da resistência
Sobre a terra seca ao léu
As nuvens formam um véu
Nas paragens do sertão.
Foi a resposta de Deus
Ou talvez encantamentos
A chuva acalma lamentos
Enche o peito de emoção.
ACA