RUMO AO APRENDIZADO

29/07/2012 10:34

 

Questionar. Obter respostas. Aprender. Este é o convite que Gregório nos faz esta semana, no Momentos de Luz.

Através de suas vivências, inspira-nos a buscar o entendimento sobre os mistérios da vida, que tanto ansiamos desvendar. Porém, ressalta a importância de sermos pacientes, aceitarmos nossas limitações e confiarmos no fato que obteremos as respostas no decurso de nosso desenvolvimento espiritual.

Portanto, aproveitemos das lições compartilhadas para crescer, evoluir, conhecer.

Boa caminhada!

Andréa

 

 

RUMO AO APRENDIZADO

     

As coisas por aqui funcionam muito organizadamente. O cronograma das reuniões, portando conteúdos, atividades, avaliações, datas, horários e locais das visitas, chegou a nossas mãos no mesmo dia da reunião de convocação.

Não consegui dormir até ler e analisar todo cronograma. Fiquei impressionado com a estruturação dos conteúdos associados às atividades educativas e práticas. Analisei cuidadosamente cada ponto e vibrei com a oportunidade de conhecer grandes nomes que participariam, ministrando palestras. Espíritos iluminados conhecidos pelo belo trabalho realizado na terra e na erraticidade.

Vocês me conhecem, fiquei ansioso. Precisei escrever, e aqui estão minhas primeiras palavras, frente ao grandioso mundo de descobertas que despontavam em minha frente.

Lembrei-me do passado, quando acabara de chegar por aqui. Quantas dúvidas, quantos questionamentos, quanta ansiedade e desejo que todas elas fossem respondidas. Agora tinha certeza que as encontraria.

No decorrer dos dias, fui retomando a consciência. Se é que ela já fazia parte de mim, pois que me sentia despertar na primeira manhã da vida, como no nascimento. Porém, desta vez já nasci adulto.

Uma folha em branco, escrita com cuidado e esmero, desenhando cada letra como se fosse a primeira caligrafia a ser entregue. Sem o conhecimento do assunto, sem as experiências vividas, fica difícil para o escritor fazer uso delas. Um sentimento de cópia, de vazio, sempre me acometia. Como escrever do que não fazia ideia existir? Por isso, tantos milhares de questionamentos.

Meu amigo Luís impressionava-se com minha capacidade de encontrar perguntas para tudo, a cada minuto. Ele dizia encontrar, pois acreditava ser impossível construí-las em tão grande número, em tão pouco tempo.

Ainda bem que todos da equipe, na verdade todos que encontrei pelo meu caminho desde que cheguei por aqui, sentiram-se solícitos às minhas dúvidas. Não se sentiam invadidos ou desrespeitados. Sorriam, achavam engraçado, e geralmente, respondiam: O quê? Como? Esse Gregório! Calma, as respostas virão.

Esta última expressão era a que mais me agoniava, pois, enquanto as primeiras me convidavam a continuar, esta era um convite a esperar. Meu cuidador sempre a utilizava. E às vezes, confesso, ficava furioso. O pior é que, já comentei com vocês, os pensamentos por aqui são coletivos. Então, saíamos das perguntas para a doutrinação.

Certa vez, num desses meus ataques de fúria, só pelo pensamento, é claro (o máximo que tinha coragem de exteriorizar era uma carinha de contragosto), meu cuidador convidou-me a andar pelo jardim...

Fez com que eu sentasse em um banco e pediu que eu fechasse os olhos. Posicionou-se por trás do banco e colocou as mãos sobre meus ombros.

No início, meu corpo estremeceu, pois tamanha era sua energia. Foi deslizando as mãos sobre meus ombros, depois pelos braços. Fez movimentos também sobre minha cabeça, como se me limpasse. Continuou o processo caminhado pelos lados, posicionando-se depois em minha frente.

Uma sensação de moleza me tomou. Parecia que tinha retirado um peso enorme sobre minhas costas, tórax e membros. Fui me sentindo cada vez mais relaxado. Por fim, percebi que paralisou as mãos sobre minha cabeça. Imaginei gotículas de água translúcida caindo sobre mim. Uma sensação de frescor me tomou. Parecia que acabara de sair do banho, quando novas gotículas começaram a cair, agora eram douradas. Senti-me energizado, saudável.

Ao término, sentou ao meu lado. Demorei a abrir os olhos. Pela primeira vez, a curiosidade de entender o que ocorrera era insignificante, diante do desejo que aquele bem-estar permanecesse. Poderia ficar ali imóvel, por horas ou até dias.

Despertei ao seu chamado.

- Gregório, como se sente?

Lentamente deixou que eu me reintegrasse, pois me sentia conectado à natureza ali presente, como se eu fizesse parte dela. Um bloco inteiro sem divisão. Fui retornando ao meu corpo, percebendo seu contorno, cada membro que o compunha. Somente consegui olhá-lo, nada pude dizer.

Então, ele prosseguiu:

- Basta nos entregarmos ao todo, senti-lo. Porque fazemos parte dele e dentro de nós existem todas as respostas. Porém, elas se materializam conforme nosso adiantamento, pois somente conseguiremos percebê-las e compreendê-las a partir do momento que estejamos abertos a elas e preparados moralmente para acessá-las dentro de nós.

- Estar entregue ao todo, é estar entregue ao criador. Acessá-lo dentro de nós, permite-nos alcançar o conhecimento que tanto almejamos. Porém, precisamos, antes, amadurecer.

- Quando crianças, desejamos conhecer e experimentar a tudo, mas nosso potencial, ainda não totalmente desenvolvido, impede-nos de compreender a vida imediatamente. Inicialmente, o primário nos é revelado, e à medida que crescemos, vamos descobrindo, descobrindo, até chegar a conteúdos mais complexos.

- Não é assim que ocorre na terra? As crianças começam a aprender com os pais, depois vão para escola e, quando jovens, ampliam os conhecimentos nas faculdades e cursos de pós-graduação. O mesmo ocorre aqui, no mundo espiritual. Os espíritos primitivos conhecem o básico e vão ampliando os conteúdos à medida que evoluem. Porém, mais importante que as matérias básicas são os princípios morais. Estes, quando desenvolvidos, nos encaminham ao todo, ao retorno ao pai: fonte de todo o conhecer.

- Por isso, saia da fase infantil que retarda o acesso ao conhecer. As perguntas são estimuladas na criança, visto que são o sinal da vontade de crescer. Porém, as malcriações, quando essa vontade é vetada, são desestimuladas. Uma vez que são inadequadas ao processo evolutivo, pois atraem energias deletérias que impossibilitam o desenvolvimento.

- O que fiz hoje foi remover de você essas energias, para que seu potencial possa se desenvolver cada vez mais. Porém, cabe a você mantê-las afastadas. É preciso se vincular as energias salutares, para que o processo evolutivo, que deve ser sua meta, seja construído.

Ouvi a cada palavra atentamente. Nada consegui verbalizar. Em meus pensamentos, capitados pelo meu mestre amigo, continham desculpas e agradecimentos. Ele sorriu, tocou no meu ombro e me deixou sozinho a refletir.

Depois daquele dia, quando a fúria se aproximava de mim, esforçava-me para expulsá-la. E cada dia, foi ficando mais fácil. Até que, no primeiro sinal de sua presença, eu imediatamente vetava sua entrada. Não precisando gastar energia para mandá-la embora.

Aprendi a respeitar os limites da criança que sou. Busquei conhecer e respeitar, com maturidade, o meu limite de acesso ao conhecimento que tanto almejo. Percebi que, depois desta lição aprendida, a fase adulta ficou mais perto de mim e pude aproveitar do alcance que ela me proporcionava.

Deixo-os com a certeza que a paciência e a confiança são virtudes necessárias para aqueles que desejam chegar ao mais alto.

Até breve.

Gregório

26.07.12

Facebook Twitter More...