SENHORA DE ESCRAVOS

19/06/2011 10:53

Uma história que emociona pelas infinitas possibilidades que teimamos em limitá-las.

É este o relato do Momento de Luz desta terça.

Um relato que demonstra a necessidade de repararmos o mal com o bem, que demonstra que não podemos cavar um buraco que já existe, pois só aprofundaremos ele. Pelo contrário, devemos trazer coisas novas para este buraco, preenche-lo de terra, tornando-o local fecundo para novas possibilidades em nossas vidas.

Um dia repleto de possibilidades para todos nós.

 

 

 

SENHORA DE ESCRAVOS

 

 

Era uma família amiga que nos procurava para o tratamento de uma filha com sérias deficiências mentais.

 

A família era composta de um filho barão, essa menina de aproximadamente 10 anos, e uma filha de criação, esta, de pele morena, quase negra, de aproximadamente oito anos.

 

A menina, deficiente, tinha limitações na fala, na coordenação dos membros, e no raciocínio em geral, talvez uma mentalidade de criança de dois anos, com o agravante das outras limitações. Nascera com defeitos mentais irreparáveis.

 

Passara esta criatura, não sabiam por que, a rir continuamente dia e noite, com raros momentos de sono reparador. Os médicos não podiam suspeitar o de que se tratava, já que a criatura, por suas limitações, não saberia transmitir o que a afetava, o que gerava esse riso incontido.

 

A entrevistadora fez sua ficha, como de costume, e nos trabalhos mediúnicos da noite foi sondado por um médium a psicosfera deste ser em desequilíbrio. Várias criaturas do além-túmulo se apresentaram como cobradores, queriam sua total submissão, para que pudessem fazer dela uma marionete e usa-la a seu bel-prazer.

 

Era um verdadeiro ninho de espíritos desequilibrados, iam substituindo-se na agressão sem dar descanso, faziam todos os tipos de macaquices e piruetas, galhofas e burilamentos para que ela não tivesse oportunidade de se refazer, portanto quebrar o vínculo, ganhar personalidade própria, amadurecer o caráter e deixando ainda que com limitações, a infantilidade que lhe era permanente.

 

Varias semanas se passaram. Pouco a pouco as criaturas eram convencidas a se encaminharem ao refazimento, compreendiam o desperdício de tempo e de oportunidade pare evoluir, sair de suas dores e experimentar caminhos mais sadios e compensadores.

 

Certa noite, na reunião madiúnica, comunicou-se uma entidade aterradora, era o chefe do grupo que se revoltava pela nossa intromissão, dizia que estávamos aprisionando seus auxiliares e parceiros dessa “vendeta” a que todos se propuseram.

 

Eram cobradores de uma criatura infame: dona de bastas terras no tempo da escravidão. Senhora de escravos, fora uma satânica promotora da miséria destes indivíduos sob sua guarda, com seu poder incontestável, dilacerara corpos a golpes de chicote, destroçara famílias, retirando filhos recém-nascidos e vendendo-os ou matando-os, às vezes na frente de seus próprios pais. 

 

Deixara, em sua passagem pelo corpo, uma estrada de dor e sangue. Nos troncos usados para o suplicio, usava de todo o terror e violência que sua maldade lhe permitia, os gritos dos supliciados dementavam os companheiros que os ouviam dia e noite.

 

Em constante horror, as mentes enlouquecidas, à medida que tomavam consciência relativa, quando desencarnados, foram se juntando por afinidade, criaram uma vasta aldeia de homens, mulheres e crianças, como se estivessem encarnados, já que não tinham idéia do seu passamento para a outra vida.

 

Suas vestes continuavam esfarrapadas, suas carnes dilaceradas ainda sangravam, a dor ainda era terrível no corpo e na alma. Alguns familiares jamais foram encontrados por eles, os gritos de seus companheiros e familiares, eram ouvidos em todos os momentos do seu viver.

 

A loucura estabelecida; passaram à procura da algoz para a devida cobrança, ao encontrá-la começaram a sua desforra, dominando-a pelo psiquismo, acuando-a em sua pequenez de criança indefesa, ela que já estava limitada pela culpa mental, nascendo com deficiências necessárias para o refazimento. 

 

Passaram-se algumas semanas, o espírito já apresentava alguma melhora física, suas feridas no corpo perispiritual haviam sarado no campo mental a profilaxia que lhe havíamos ministrado durante varias semanas, começavam também a surtir efeito. O dialogo travado já era de puro convencimento já se permitia raciocinar e ponderar as nossas explicações.

 

Quando sua calma se estabelecera e os miasmas que o envolviam se dissiparam em boa parte, foi-lhe mostrado pela espiritualidade maior o que constituía o maior entrave a seu convencimento de seguir enfrente pela nova vida. Sua filha perdida no tempo pela truculência da algoz, que a assassinara friamente, era a mesma menina de criação, que com tanto carinho era criada pelos Pais da menina obsidiada. Sendo, portanto, sua irmã de criação.

 

Pouco a pouco lhe foi mostrado o quanto esta família cuidava e mimava sua pupila, jamais poderia suspeitar que pessoas, de uma família onde nascera sua agressora, pudessem tratar sua filha com tanta doçura, nem acreditava que sua filha ainda vivesse, pois nunca mais a encontrara.  Seus lamentos eram tão doidos agora por seu arrependimento, quanto antes por sua violência.

 

Estabelecida relativa paz mental, pediu ajuda, a espiritualidade maior o carregou com carinho para a nova vida de labuta para o refacimento.

 

Não pode ser curada a criatura encarnada, pois se tratava de sua problemática de limites físicos, mas, no que concerne a suas agressões espirituais, cremos que foi dado o devido alivio.    

 

A. c. a.

10/2002

Facebook Twitter More...