SER
Gregório retoma o tema da última semana, questionando-nos:
- O que seria do homem sem a sua condição de ser?
Pergunta esta, que nos remete, novamente, a resposta à questão nº 843 de O Livro dos Espíritos:
“Sem livre-arbítrio o homem seria uma máquina”.
A partir desta resposta, Gregório, nos convida a aprofundarmos as discussões sobre o livre-arbítrio. Propõe uma reflexão sobre nosso entendimento sobre a vida e sobre a nossa relação com o Criador.
Reforça a existência de um Pai amoroso e dedicado a Seus filhos. E que Sua justiça é transparente para aqueles que desejam enxergá-la.
Recostemos a cabeça sob o colo Paterno e pensemos.
Boa reflexão!
Andréa
SER
Por ser o livre-arbítrio um assunto tão complexo, voltemos a ele para discussões e aprofundamentos.
Por que esta ferramenta tão poderosa e necessária foi nos dada pelo Pai? Segundo o livro dos Espíritos, copilado por Allan Kardec, a recebemos para sermos homens e não maquinas.
Através da escolha, nos fazemos presente no mundo, no universo. Somos capazes de usar nosso poder criativo e produzir pequenos milagres, ao escolhermos utilizar o amor em todas as nossas atitudes.
O que seria do homem sem sua capacidade de ser? Ser é poder pensar. Refletir. Tomar atitudes não comandadas, mas escolhidas, a partir de si mesmo.
Pois bem, sem esta ferramenta, seriamos simples marionetes, comandadas por forças maiores ou quem sabe menores que nós. Conseguem enxergar?
Vou dar-lhes um exemplo concreto: Quantos vocês conhecem que temendo a responsabilidade da tomada de decisões, submetem-se ao álcool ou as drogas? Dependentes, perdem a razão de ser e entregam-se aos vícios. Tornam-se marionetes comandadas por substâncias inanimadas.
Outros se entregam a falanges, sendo subjugadas por senhores que não respeitam seus direitos de ser e pensar. Subjugam-se, porque temem agir por si mesmos, responsabilizar-se pelo que fazem.
O medo de sermos é maior que a confiança no Criador. Não acreditamos, verdadeiramente, no amor do Pai, que concedeu a cada um de Seus filhos tudo que precisamos para podermos ser, de forma igual e justa.
Somos todos filhos do mesmo bondoso e misericordioso Pai, que deseja que todos nós voltemos para ele. Portanto, não mede esforços para que estejamos ao seu lado.
Confia em nossas capacidades e nos presenteia com luz que ilumina nossos caminhos, através de palavras e exemplos. Através de amigos visíveis e invisíveis, portanto, busquemo-los.
Tenhamos coragem de aperfeiçoarmos o que temos, o que recebemos e adquirimos durante as existências, pois no início, recebemos a quantidade necessária às escolhas da sobrevivência.
Quando primitivos e, ainda, sem discernimento suficiente para as grandes decisões, somos tal como crianças, orientadas pelos que nos amam e desejam nosso bem. Estes nos estimulam às pequenas conquistas, para que logo possamos adquirir sabedoria para maior independência.
O Pai não nós abandona inconscientes e cheios de responsabilidades. Dá-nos, pausadamente, ao nosso merecimento de evolução, o alcançar de mais poder de decisão, pois sabe que, quando ainda infantis, podemos nos causar mal.
Espera nosso desenvolvimento moral e, pouco a pouco, concede-nos mais capacidade de escolher agir. Portanto, cabe a nós conquistar o livre-arbítrio e aperfeiçoá-lo.
Durante este processo se faz normal o cometimento de erros, que nos devem gerar ensinamentos. Mas partir da escolha de fugir para a culpa, esquecendo-se de que somos aprendizes, nos faz cair.
São longas e pesadas quedas que nos deixam profundamente machucados. Como não acontecer se acreditamos possuir toda capacidade de ser? Pensemos no Pai que age corretamente com seus filhos.
Como ele se comportaria diante de um dos seus pupilos que ainda não se desenvolveu completamente? Deixá-lo-ia sair pela vida, sem observação e proteção?
Não pelo fato de respeitá-lo como individuo, como espírito em fase de crescimento, que Ele o abandonaria a sua própria condução. Bom Pai como é, o envolve em amor e orientação.
Envia-lhe a professores, pois deseja que ele tenha a melhor educação, pois não há crescimento sem o conhecer. E como conhecer sem o experienciar? Por isso permite que sigam, que busquem a independência.
Nascemos crianças, dependente de pais que devem nos fornecer as primeiras orientações, depois partimos para escolas e rodeados de outras pessoas, nos desenvolvemos cada vez mais.
Então, partimos em busca de novos horizontes, novos aprendizados. Trabalhamos, construímos nossas famílias, tornamo-nos pais. O exercício do aprender se faz em todas as etapas da vida: da infância a velhice.
Cada fase com suas peculiaridades, impulsionando-nos para determinados conhecimentos que se tornam mais acessíveis, quando mais amadurecemos. O mesmo ocorre quando espíritos errantes, encarnando e utilizando a vida como aprendizado.
Cada reencarnação é como se fosse fases da vida. Porém, não acontece da mesma forma para todos. Porque somos únicos, individuais, para somente depois, evoluídos, tornemos um com o Pai.
É preciso aprender individualmente, conquistando nossas capacidades de ser, para, quando completos, nos unirmos ao outro e a Deus. Por isso, vivemos em comunidade. O coletivo é a forma de vivenciarmos o que nos acontecerá no futuro.
A caminhada diária ao lado do outro, nos permitirá viver em plena harmonia. As fontes externas de amor apoiam-nos, estimula-nos, à medida que aprendemos juntos, como iguais, cada um no seu grau de desenvolvimento. Cada um com sua aptidão. Cada qual contribuindo com o coletivo com o seu ser e fazer. Perceberam como é farto este assunto?
Por isso, retornei a ele para novas elucubrações. Pensar sobre ele, sem recorrer ao Pai é impossível. Aliás, todos os assuntos só se fazem pertinentes, quando olhamos para o Pai e compreendemos seus desejos e desígnios. Ao compreendermos seus feitos, refletimos melhor sobre o que somos e como estamos posicionados em nosso viver.
Lembro-me da última vida terrena. Quando duvidava de Suas leis de justiça. Quando acreditava ter feito Seus filhos diferentes: um menor que o outro, um mais forte e mais belo do que o outo, um menos capaz do que o outro. Questionava: como pode dar poder a uns de subjugar o outro?
Atirava-lhe todas as responsabilidades. Hoje, um pouco mais consciente, percebo as asneiras que pronunciava. Percebo quão justo é o Pai, e como sabe o que faz. E quão pequeninos nós somos, de não perceber as maravilhas do que ele faz e a justiça do que ele determina.
Desejo, agora, mais cuidadoso comigo, pois se lembrem da minha tentativa de reduzir-me, e, portanto, mais cuidadoso com o Pai, compartilhar o que tenho aprendido e tentado absorver.
Não sei se acontece o mesmo com vocês, mas demoro a, verdadeiramente, absorver o que aprendi. Digo: utilizar todo o conhecer moral adquirido a duras penas, por ser tão imaturo ainda.
Mas sinto-me diferente, maior em meu jeito de ser. Maior no sentido de haver crescido, apenas uns dedinhos, na parede de meu pai terreno. Ele o fazia a cada ano, a cada aniversário, para que percebêssemos, concretamente, que precisávamos amadurecer.
O mesmo tenho feito interiormente. Tenho medido o meu desenvolver moral, para que concretamente possa observar, amorosamente, o meu processo continuo de evolução.
Não o meço ansioso para chegar ao fim do caminho, pois sei que o caminho é longo, e este ato só me atrapalharia. Meço para encorajar-me. Para que me trate com respeito, compreendendo meus limites e, ao visualizar meus avanços, sentir-me capaz de ser e utilizar cada vez mais meu livre-arbítrio.
Deixo-os com a fala de meu cuidador:
- Como crer no Pai, sem crer em si mesmo? Uma vez que está no Pai e nele em você.
Confiem e sigam.
Gregório.
18.09.12