UM DIA DE PRIMAVERA

02/08/2015 19:15

O Momentos de Luz adianta um pouco o tempo para propor vivermos a primavera um pouco mais cedo.

Levada como um sentimento interno, o poeta nos convida, pela primavera, a trazer vida, sem adeus nem despedida, somente vontade de viver.

Que tenhamos uma semana de primavera.

 

 

UM DIA DE PRIMAVERA

 

Naquele dia que sorria a primavera

Minha vida construída na tapera

As andorinhas passeando pelo ar.

Na sombra debaixo de meu carvalho

Que o sol atravessava com seus raios

E a neblina no baile como um mar.

 

Deixava que os raios me aquecessem

E a malta da casa me esquecesse

Para ver os passarinhos revoar.

Traziam materiais para seus canteiros

E cosiam como nobres costureiros

Os seus ninhos para mais tarde procriar

 

As abelhas passeando pelas flores

Recolher pólen, atraídas pelas cores

Eram beijos de amor de espantar.

Uns zuniam e os outros gorjeavam

Harmonias da vida que encantavam

À doçura infantil do meu olhar.

 

As gotinhas dos restos do inverno

Pareciam, dos Céus, lágrima terna

Como chamando a vida adormecida.

As gramíneas já fizeram seus tapetes

Abraçando o chão com seus corpetes

Como se fora moçoila sem vestido.

 

As flores da primavera despertadas

Coloriam o mundo, salpicadas

Cada uma plantada num torrão.

Soltavam aos pouco suas pétalas

Mantendo formosura de estetas

Semeando arco-íris pelo chão.

 

As borboletas imitando passarinhos

Batendo suas assas nos caminhos

Em busca do néctar de uma flor.

Enfeitavam os mais bonitos canteiros

As matas densas de silvas e olmeiros

Espalhando sua graça e seu vigor.

 

A primavera reinventava novas vidas

As fragrâncias exaladas pelas divas

Da natureza de duendes e gnomos.

Era um mundo de cores e perfumes

Aquecido pelo sol ardendo em lumes

A mandar calor por todo cosmos.

 

A magia tomou conta do meu mundo

Embriagando o coração de amor fecundo

Enchendo o pensamento de ilusão.

De tanta vida que é fecundada na terra

As belezas que eu via desde a serra

Harmonia de orquestra em formação.

 

Ao longe o murmurar do ribeirinho

O piar após nascer dos passarinhos

Na casa construída no laranjal.

O desfile dos coelhos junto à estrada

Pelo céu do entardecer em revoada

Lavadeiras despedem o dia que se vai.

 

Vai chegando o cúmplice universo

Trazendo as estrelas em meus versos

E a lua que é dama da paixão.

A imensidão se transforma em pintura

E a lua desfilando quase nua

Orvalhando lagrimas da solidão.

 

Pelo Valle tocava orquestra estranha

A raposa reclamando na montanha

Como um choro de dor no coração.

A brisa uivava na floresta

Despertada sem querer da sua sesta

Era um mundo repleto de emoção.

 

Para mim tudo envolta era vida

Que não tinha adeus nem despedida

Somente vontade de viver.

Eram forças da terra em movimento

Que às vezes o homem desatento

Sofria, por não as compreender.

 

ACA

 

 

 

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